Quem é Joe Biden? Conheça o ex-presidente dos EUA

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Para entender a trajetória de Joe Biden, 46º presidente dos Estados Unidos, é preciso analisar sua longa atuação no Senado, a parceria com Barack Obama como vice-presidente e os desafios enfrentados durante sua presidência. 

Neste texto, vamos conhecer os principais momentos da vida pessoal e política de Joe Biden, suas conquistas, polêmicas e o cenário que levou à sua decisão de não buscar a reeleição em 2024. Acompanhe a leitura!

Como foi a infância e a formação de Joe Biden?

Joseph Robinette Biden Jr. nasceu em 20 de novembro de 1942 na cidade industrial de Scranton, Pennsylvania, durante o contexto da Segunda Guerra Mundial. É o primogênito de Catherine Eugenia “Jean” Finnegan Biden e Joseph Robinette Biden Sr., uma família de origem irlandesa-católica. 

Durante a infância, Biden enfrentou um gaguejar intenso. As dificuldades na comunicação resultaram em bullying e isolamento social. Sem grandes recursos para tratamento eficaz, Biden decidiu combater o problema sozinho, treinando discursos em frente ao espelho, observando os movimentos labiais e memorizando poemas para controlar sua fala. 

Após o ensino médio, Biden matriculou-se na Universidade de Delaware, onde cursou Ciências Políticas e História, e se formou em 1965. Durante o curso, trabalhou como salva-vidas em uma piscina pública, onde foi o único salva-vidas branco em um grupo formado majoritariamente por estudantes afro-americanos. 

Imagem de Joe Biden mais novo.
Joe Biden. Imagem: Folha.

Essa experiência ampliou sua consciência social, ao testemunhar diferenças raciais e as discriminações que os negros americanos enfrentavam.

Em 1964, durante um período de férias, conheceu Neilia Hunter, com quem se casou em 1966. Logo ingressou na faculdade de Direito, obtendo seu diploma em 1968. 

Após a formatura, trabalhou inicialmente em um escritório de advocacia corporativo, mas migrou para a defesa pública, atendendo principalmente clientes afro-americanos da região de Wilmington, demonstrando seu interesse pela justiça social.

Vida pessoal de Biden

Casado com Neilia, o casal teve três filhos: Joseph “Beau” Biden III (1969), Hunter Biden (1970) e Naomi (1971).

Em 1972, após vencer a eleição para o Senado dos EUA, com apenas 29 anos, Neilia e a filha recém-nascida Naomi foram mortas em um acidente automobilístico, e os filhos Beau e Hunter ficaram gravemente feridos. Ele tomou posse como senador diretamente no hospital.

Em 1977, Biden casou-se com Jill Jacobs, uma educadora que se tornaria uma das primeiras-damas mais ativas da história americana. O casal teve uma filha, Ashley, em 1981.

Em 2015, seu filho mais velho Beau morreu aos 46 anos, vítima de câncer cerebral. Beau havia sido procurador-geral do estado de Delaware. Por esse motivo, Joe Biden decidiu não concorrer à presidência em 2016.

Como Joe Biden iniciou sua carreira política?

Logo após se formar em Direito, Biden ingressou na política local, sendo eleito em 1970 para o Conselho do Condado de New Castle, Delaware. Dois anos depois, derrotou o então senador J. Caleb Boggs, republicano popular e com ampla experiência, apesar de Biden ser um jovem político de 29 anos.

Biden venceu por uma margem apertada, menos de 3.000 votos, em uma eleição com mais de 200 mil votos totais. Em seu discurso de vitória, destacou a dignidade do adversário derrotado, já demonstrando sua postura política amena, que refletiria ao longo dos anos.

Durante sua posse, que ocorreu em 1973, Biden assumiu o compromisso público, iniciando sua longa trajetória no Senado, que duraria 36 anos.

Trajetória no Senado

Durante sua extensa carreira no Senado, Joe Biden destacou-se pela liderança em comitês de grande influência, especialmente o Comitê Judiciário e o Comitê de Relações Exteriores

No campo legislativo, Biden foi autor principal da Lei de Violência Contra a Mulher, sancionada em 1994, que representou avanço significativo na proteção contra crimes sexuais e domésticos. 

