Bolsa Família: o que é, como funciona e calendário de pagamento

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O Bolsa Família é um dos principais programas assistenciais brasileiros. Hoje, o programa atende mais de 13 milhões de famílias brasileiras. Apesar disso, é ainda um tema de grande disputa no debate político.

Neste conteúdo, a Politize! te explica o que você precisa saber sobre o Bolsa Família e te atualiza sobre o calendário de pagamentos de 2025.

Calendário de pagamentos do Bolsa Família em 2025

O pagamento do Bolsa Família é realizado de acordo com o número do NIS do beneficiário. As datas de pagamento são programadas ao longo de cada mês e podem ser consultadas ao início de todo ano. Assim, as famílias podem organizar suas despesas de maneira eficiente.

O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, divulgou o calendário de pagamentos de 2025, que pode ser consultado abaixo:

Calendário de pagamento do Bolsa Família 2025.
Calendário de pagamento do Bolsa Família 2025. Imagem: Gov.Br.

O que é o Bolsa Família?

O Bolsa Família é um programa de transferência condicional de renda. Basicamente, os beneficiários recebem um auxílio mensal em dinheiro do governo, cumprindo, em contrapartida, diversas regras. 

Os objetivos do programa são combater a fome, promover a segurança alimentar, combater a pobreza e promover o acesso a serviços públicos de famílias em condição de extrema pobreza.

Qual é o valor do Bolsa Família?

Os valores atuais são de, no mínimo, R$ 600 por família. Há também os adicionais de:

  • R$ 150 por criança de até 6 anos;
  • R$ 50 por gestantes e crianças e adolescentes de 7 a 17 anos;
  • R$ 50 por bebê de até seis meses.

Inicialmente, o alvo do programa eram famílias consideradas pobres (renda mensal por pessoa de R$ 77 a R$ 154) e extremamente pobres (renda mensal por pessoa inferior a R$ 77). 

O valor do benefício variava de R$ 77 a mais de um salário mínimo, dependendo do grau de pobreza e da quantidade de crianças na família. O valor médio de uma bolsa era de R$ 170.

Quais são as regras para receber o Bolsa Família?

A partir das mudanças adotadas em 2023, passaram a ter direito quem atender os seguintes critérios:

  • Ter renda familiar máxima por pessoa de R$ 218,00 por mês;
  • Não receber nenhum benefício previdenciário que ultrapasse a renda máxima determinada pela regra;
  • Estar inscrito e estar com os dados atualizados no Cadastro Único (CadÚnico);
  • O responsável familiar inscrito deve ter mais de 16 anos;
  • E não é permitido ter CNPJ aberto vinculado ao titular.

Para aderir ao programa, é preciso que as famílias beneficiárias cumpram os seguintes requisitos:

  • As crianças e os adolescentes entre 6 e 17 anos devem frequentar a escola;
  • Acompanhamento da saúde de gestantes e mulheres que estiverem amamentando;
  • As crianças devem ter a vacinação em dia.

Essas regras não se alteraram com as mudanças adotadas em 2023. 

O programa é coordenado exclusivamente pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Essa centralização da coordenação em um ministério é considerado um avanço, já que antes cada benefício social era de responsabilidade de um ministério diferente.

Bolsa Família
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado.

Quem criou o programa?

Essa é uma questão controversa, afinal a autoria do programa interessa aos maiores partidos do país. O Bolsa Família é o resultado de medidas tomadas em dois governos diferentes. 

Primeiro, o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Durante sua gestão, FHC criou quatro programas sociais. Eram eles: Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio-Gás e o Cartão Alimentação. O Bolsa Escola, aliás, foi uma ideia primeiramente implementada por Cristovam Buarque, quando ainda era governador do Distrito Federal.

Com a chegada de Lula à presidência, foi criado mais um programa social, chamado de Programa Nacional de Acesso à Alimentação (PNAA), em 2003. Mas ele não fez só isso: também unificou o PNAA aos demais criados durante a gestão de Fernando Henrique. 

Assim, o Bolsa Família é um programa social de transferência direta de renda, que unificou quatro programas da gestão FHC com um programa de Lula.

Veja também nosso vídeo sobre o governo FHC!

