O que são mudanças climáticas?

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Greve global pelo clima em setembro de 2019 na Alemanha.

Se você tem o costume de acompanhar notícias ou ainda está na escola, provavelmente já ouviu falar de termos como mudanças climáticas, aquecimento global e efeito estufa.

Tais questões ambientais já causam impactos no meio ambiente e, no futuro, podem provocar catástrofes com potencial para acabar com a vida na Terra como conhecemos.

Mas o que significam esses termos e qual a relação entre eles? Será que são sinônimos? E qual o papel do ser humano nessas questões? Vamos entender!

Veja também nosso vídeo sobre ecocapitalismo!

Efeito estufa e aquecimento global

A partir do final do século 18, a partir da Revolução Industrial, a produção fabril começou a crescer rapidamente. O número de  fábricas multiplicou e o consumo de bens materiais cresceu, como o uso de automóveis, por exemplo.

Na época, as principais atividades eram movidas pela queima de combustíveis fósseis, como carbono, gás e petróleo –  essa queima de combustíveis é responsável pela emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Assim, desde então, de acordo com a World Wide Fund for Nature (WWF), as emissões de CO2 aumentaram em 34%.

Já no século 19, havia a consciência de que o dióxido de carbono acumulado na atmosfera poderia criar um “efeito estufa”. Além do CO2, o processo físico também é causado por gases como o metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) que, ao convergirem na atmosfera, provocam uma proteção especial contra os raios solares nocivos. 

Assim, a Terra consegue manter a sua temperatura média global, que hoje varia entre 14ºC e 15ºC, ou seja, esse fenômeno é também natural e garante a existência da vida na Terra.

Afinal, se não houvesse essa proteção, os raios solares iriam refletir na superfície do planeta e retornar ao espaço, reduzindo a temperatura média para aproximadamente – 18ºC, ou seja: nada de vida por aqui.

No entanto, o aumento da emissão de gases desde a Revolução Industrial causou o espessamento da camada, formada pelo efeito estufa, retendo mais calor na Terra.

Portanto, o grande problema não é o fenômeno natural, mas sim o agravamento dele. O efeito estufa agravado, por sua vez, causa o aquecimento global, isto é, o aumento da temperatura da atmosfera terrestre e dos oceanos.

Hoje, a concentração de CO2 na atmosfera supera os valores registrados nos últimos 20 milhões de anos. Segundo a WWF, se o crescimento demográfico e o consumo energético mantiverem os níveis atuais, baseando o seu funcionamento na utilização de combustíveis fósseis, a situação irá piorar consideravelmente: antes de 2050 as concentrações de dióxido de carbono terão duplicado em relação às registradas antes da Revolução Industrial.

E o que são mudanças climáticas?

Qual é, então, a diferença entre aquecimento global e mudanças climáticas? Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica, instituição científica que integra o Departamento de Comércio dos Estados Unidos, o aquecimento global diz respeito apenas ao aumento da temperatura média superficial da Terra.

Já as mudanças climáticas incluem esse aquecimento e todos os “efeitos colaterais” que ele causa, como derretimento das geleiras, tempestades intensas e seca mais frequente.

Além disso, as mudanças climáticas englobam tanto as alterações causadas pela natureza, quanto pelo homem. Essas alterações ocorrem naturalmente, por exemplo, por mudanças na radiação solar e nos movimentos orbitais da Terra.

O aquecimento global, por outro lado, normalmente se refere somente às interferências causadas pelo ser humano.

Leia mais: Energia Renovável: por que é importante para a política?

Quais são as consequências das mudanças climáticas?

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), as décadas a partir de 1990 foram as mais quentes dos últimos 1.000 anos. Nos próximos 100 anos, poderá  haver um aumento da temperatura global média entre 1,8ºC e 4,0ºC. Parece pouco, mas os impactos que tal variação poderá causar são graves.

Além disso, o nível do mar poderá se elevar entre 0,18m e 0,59m, o que pode afetar significativamente as atividades humanas e os ecossistemas terrestres.

Consequências que já se tornaram realidade

Na Europa, uma onda de calor no verão de 2003 resultou em mais de 30 mil mortes. Já na Índia, em 2015, as temperaturas chegaram a 48ºC e também provocaram milhares de mortes.

Se o planeta continuar esquentando, a tendência é que as ondas intensas de calor continuem ocorrendo e até se agravem.

Eventos extremos, como tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, secas, nevascas, furacões, tornados e tsunamis devem se tornar mais frequentes, podendo ocasionar a extinção de espécies de animais e plantas.

Em 2005, por exemplo, a ferocidade do furacão Katrina nos Estados Unidos foi atribuída, em grande parte, à elevada temperatura das águas no Golfo do México.

As mudanças climáticas também podem causar alterações na superfície terrestre, provocando a mutação de terrenos. Em 2008, 160 km² de território se separaram da Costa Antártica e derreteram.

