a imagem mostra aspectos da cultura nordestina. Há três pessoas com chapéus de couro, os três tocam flautas

Cultura do Nordeste do Brasil: resistência e muito samba no pé

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A cultura do nordeste brasileiro é formada por muita resistência e samba no pé. Quando falamos no nordeste pensamos na culinária, nas festas, no gênero musical... O que seria do nordeste sem sua cultura tão diversificada? A cultura nordestina tem sua origem constituída por elementos da cultura africana, indígena e europeia.

Nesse texto você irá descobrir algumas curiosidades sobre a cultura nordestina que você, provavelmente, já ouviu falar, mas, talvez, não saiba a sua história. Quer saber mais? Então continue a leitura que a Politize! irá te contar!

Apresentação do Olodum no centro histórico da cidade de Salvador: o Pelourinho. Imagem: Unsplash

Origens

A cultura nordestina é constituída por elementos da cultura africana, indígena e europeia. Isso se deu por causa do cenário de escravidão que se iniciou no ano de 1535, quando o primeiro navio com negros escravizados chegou a Salvador, estado da Bahia. Antes disso, os povos indígenas já povoavam o território brasileiro sendo os primeiros a serem escravizados.

O começo da história para justificar essa diversidade na cultura do território brasileiro não deve ser romantizada. Apesar da diversidade ser algo a se admirar, não podemos esquecer como teve início. como Martin Luther King dizia: “Não se honra cultura comemorando o genocídio!”.

Devemos conhecer o passado que o nordeste carrega com respeito e orgulho da resistência que ele traz na história e na cultura.

Jovem negro em manifestação BLM. Imagem: Unsplash

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Festas x Religião

Muitas festas que acontecem no nordeste tem um viés religioso, tanto para religiões de matriz africana, quanto a cristã, vocês vão ler um pouco sobre as duas mais populares a seguir.

Festa Junina

A manifestação cultural mais popular do nordeste. Celebrada no mês de junho e conhecida pelas roupas características da época: camiseta quadriculada com calça jeans e vestido de chita.

As comidas típicas como milho, coco são muito comuns, a canjica, bolo de milho, amendoim, pipoca, milho assado e muitos outros pratos são populares nessa época.

O gênero musical comum é o forró, usado, principalmente, nas apresentações de quadrilha. As ruas também são enfeitadas, geralmente, por bandeirolas e balões, além disso há queima de fogos de artifício. Esta celebração faz homenagem a 3 santos católicos: Santo Antônio, São João e São Pedro.

Festa de Iemanjá

Essa festa celebra um orixá das religiões de matrizes africanas como candomblé e umbanda, acontece no dia 2 de fevereiro e é acompanhada de muitos admiradores e fiéis, as pessoas vestem branco e saem em barcos com muitas flores e presentes para Iemanjá.

Essa tradição começou após uma redução dos peixes na Vila dos Pescadores, eles pediram ao orixá o retorno dos peixes e se reuniram para lhe oferecerem presentes para que ela os abençoasse. Isso se tornou tão popular, que a tradição se espalhou para outros lugares do Brasil.

Imagem de santa católico. Imagem: Unsplash

Olê, Olê, Capoeira!

Uma mistura de luta, dança e música! Criada pelos negros escravizados como forma de resistência as violências nos quais eram submetidos. O que difere a capoeira de outras artes marciais é o uso da música, é acompanhada por instrumentos musicais como o berimbau, atabaques, agogô, além das palmas e pessoas cantando.

Na Bahia é reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade, mas somente em 2014, a sua prática já chegou a ser proibida no Brasil até 1937, bem recente, né? Nesse ano ela passou a ser vista como um símbolo da identidade brasileira.

A capoeira não é só uma dança. Antigamente, para os praticantes não levantarem suspeitas sobre a prática, eles misturavam os golpes com elementos musicais e coreográficos. Dessa forma, mantinham em segredo seu real significado e função, pode ser notado em muitas músicas de capoeira fragmentos da história do Brasil.

Dendê na cultura e no estômago

A culinária nordestina é bem variada, é destacada pelos temperos fortes e comidas apimentadas. Um ingrediente muito comum é o azeite de dendê, coletado do dendezeiro, originário do continente africano. Ele está em muitos pratos como vatapá, moqueca, e o famoso acarajé, considerado Patrimônio Imaterial.

