Abstenção nas eleições: histórico, dados e consequências

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Imagino que nas eleições de 2022, você tenha ouvido falar sobre o crescimento da taxa de abstenção, certo? Isso porque nas eleições dos anos anteriores – 2018, 2020 e 2022 – houve um crescimento desse índice, ou seja, menos pessoas foram às urnas escolher os seus representantes.

Tanto a pandemia quanto o aumento da violência política foram motivos que levaram ao crescimento dessa taxa. Além disso, sse cenário pode ser observado não só no Brasil, mas também em outros países como França e Portugal.

Neste conteúdo, a Politize! te apresenta dados sobre a ausência de eleitores nas últimas eleições, possíveis motivos para o aumento desse índice e suas consequências.

Veja também nosso vídeo sobre as eleições de 2018!

O que é abstenção eleitoral?

No Brasil, o voto é uma obrigação legal atribuída àqueles com idade superior a 18 anos, sendo facultativo aos analfabetos e às pessoas com idade entre 16 e 18 anos ou superior a 70 anos.

A taxa de abstenção corresponde ao número de eleitores que, tendo o direito ao voto, não comparecem às zonas eleitorais. É importante lembrar, aqui, que votos brancos e nulos não são contabilizados como abstenção, já que, para escolher uma dessas opções, deve-se comparecer à urna.

O voto é a forma mais popular de participação política em um país democrático. É por meio dele que os cidadãos legitimam aqueles que os representam em um governo e, por isso, uma alta taxa de abstenção é fator preocupante que deve ser analisado com afinco.

Leia mais: O poder emana do povo? Conheça a democracia representativa

Histórico de abstenção

As primeiras eleições gerais após a redemocratização foram realizadas em 1989. Na época, a taxa de abstenção foi muito baixa (11,9%) e continuou baixa na eleição posterior. O número aumentou em 1998, com um índice de 21,5%, maior taxa registrada até 2023.

Nos anos seguintes, as taxas baixaram e voltaram a ter alta somente em 2010. Veja abaixo um gráfico que ilustra a evolução da taxa de abstenção desde o ano de 1989 até 2022:

Imagem: elaboração própria com base em dados do G1 e Agência Senado.

Números nas eleições

Em 2018, ano em que os dois principais candidatos à presidência eram Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (na época, do PSL), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou uma taxa de abstenção de 20,3% dos eleitores no primeiro turno.

Esse número significa que 30 milhões de brasileiros não compareceram às urnas – número superior à população de países como Austrália e Venezuela.

Em 2020, ano de eleições municipais, já era esperado que a taxa fosse alta em razão da pandemia de Covid-19. Nos anos anteriores, a abstenção não passavam de 17% no primeiro turno e 21% no segundo.

Mantendo as expectativas, a taxa foi superior aos números registrados anteriormente, chegando a 23,1% de ausência no primeiro turno das eleições e quase 30% no segundo. Esses são números surpreendentes em um país no qual o voto é obrigatório, né?!

Já nas eleições gerais de 2022, em comparação com a eleição de quatro anos antes, o número seguiu em alta. Foi registrada, no primeiro turno, abstenção de 20,9% do total de eleitores, isto é, duas milhões de pessoas a mais do que em 2018.

Veja também nosso vídeo sobre eleições!

Quem mais se abstém?

O Brasil é um país com dimensões continentais e grande diversidade de culturas em suas cinco regiões. Apesar disso, os números de abstenção em cada região não diferem tanto.

Em 2022 e nos cinco anos anteriores, as taxas observadas dentre as regiões oscilaram entre 17% e pouco mais de 21%, o que representa uma variação de apenas 4%.

Segundo dados do TSE, a região Sudeste foi a que apresentou maior número de abstenções. Já o Sul e o Nordeste foram as regiões em que mais pessoas foram votar, ou seja, que o índice de abstenção foi menor.

Além disso, nas eleições presidenciais, as votações que ocorrem no exterior para computar os votos dos brasileiros que residem fora do Brasil registraram altos números de abstenções, seguindo o padrão. Em 2018, o índice foi de quase 60% e, em 2022, de 56%.

Fatores socioeconômicos

Além dos dados geográficos, vale observar alguns fatores socioeconômicos que podem definir quem se absteve de votar. Segundo dados coletados pelo TSE, escolarização, renda e idade são fatores decisivos para a taxa de abstenção!

No primeiro turno de 2022, 55% das pessoas que se abstiveram de votar estudaram apenas até o Ensino Fundamental. Isso mostra uma relação entre escolarização e os índices de comparecimento às eleições.

Observou-se, paralelamente, que a abstenção também é maior entre as faixas de população mais pobres. Isso ocorre devido à dificuldade de acesso a locais de votação e a problemas de infraestrutura.

Quanto à faixa etária, os jovens constituíram o grupo que mais se absteve. Em 2022, eleitores entre 21 e 24 anos obtiveram o maior índice com 23,39% de ausência.

Além disso, os dados também demonstram que os homens votam menos que as mulheres. Nas três últimas eleições, a taxa de homens que faltou às urnas foi, em média, 2% maior que a taxa de mulheres.

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Particularidades de 2022

Em 2022, a abstenção foi muito discutida, pois foi considerada um ponto decisivo para a escolha do candidato à presidência. Pesquisas divulgadas antes da eleição indicavam que a diferença de votos entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) seria muito pequena. Assim, ambos buscavam convencer os indecisos e pessoas que poderiam se abster a comparecerem às zonas eleitorais.

Além disso, os casos de violência política que tomaram o país nos meses anteriores à eleição incutiram medo na população.

Em setembro daquele ano, uma pesquisa realizada pelo Datafolha revelou que 40% da população acreditava na possibilidade de ocorrências de violência nos dias de votação. Além disso, 9% afirmou que poderia deixar de votar por medo de ser vítima de violência.

Outra pesquisa, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública ao Datafolha, observou que as pessoas com mais medo de sofrer qualquer tipo de agressão por posições políticas ou partidárias eram as mulheres (71,8%), a população negra (73%) e os eleitores das classes mais baixas (71,5%).

Consequências de um alto número de abstenção

Abstenções não anulam eleições e nem prejudicam a contabilidade de votos recebidos por um candidato. No entanto, os dados mostram que a abstenção é maior entre a população que já é normalmente marginalizada.

A falta de envolvimento político dessa parcela da população provoca um desequilíbrio na democracia. Isso resulta na representação exclusiva dos interesses de um grupo, em detrimento dos interesses de outro. Isso, sem dúvidas, prejudica a natureza de um regime democrático.

Portanto, é muito importante observar com atenção o aumento do número de abstenções, bem como entender quais motivos levam pessoas que já estão à margem da sociedade a se ausentarem nas urnas. Só assim será possível pensar em maneiras de impedir que a taxa de abstenção continue em ascensão.

E aí, ficou com alguma dúvida em relação aos dados sobre a abstenção eleitoral? Deixe suas dúvidas e opiniões nos comentários!

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Conteúdo escrito por:
Brasileira, estudante de jornalismo na Universidade Estadual de Londrina. Sou apaixonada por escrever e me comunicar e interessada em política e economia.

Abstenção nas eleições: histórico, dados e consequências

29 abr. 2024

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