O derretimento de calotas polares e o aumento do nível do mar podem ocasionar o desaparecimento de ilhas e cidades litorâneas densamente povoadas.

Todas essas consequências podem, ainda, ameaçar a segurança alimentar no planeta. O aumento de apenas 1ºC na temperatura média da Terra poderá danificar especialmente plantações de milho e arroz nos trópicos, alerta o International Panel on Climate Change. Além disso, ainda poderá ocorrer a extinção de algumas espécies.

Como o ser humano contribui para as mudanças climáticas?

Para 378 cientistas membros da National Academy of Sciences dos Estados Unidos (NAS), corporação de ciência, engenharia e medicina, os seres humanos são responsáveis pelas mudanças climáticas. Em 2016, eles publicaram uma carta aberta na qual dizem o seguinte:

“A mudança climática causada pelo homem não é crença, farsa ou conspiração. É uma realidade física[…] Combustíveis fósseis alimentaram a Revolução Industrial. Mas a queima de petróleo, carvão e gás também causou a maior parte do aumento histórico em níveis atmosféricos de gases do efeito estufa que retêm calor. Este aumento de gases do efeito estufa está mudando o clima da terra”.

Como mencionado, a queima de combustíveis fósseis é uma das principais atividades humanas que contribuem para as mudanças climáticas. Entretanto, outros fatores, como a agropecuária, desmatamento, o descarte de resíduos sólidos e a conversão do uso do solo (transformando a vegetação natural para fazer pasto, por exemplo) também estão diretamente relacionados ao aumento da temperatura do planeta e suas consequências. 

Todas essas atividades emitem grande quantidade de CO2 e de gases formadores do efeito estufa.

O Brasil é, infelizmente, um dos líderes mundiais em emissões de gases do efeito estufa. No nosso país, elas são causadas, sobretudo, pela conversão do uso do solo e pelo desmatamento. Isso ocorre porque as áreas de florestas e os ecossistemas naturais são grandes reservatórios e sumidouros de dióxido de carbono, tendo assim grande capacidade de absorver e estocar esse gás.

As emissões dos gases do efeito estufa pela agropecuária e geração de energia também vêm aumentando consideravelmente nos últimos anos por aqui, além disso, quando ocorre o desmatamento ou um incêndio florestal, o carbono é liberado para a atmosfera.

O Acordo de Paris e a tentativa de combate às mudanças do clima

A carta publicada pelos 378 cientistas queria chamar atenção para o Acordo de Paris, este é o tratado mais recente e importante sobre o tema. Assinado em 22 de abril de 2016 na Assembleia das Nações Unidas, seu objetivo é conduzir um processo para diminuir significativamente a emissão de gases causadores do efeito estufa. 

Além disso, estabelece um objetivo importante: manter o teto do aquecimento global abaixo de 2ºC, preferencialmente abaixo de 1,5ºC.

Naquela data, 175 países assinaram o acordo, incluindo o Brasil. Até 2017, 195 países tinham assinado o acordo e 147 ratificaram, o que significa que se comprometem a colocar em prática as alterações sugeridas pelo acordo. Entretanto, em 2020, o total de signatários cai para 194, uma vez que os Estados Unidos notifica sua saída.

Os países signatários devem, obrigatoriamente, monitorar e reportar suas emissões de gases. Mas fica a cargo de cada nação estabelecer suas próprias metas, atualizando-as a cada cinco anos.

Outro acordo bastante importante foi o Protocolo de Kyoto, firmado em 1997 durante a 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Ele também foi criado com o objetivo de reduzir a emissão de gases poluentes responsáveis pelo aquecimento global. 

No caso do Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos teriam maior responsabilidade na redução de emissões, já que contribuíram com mais de 150 anos de atividade industrial que elevaram a emissão de gases.

Para que cumprissem o objetivo, teriam de reduzir de forma drástica as emissões, o que poderia diminuir o crescimento econômico. Os Estados Unidos, por exemplo, assinaram o acordo, mas não o ratificaram.

O país norte-americano, inclusive, se retirou do Acordo de Paris em 2017 sob o mandato do presidente Donald Trump. Ele alegou que foi eleito para governar os cidadãos dos Estados Unidos, o que faz parte da sua política chamada “America First”.

Sua decisão foi amplamente criticada por líderes políticos, empresários e ambientalistas do mundo todo – afinal, os Estados Unidos se manteve durante décadas como o maior emissor de gases de efeito estufa, como aponta o World Resources Institute.

Leia mais: Lixão a céu aberto: o impacto dos resíduos sólidos no Brasil

Mudanças climáticas: há quem discorde

Uma das motivações de Trump para ter deixado o Acordo de Paris é o questionamento sobre a veracidade do aquecimento global. O ex-presidente já o questionou pelo Twitter, por exemplo – atitude que foi bastante rechaçada por cientistas.