Além desses pratos, muitos outros são tradicionais no nordeste como tapioca, baião de dois, munguzá, a paçoca, rapadura, buchada de bode, canjica, sarapatel, o caruru.

A receita é originária dos povos indígenas, mas foi adaptado pelos negros que foram escravizados nos engenhos e se tornou um dos pratos que são servidos aos orixás, e muitos outros!

Música, literatura e artesanato

No dia 02 de agosto foi determinado como o dia da cultura nordestina. Essa data é marcada pela morte de uma grande personalidade nordestina, Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, foi um dos cantores mais influentes para a música popular brasileira, nascido no sertão de Pernambuco.

Por mais que o samba de roda seja o ritmo mais conhecido, não é o único do nordeste, podemos destacar o forró, axé, xaxado, o frevo, uma dança marcante no carnaval pernambucano e muitos outros.

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A literatura do nordeste é marcada pela literatura popular de cordel que veio com os portugueses, e consiste na elaboração de pequenos livros escritos em prosa ou verso.

A literatura nordestina é muito importante para o cenário literário brasileiro, personalidades como Jorge Amado, Gregório de Matos, Clarice Lispector e Graciliano Ramos, entre outros, constituem a literatura do nordeste.

No artesanato podemos identificar muitos itens decorativos, confeccionados em diferentes materiais como a cerâmica, madeira, rendas e entre outras e essa é a principal fonte de renda de muitos comerciantes no território nordestino.

Amém! Axé!

Assim como em outros aspectos da cultura nordestina, a religião também sofreu influências dos povos que estiveram em seu território. Apesar de ser majoritariamente católico, outras religiões como o evangelho, o candomblé e a umbanda também são cultuadas.

Durante séculos foi proibido culto aos orixás, fazendo necessário que os praticantes fizessem um sincretismo religioso, tendo que associar os orixás aos santos católicos. Os orixás pertencem a corrente afro-brasileira, sendo cultuados nas religiões como Umbanda e Candomblé.

Os orixás representam as forças da natureza e seus fenômenos, cada um tem suas personalidades e desejos. No livro de Pierre Verger, “Lendas africanas dos orixás”, diz que: acredita-se que cada homem e mulher descende de um orixá, do qual é herdado o caráter, aptidões, desejos e até a aparência física. No livro também diz que antigamente os orixás eram homens e se tornaram orixás por conta dos seus poderes.

O catolicismo tem fortes nomes na história do nordeste como Irmã Dulce, Padre Cícero e Maria Araújo, conhecidos por espalhar muito amor e caridade.

Quando se trata de religião, é importante lembrarmos que não existe religião ruim, mas podem existir pessoas ruins em todas as religiões, lembrem-se todos têm o direito a Liberdade Religiosa.

É necessário que estejamos abertos a aprender e, principalmente, a desaprender sobre tudo que nos é imposto na sociedade, e isso é imprescindível quando se trata de algo ruim sobre algo ou alguém. Intolerância religiosa é crime.

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Duas pessoas com vestimentas características de religiões de matrizes africanas. Imagem: Unsplash

Conclusão

O nordeste brasileiro como porta de entrada para os portugueses no início da colonização, já teve a sua história marcada por muitas crueldades que refletem na sociedade até os dias atuais, mas a sua resiliência o fez ressurgir e se transformar.

Na literatura, na música, danças e festas, a história está sendo reescrita, por isso devemos ter respeito e solidariedade às diversas culturas. A cultura molda o indivíduo, quem é, de onde veio e o que ele será no futuro, como diz Antônio Lobo Antunes: “A cultura é o terror dos ditadores! Um povo que lê, nunca será um povo de escravos.”

E aí? Você conhecia alguma dessas curiosidades sobre a cultura do nordeste do Brasil? Conhecia a história de alguma delas? Conte para nós nos comentários!

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Conteúdo escrito por:
Meu nome é Giovanna, sou graduanda em comunicação social – jornalismo. Baiana, nascida e criada, resido na cidade de Salvador, e talvez, por influência de uma cidade tão rica culturalmente, eu sou apaixonada por estudos socioculturais e históricos. Aprender mais sobre a cultura brasileira é um prazer imenso, e poder atuar na educação política do nosso país, juntamente com a equipe incrível da Politize, é mais que um prazer, é um privilégio!

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02 maio. 2024

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