Duas mãos adultas segurando uma mão de uma criança

Parentalidade: a base para o desenvolvimento integral da criança

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A parentalidade nada mais é do que a relação entre aqueles que cuidam, educam e compõem o núcleo familiar de uma criança. Você já pensou em quão diversa ela pode ser, além da composição de pais e mães biológicos?

Quantas crianças você conhece que foram ou são criadas por uma tia, um avô, uma madrinha, que, para além da rede de apoio, cumprem com todas as responsabilidades relacionadas a elas?

No dicionário, a parentalidade é definida como “característica de parental, do que se relaciona com as pessoas que cuidam de uma criança ou assumem este papel legalmente, podendo ser os pais, em conjunto ou separadamente”. Ou ainda como “estado ou condição de quem se assume como pai ou mãe de uma criança: responsabilidades parentais.”.

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Ela envolve cuidar, proteger, educar e apoiar o desenvolvimento físico, emocional, social e cognitivo das crianças.

Além dos genitores, a parentalidade também engloba as novas configurações familiares, como as famílias constituídas por processos de adoção, casais homossexuais ou filhos concebidos por diferentes métodos ou advindos de relacionamentos anteriores. Vamos conhecer mais sobre o assunto?

Ilustração de várias pessoas, incluindo crianças e adultos, compondo diferentes configurações familiares. Imagem: Freepik.
Imagem: Freepik.

Tipos de parentalidade

De acordo com conceitos da psicologia, a parentalidade pode ser dividida em quatro tipos: autoritária, democrática, permissiva e negligente.

  • Parentalidade autoritária: Esse tipo é composto por muitas regras e cobranças por obediência. É comum a desvalorização e não validação da fala da criança ou do adolescente e o uso de castigos e punições.
  • Parentalidade democrática: Neste padrão, há regras e controles mais flexíveis. As conversas são mais democráticas, com o reconhecimento do ponto de vista das crianças e dos adolescentes, mas ainda assim prevalece a opinião do adulto durante as divergências.
  • Parentalidade permissiva: Aqui, os adultos fazem poucas exigências e permitem que seus filhos expressem livremente seus sentimentos e impulsos. Raramente exercem controle firme sobre seus comportamentos.
  • Parentalidade negligente: Nesse tipo não há regras nem exigências. Também não há uma escuta verdadeira e sincera sobre os interesses da criança, atendendo apenas às necessidades vitais básicas.

Ainda sobre esse estudo de Weber L. N. D., Prado P. M., Viezzer A. P. & Brandenburg O. J. (2004), as crianças educadas no estilo democrático apresentaram melhores notas na escola e mais inteligência emocional quando adolescentes e adultos. Já as criadas nos outros tipos parentais apresentaram mais descontrole, agressividade, baixo desempenho escolar e vícios.

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A primeira infância, que vai de zero a seis anos, é uma fase rica em experiências e descobertas para expandir o potencial da criança. Compreender a relevância deste período é o primeiro passo para assegurar a ela um desenvolvimento saudável e pleno.

Pensando nisso, a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, com apoio da Porticus América Latina e produção da Split Studio, produziu um material bem didático, a série “O que é essa tal de parentalidade?” (2022).

Se quiser saber com qual tipo de parentalidade você mais se aproxima, tente observar como você lida durante a rotina diária e, se tiver uma criança com mais de seis anos, pergunte como ela compreende e percebe você.

Aspectos da parentalidade

Muitas famílias ainda utilizam métodos ultrapassados, violentos e nada educativos com seus filhos, como tapas, palmadas e abuso psicológico. Essas práticas representam fatores de risco para o desenvolvimento das crianças.

De acordo com o Art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), “é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”.

Sendo assim, a parentalidade abrange aspectos relacionados a todas as esferas, como manter uma comunicação eficaz, usando técnicas de comunicação não-violenta, entre pais e filhos para um desenvolvimento saudável. Assim como o apoio emocional, que é fundamental para construir uma base sólida para a autoestima e o bem-estar das crianças.

Além disso, a educação e a disciplina apropriadas são necessárias para ensinar valores e responsabilidades. A parentalidade também exige tempo de qualidade e envolvimento ativo na vida das crianças, contribuindo para a construção de laços familiares fortes.

É possível substituir práticas negativas por positivas por meio de programas de parentalidade para auxiliar a quebrar ciclos intergeracionais de violência. A psicóloga Elisa Rachel Pisani Altafim recomendou, no Nexo Jornal, algumas publicações recentes para entender os benefícios de programas de parentalidade no desenvolvimento das crianças.