Assim como Donald Trump, há quem duvide do aquecimento global. Os motivos são diversos. Para o ex-presidente dos Estados Unidos, por exemplo, não há evidências reais da sua existência.

As diversas evidências divulgadas seriam criadas, segundo ele, para influenciar a opinião pública e prejudicar a economia de países como os EUA.

Outro argumento utilizado por cientistas e estudiosos que discordam que o aquecimento global é um fenômenos não natural e prejudicial para o planeta é de que o aquecimento global não seria causado pelo gás carbônico e pela ação humana, mas sim pela própria radiação solar. O sol tem ciclos, nos quais sua variação de energia pode ser máxima ou mínima. Tal radiação seria responsável por aquecer ou esfriar o planeta.

Assim como o sol tem ciclos, o clima da Terra também. O planeta já passou por diversos momentos, como a Era Glacial e períodos de temperatura média mais elevada. As novas mudanças climáticas seriam, assim, uma consequência natural dos ciclos do planeta.

Há, ainda, quem não acredite na ciência ou questione as evidências, pois ainda há discordâncias entre os cientistas sobre as causas e possíveis impactos das mudanças climáticas.

No documentário “A grande farsa do aquecimento global”, produzido em 2007, o diretor Martin Durkin realizou uma série de entrevistas com economistas, cientistas, políticos e outros céticos para traçar a ideia de que o consenso científico atual sobre o aquecimento global tem muitas falhas.

De acordo com as conclusões exibidas no filme, a construção das mudanças climáticas seria motivada por interesses econômicos e políticos, como a promoção da energia solar e eólica na África em vez de combustíveis fósseis, impedindo o desenvolvimento do continente.

Contudo, esse pensamento ainda é minoria no cenário científico, pois, segundo a NASA, há 97% de consenso entre a comunidade científica sobre as mudanças climáticas e os impactos causados pelo homem.

Leia mais: A preocupação com o futuro do planeta e a COP 21

Medidas que os governos devem adotar para conter os efeitos das mudanças climáticas

O desenvolvimento de políticas públicas é essencial para que catástrofes, fruto de eventos naturais, não ocorram. A COP26, conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), que ocorreu em 2021 na Escócia, foi apresentada com a última oportunidade de limitar o aquecimento global a  1,5 °C.

Quase 200 países participaram da conferência da ONU ao longo de duas semanas e, ao fim, assinaram um acordo que visa buscar garantir o cumprimento da meta: limitar o aquecimento global a 1,5ºC.

Para alcançar esta meta, é preciso praticar algumas ações. Veja algumas das práticas que os países precisam adotar para enfrentar as mudanças climáticas:

  • Manter os combustíveis fósseis no solo: a queima de combustíveis fósseis na atmosfera é o que retém calor e eleva a temperatura global, por isso, deve-se evitar este procedimento;
  • Reduzir as emissões de metano: um relatório da ONU mostra que a queima de gás natural durante a extração de petróleo e existem soluções técnicas que podem alterar esse processo;
  • Mudar para energia renovável: gerar eletricidade e calor contribui ainda mais para emissões globais, porém transformar o sistema global de energia em uma tecnologia limpa, pode ser fundamental para atingir os objetivos climáticos; 
  • Abandonar a gasolina e o diesel: cientistas estudam combustíveis novos e mais limpos para aeronaves, além disso, combustíveis de hidrogênio, produzidos a partir de energia renovável, poderiam ser utilizados por caminhões e ônibus.
  • Plantar mais árvores: as florestas atuam de forma eficaz na absorção de CO2 do ar, por isso, programas de plantio em massa de árvores são considerados como uma forma forma de compensar as emissões de CO2.
  • Remover os gases de efeito estufa do ar: tem sido estudado a possibilidade de criar tecnologia para remover artificialmente o CO2 da atmosfera ou, pelo menos, impedir que ele seja liberado. Entretanto, essa é uma tecnologia cara e vista, por críticos, como controversa, pois ajudaria a perpetuar a dependência dos combustíveis fósseis;
  • Ajudar financeiramente os países mais pobres: especialistas afirmam que países mais pobres precisam de apoio financeiro contínuo para conseguir avançar na meta de adquirir energias mais verdes. Portanto, a proposta é que países  mais ricos destinem ajuda financeira a países em desenvolvimento.

O que achou desse texto sobre mudanças climáticas? Conseguiu entender? Deixe seu comentário!

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Conteúdo escrito por:
Formada em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero com um pé nas ciências sociais. Trabalha como repórter, redatora e produtora de TV, além de atuar como voluntária na ONG Fly Educação e Cultura e redatora voluntária no Politize! É apaixonada por geopolítica, música e viagens e aspirante à poliglota.

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25 abr. 2024

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