Ele também esteve presente no Violent Crime Control and Law Enforcement Act, também de 1994, que endureceu leis penais e expandiu o encarceramento, ação que posteriormente foi alvo de críticas por suas consequências sociais negativas, especialmente para minorias.

No âmbito das relações exteriores, Biden presidiu o Comitê de Relações Exteriores por 11 anos. Defensor da intervenção dos EUA na crise dos Balcãs nos anos 1990, votou contra a Guerra do Golfo de 1991 por entender que o peso da coalizão recaía demais sobre os EUA. 

Após o 11 de setembro de 2001, votou favoravelmente à invasão do Iraque em 2003, justificando com base em informações falsas sobre armas de destruição em massa, e posteriormente admitiu ter cometido um erro. 

Além disso, Biden liderou a criação do cargo de “czar das drogas” para coordenar políticas antidrogas.

Vice-presidência de Joe Biden junto a Barack Obama

Em 2008, Barack Obama escolheu Biden como seu candidato a vice-presidente, valorizando sua experiência legislativa, habilidades diplomáticas e capacidade de atrair eleitores da classe trabalhadora branca, especialmente em estados decisivos como Ohio e Pensilvânia. 

Biden lançou sua primeira candidatura à presidência em 1987, mas abandonou a disputa após acusações de plágio em seus discursos, quando utilizou trechos do político britânico Neil Kinnock sem a devida citação.

Barack Obama à esquerda, Joe Biden à direita. Imagem: Politico.

Vinte anos depois, em 2007, tentou novamente a corrida presidencial, mas desistiu após fraco desempenho nas primárias.

A chapa Obama-Biden venceu as eleições contra John McCain e Sarah Palin, e foi reeleita em 2012 contra Mitt Romney e Paul Ryan.

Durante os oito anos como vice-presidente, Biden teve papel ativo, sendo conselheiro-chave de Obama, especialmente em políticas de recuperação econômica pós-crise de 2008, saúde, política externa e combate à violência doméstica. 

Biden participou de missões diplomáticas e militares no Iraque e no Afeganistão, contribuindo para a formulação da estratégia americana nesses países. Ele também liderou o programa “Cancer Moonshot” para acelerar pesquisas e tratamentos contra o câncer.

Campanha presidencial de 2020 e vitória contra Donald Trump

Após um período fora da disputa presidencial, marcado pela morte de seu filho Beau e a ascensão do governo Trump, Biden anunciou sua candidatura em abril de 2019

No início da corrida, enfrentou concorrência acirrada e desempenho irregular, mas ganhou força após vitória decisiva nas primárias da Carolina do Sul, impulsionada pelo apoio de eleitores afro-americanos.

A pandemia de COVID-19 transformou a campanha, limitando eventos presenciais e destacando diferenças nas abordagens de saúde pública entre Biden e Trump. Biden adotou uma postura mais cautelosa e seguiu recomendações científicas, contrastando com o comportamento do presidente republicano.

Em agosto de 2020, escolheu Kamala Harris como vice-presidente. A eleição, realizada em novembro, teve recorde de participação e atraso na apuração devido ao voto pelo correio em razão da pandemia.

Biden venceu com 306 votos no Colégio Eleitoral contra 232 de Trump, e conquistou mais de sete milhões de votos populares. Trump contestou o resultado com acusações de fraude, culminando no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Biden e Harris foram oficialmente empossados em 20 de janeiro de 2021. 

Quais foram os primeiros passos, políticas e desafios da presidência de Joe Biden?

No início do mandato, Biden enfrentou uma conjuntura complexa: crise sanitária, econômica e política. Aproveitando o controle do Congresso pelo Partido Democrata, o presidente implementou uma série de medidas para conter a pandemia e estimular a recuperação econômica.

Veja também: 4 pontos fundamentais para entender os partidos nos EUA

Entre as primeiras ações, destaca-se a reintegração dos EUA ao Acordo de Paris sobre o clima e a retomada da participação na Organização Mundial da Saúde

Em março de 2021, foi aprovado o American Rescue Plan, pacote de US$ 1,9 trilhão que incluiu auxílios financeiros diretos a famílias, ampliação do crédito tributário infantil, auxílio a governos estaduais e locais, investimentos em testagem e vacinação, e ajuda a pequenas empresas.

