imagem das 5 bandeiras que originalmente compõem o BRICS

O que é a cúpula do BRICS?

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Nas últimas décadas, a chamada cúpula do BRICS deixou de ser um encontro técnico entre economias emergentes para se tornar uma das reuniões mais observadas do cenário político e econômico internacional. Mas afinal, o que é essa cúpula, quem faz parte do grupo, e por que ela se tornou tão relevante?

Este artigo explica o que são os BRICS, como funciona sua principal reunião anual, quais são seus objetivos estratégicos e qual o impacto das decisões do grupo para o futuro da ordem global.

O que é a cúpula do BRICS?

A cúpula do BRICS é o encontro anual entre os chefes de Estado e de governo dos países membros do grupo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, sigla que desde 2011 passou a ser BRICS (com S final, após a adesão da África do Sul).

Essas reuniões ocorrem desde 2009, de forma rotativa entre os países, com o objetivo de discutir pautas estratégicas relacionadas à economia global, segurança, desenvolvimento sustentável, comércio internacional, política externa e, mais recentemente, temas como inteligência artificial, transição energética e multipolaridade no sistema internacional.

Com a criação do chamado BRICS+, o grupo passou a incluir também países como Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito e Etiópia, o que ampliou seu alcance e influência geopolítica.

Lideranças dos países presentes na reunião da cúpula do BRICS.
Imagem: Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil.

Como o BRICS surgiu?

Ao contrário de muitos blocos internacionais, o BRICS não nasceu de uma negociação diplomática, mas sim de uma análise econômica. Em 2001, o economista Jim O’Neill, do banco Goldman Sachs, cunhou a sigla BRIC para se referir a quatro países com alto potencial de crescimento: Brasil, Rússia, Índia e China.

A ideia era simples, mas ousada: essas economias emergentes iriam, nas décadas seguintes, alterar a balança de poder econômico mundial. Em 2006, os ministros das Relações Exteriores dos quatro países se reuniram pela primeira vez de forma informal, e em 2009 ocorreu a primeira cúpula oficial, na cidade russa de Ecaterimburgo.

Com a entrada da África do Sul em 2011, o grupo ganhou mais representatividade global, especialmente no continente africano.

O que é discutido nas cúpulas do BRICS?

Durante a cúpula do BRICS, os líderes apresentam seus posicionamentos sobre diversos temas de interesse global. A pauta não é fixa, mas costuma incluir:

  • Reformas no sistema financeiro internacional, como maior representatividade nos órgãos multilaterais (FMI, Banco Mundial e ONU);
  • Desdolarização: estímulo ao uso de moedas locais no comércio exterior entre os membros;
  • Segurança alimentar e energética;
  • Iniciativas de desenvolvimento sustentável e infraestrutura;
  • Criação e expansão do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como “banco do BRICS”;
  • Parcerias tecnológicas e científicas;
  • Cooperação em temas geopolíticos sensíveis, como conflitos regionais e sanções internacionais.

Quais foram os principais marcos das cúpulas?

Desde 2009, as cúpulas do BRICS têm evoluído. Veja alguns marcos importantes:

  • 2014 – Fortaleza (Brasil): criação oficial do Novo Banco de Desenvolvimento e do Acordo de Reservas de Contingência (CRA), que permite auxílio mútuo em crises financeiras;
  • 2018 – Joanesburgo (África do Sul): ênfase na cooperação em ciência e tecnologia e na redução da dependência do dólar em transações bilaterais;
  • 2023 – Johannesburgo novamente: início da expansão oficial do grupo, com a adesão de novos países e fortalecimento da agenda de desdolarização;
  • 2024 – Cúpula mais recente: o BRICS superou, pela primeira vez, o PIB do G7 medido por paridade de poder de compra (PPC), consolidando sua força econômica global.

O que é o Novo Banco de Desenvolvimento?

O NDB, criado durante a cúpula de Fortaleza, foi uma das maiores conquistas institucionais do BRICS. Com sede em Xangai, o banco financia projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável não apenas nos países membros, mas também em outras nações em desenvolvimento.

Diferente do FMI ou do Banco Mundial, o NDB prioriza a autonomia dos países de destino e evita condicionalidades políticas. Em 2023, a ex-presidente Dilma Rousseff assumiu a presidência da instituição, reforçando o protagonismo brasileiro no bloco.

Qual é a força dos BRICS hoje?

Atualmente, o BRICS representa:

  • Mais de 40% da população mundial;
  • Cerca de 37% do PIB global (em PPC);
  • Crescentes fluxos de investimento estrangeiro direto;
  • Grande parte das exportações de petróleo, gás e commodities agrícolas e minerais.

A China é o principal motor econômico do grupo, seguida pela Índia. O Brasil tem papel central nas pautas ambientais e de segurança alimentar, enquanto Rússia e África do Sul colaboram com energia, tecnologia e diplomacia regional.

A entrada de países como Arábia Saudita e Irã fortaleceu o grupo no mercado energético, desafiando o domínio ocidental nesse setor.

Veja também: Entenda o que é o Estreito de Ormuz

A cúpula do BRICS é uma ameaça ao G7?

A comparação entre o BRICS e o G7, grupo que reúne as sete maiores economias desenvolvidas (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá), tornou-se inevitável.

Em 2024, o FMI confirmou que, em termos de paridade de poder de compra, o BRICS já ultrapassava o G7 em participação no PIB mundial. No entanto, em termos de influência diplomática, estabilidade institucional e domínio de moedas globais, o G7 ainda lidera.

Apesar disso, o BRICS é visto por muitos especialistas como o motor de uma transição para um mundo multipolar, em que nenhuma potência domina sozinha os rumos do planeta.

Quais são os desafios do BRICS?

Apesar da força econômica, o BRICS enfrenta desafios internos que impactam as decisões tomadas nas cúpulas:

  • Diversidade política: o grupo inclui democracias como Brasil e Índia, mas também regimes autoritários como Rússia e China, o que dificulta consensos;
  • Conflitos entre membros: a tensão na fronteira entre China e Índia (2020) e a guerra da Rússia na Ucrânia (2022) geraram desconfortos internos;
  • Falta de institucionalidade: ao contrário da União Europeia, o BRICS não tem uma estrutura supranacional ou moeda comum, o que limita sua integração.
  • Desconfiança do Ocidente: o apoio indireto da Rússia por parte dos BRICS em votações na ONU reforça o discurso de antagonismo com os EUA e Europa.

Qual o futuro das cúpulas do BRICS?

A cúpula do BRICS tende a ganhar ainda mais protagonismo nos próximos anos, à medida que o bloco avança em sua agenda de autonomia estratégica. A aposta em moedas locais, o fortalecimento de instituições próprias e a atração de novos membros indicam que o grupo seguirá sendo um dos principais atores da nova ordem mundial em construção.

Mais do que rivalizar com o G7, o BRICS parece interessado em redefinir as regras do jogo global, dando mais espaço ao Sul Global, às economias emergentes e às visões alternativas à hegemonia ocidental.

E aí, já conhecia os detalhes por trás da cúpula do BRICS? Deixe suas dúvidas e opiniões nos comentários!

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Conteúdo escrito por:

Layane Henrique

Faço parte da equipe de conteúdo da Politize!. Cientista social pela UFRRJ, pesquisadora na área de Pensamento Social Brasileiro, carioca e apaixonada pelo carnaval.
Henrique, Layane. O que é a cúpula do BRICS?. Politize!, 4 de julho, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/cupula-do-brics/.
Acesso em: 4 de jul, 2025.

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