Descrição da imagem: Ilustração de uma família LGBT, composta por dois homens adultos e duas crianças, compartilhando muito carinho e atenção.
Imagem: Freepik.

Outras abordagens possíveis e leis sobre parentalidade

Especialistas em psicologia e desenvolvimento infantil têm refletido sobre a parentalidade e enfatizado a importância de uma abordagem equilibrada, na qual os pais estabelecem limites claros, mas também demonstram afeto e compreensão.

A promoção da resiliência nas crianças permite que enfrentem desafios e aprendam com os erros. Além disso, a comunicação aberta e o apoio emocional são vistos como elementos cruciais para o desenvolvimento saudável das crianças.

Além das abordagens tradicionais, existem outras perspectivas emergentes na parentalidade. A parentalidade consciente, por exemplo, incentiva os pais a estarem no momento presente com seus filhos, praticando a atenção plena e a compaixão. A parentalidade LGBTQ+ destaca as experiências únicas de pais que fazem parte dessa comunidade.

A parentalidade positiva concentra-se em reforçar o bom comportamento e construir relacionamentos saudáveis, em vez de focar apenas na disciplina. Inclusive, a Câmara aprovou recentemente um projeto (Nº 2861/23) de incentivo ao direito da criança a brincar, uma proposta que fortalece a parentalidade positiva.

Há muitas outras teorias e abordagens possíveis, como o slow parenting ou a criação neurocompatível. Cada uma delas traz perspectivas valiosas para enriquecer a parentalidade contemporânea.

Você sabia que existe o Dia Nacional de Conscientização sobre a Paternidade Responsável? Ele é comemorado no dia 14 de agosto e foi instituído pela Lei nº 14.623/2023, em 17 de julho de 2022, para que seja refletido sobre os deveres e obrigações, de ordem social, material, moral e afetiva, no sentido de fortalecer os vínculos familiares.

Na Lei, está descrito que “a paternidade responsável importa no dever de cuidados, que não se resume à assistência material (pagamento de alimentos), mas também conviver, educar, orientar, participar da vida e crescimento dos filhos”. Isso reforça ainda mais a ideia de que a parentalidade vai muito além da questão geracional.

E aqui entra a importância da licença parental (Projeto de Lei 1.974/2021), principalmente nos casos de casais homoafetivos, quando um dos dois precisa assumir um papel de cuidador principal. Os pais ou cuidadores secundários têm direito a apenas cinco dias de licença-paternidade ou parental.

Então, o projeto propõe que todas as pessoas com vínculo socioafetivo e responsabilidade em relação a uma criança ou adolescente possuem o direito da licença, independentemente de seu gênero.

A parentalidade é um conceito amplo e vital que abrange a criação e o cuidado das crianças. Os diferentes tipos de parentalidade refletem as abordagens individuais dos pais, enquanto os aspectos-chave incluem comunicação, apoio emocional e educação.

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Ter consciência do estilo de criação que tivemos e de como exercemos nossa própria parentalidade já é um passo importante. Ao compreender e explorar esses aspectos da parentalidade, os pais podem se tornar modelos mais eficazes e construir relacionamentos mais saudáveis com seus filhos, contribuindo para uma sociedade mais forte e resiliente.

Deu para compreender melhor sobre a importância da parentalidade no desenvolvimento infantil? Se este conteúdo faz sentido para você, compartilhe com alguém que também gostaria de ler e deixe um comentário dizendo o que achou.

Referências:
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2 comentários em “Parentalidade: a base para o desenvolvimento integral da criança”

  1. Tereza Edvania Pinheiro Onofre

    Texto esclarecedor que oferece mais atenção nos deveres e direitos das crianças.
    Parabéns Evelyn Onofre Lóssio e obrigada por contribuir aos responsáveis pela criação dos seus filhos ou parentes. Muito orgulho de você.
    Excelente visão para um mundo melhor.

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Conteúdo escrito por:
Cearense, nascida em Fortaleza e criada no Cariri. Graduada em jornalismo pela UFC. Apaixonada por comunicação política, psicologia e por expandir a mente através do conhecimento.
Lóssio, Evelyn. Parentalidade: a base para o desenvolvimento integral da criança. Politize!, 25 de janeiro, 2024
Disponível em: https://www.politize.com.br/parentalidade/.
Acesso em: 13 de dez, 2024.

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