Biden promoveu também o Bipartisan Infrastructure Law, um investimento significativo em infraestrutura nacional, focado na reconstrução de estradas, pontes, expansão do acesso à internet de alta velocidade e modernização dos sistemas de água. 

Em 2022, o Inflation Reduction Act, maior investimento federal em combate às mudanças climáticas, destinou recursos para energias limpas, redução do custo de medicamentos e aumento da arrecadação via impostos mínimos para grandes corporações.

Na esfera judicial, Biden indicou mais de 240 juízes federais, sendo Ketanji Brown Jackson a primeira mulher negra a integrar a Suprema Corte dos EUA, nomeada em 2022. Essa diversidade marcou um dos legados da sua administração.

Internacionalmente, a retirada das tropas americanas do Afeganistão em 2021, embora planejada, foi marcada por uma evacuação caótica e colapso do governo afegão, provocando críticas intensas e preocupações sobre a segurança dos civis sob o regime Talibã.

Com a invasão russa da Ucrânia em 2022, Biden liderou sanções severas contra Moscou e aprovou pacotes bilionários para auxílio militar e humanitário a Kiev. No Oriente Médio, apoiou Israel durante o conflito com o Hamas em 2023-2024, mesmo enfrentando críticas pela continuidade da assistência militar e pela resposta a uma crise humanitária na Faixa de Gaza.

Veja também nosso vídeo sobre o conflito entre Israel e Palestina!

Por que Joe Biden enfrentou críticas e perda de popularidade durante seu mandato?

Apesar das conquistas legislativas e diplomáticas, Biden enfrentou desgaste político e queda na popularidade, influenciada por vários fatores.

A inflação elevada, provocada por distúrbios na cadeia de suprimentos e aumento dos gastos públicos durante a pandemia de Covid-19, causou aumento do custo de vida, afetando diretamente os americanos e reduzindo a aprovação popular do presidente, que chegou a 39% em 2023, um dos índices mais baixos para presidentes em terceiro ano de mandato.

Saiba mais: Inflação: você entende o que ela significa?

Tentativas de cancelamento da dívida estudantil, propostas para aliviar a carga financeira de milhões de americanos, foram barradas pela Suprema Corte em 2023, frustrando uma de suas promessas de campanha.

Além disso, a gestão da retirada do Afeganistão e a condução do conflito Israel-Hamas foram pontos de crítica, inclusive entre membros do próprio Partido Democrata, o que impactou sua base eleitoral.

Esses aspectos contribuíram para uma imagem de liderança fragilizada e geraram dúvidas sobre a capacidade física e mental de Biden para cumprir um segundo mandato.

Campanha para a reeleição em 2024 

Em abril de 2023, Biden anunciou sua candidatura para um segundo mandato presidencial. No entanto, pesquisas eleitorais mostravam crescente competitividade de Donald Trump e preocupações no Partido Democrata quanto à idade e à saúde do presidente.

Em junho de 2024, Biden teve desempenho ruim em debate televisionado contra Trump, sendo percebido como frágil e confuso, o que gerou um coro de vozes democratas e da mídia para que desistisse da corrida. 

Donald Trump e Biden em debate.
Donald Trump à esquerda, Joe Biden à direita. Imagem: Valor Econômico.

Biden tentou resistir, mas com o passar do tempo e mesmo após um atentado frustrado contra Trump, anunciou em julho sua retirada oficial da disputa, apoiando a então vice-presidente Kamala Harris para a indicação do partido.

Essa decisão tornou Biden o primeiro presidente desde Lyndon B. Johnson, em 1968, a não buscar a reeleição. Harris, apesar de popular entre os democratas, perdeu a eleição para Trump, em uma disputa acirrada.

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Conteúdo escrito por:

Júlia Christina Gírio Gonçalves

Faço parte da equipe de conteúdo da Politize!.
Gonçalves, Júlia. Quem é Joe Biden? Conheça o ex-presidente dos EUA. Politize!, 23 de maio, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/joe-biden/.
Acesso em: 23 de mai, 2025.

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