No governo Dilma, o programa foi vinculado ao Brasil sem Miséria, que oferece oportunidades de qualificação aos beneficiários, como cursos profissionalizantes, programas de assistência à produção rural, entre outros. Desde 2011, o Brasil sem Miséria retirou 22 milhões da extrema pobreza, segundo o MDS.

E o Auxílio Brasil, é a mesma coisa?

O Auxílio Brasil foi criado em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro, para substituir o Bolsa Família, que seria extinto. O foco também seria em famílias em situação financeira de estado de pobreza. 

Dessa forma, quem já recebia o Bolsa Família, passou a receber automaticamente o Auxílio Brasil, desde que estivesse cadastrado no Cadastro Único, requisito obrigatório para ambos os benefícios.

No entanto, com o fim do governo de Bolsonaro, o Programa Auxílio Brasil foi substituído pelo Programa Bolsa Família, em março de 2023.

Saiba mais: Auxílio Brasil? Saiba tudo sobre o programa social!

Como se cadastrar para receber o Bolsa Família?

Para fazer parte do grupo de beneficiários do programa é necessário fazer o cadastro de forma presencial no CRAS mais próximo a sua residência, pois assim seus dados serão inseridos no Portal do Governo. 

Em caso de qualquer mudança em seus dados, como endereço, renda familiar, nascimento ou óbito de algum membro do núcleo familiar, o CRAS deve ser notificado para atualizar os dados cadastrados.

Os documentos obrigatórios para o cadastro são:

  • RG e CPF de toda a família;
  • Carteira de vacinação do menor de idade;
  • Comprovante de residência;
  • Carteira de trabalho de todos os membros familiares;
  • Certidão de nascimento.

Como é feito o pagamento?

O saque pode ser feito em caixa eletrônico com cartão do Bolsa Família, casas lotéricas, agências da Caixa Econômica Federal ou por meio de depósito no Caixa Tem.

Além do saque, o cartão também pode ser usado para realizar pagamentos em estabelecimentos comerciais que aceitem transações via débito.

Para aqueles que não possuem o Cartão do Bolsa Família, o saque pode ser feito diretamente nas lotéricas ou agências da Caixa. Nesses casos, deve ser apresentado, obrigatoriamente, um documento oficial com foto, como RG, CNH ou carteira de trabalho. 

Os principais resultados do Bolsa Família

Em seus anos de existência, o Bolsa Família, em suas diversas formas e implementações, tem alcançado resultados expressivos e está relacionado à melhoria da qualidade de vida das camadas mais carentes da população. 

Em 2018, o programa beneficiou cerca de 14 milhões de famílias em todo o país. Entre 2001 e 2015, o Bolsa Família respondeu por 10% da redução da desigualdade no país, segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). 

Ainda segundo dados do IPEA, em 2019, foi constatado o resultado positivo do programa ao tirar as famílias da situação de pobreza e pobreza extrema, cerca de 3,4 milhões de pessoas foram impactadas pelos resultados do Bolsa Família.

Em relação à segurança alimentar, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) citou o Bolsa Família como um dos fatores mais importantes para que o Brasil saísse do Mapa da Fome no ano de 2014. Além disso, o programa também esteve relacionado à queda de 65% da mortalidade infantil por desnutrição.

O programa também ostenta indicadores que contradizem algumas das críticas existentes. Índices de fecundidade entre as faixas de renda mais pobres caíram rapidamente nos últimos dez anos, apesar da crença disseminada de que as famílias atendidas seriam incentivadas a ter mais filhos. 

Além disso, segundo o Censo de 2010, 74,5% dos beneficiários do programa estão trabalhando – a maioria exercendo atividades precárias. Os resultados dos indicadores de ocupação, informalidade e procura por emprego também são muito semelhantes entre beneficiários e não beneficiários.Com os dados de 2018, estima-se que o Bolsa Família mantém 13,5 milhões de crianças e jovens nas escolas. Como se pode ver no gráfico abaixo, crianças e adolescentes de 0 a 17 anos são a maioria dos beneficiários.

Bolsa Família

Veja também: o que são cotas raciais?

O programa também impactou positivamente o PIB, causando efeito multiplicador. O que significa dizer que cada R$ 1 gasto com o Bolsa Família foi revertido em um impacto de R$ 1,78 no PIB. Dentre os programas de transferência de renda, o Bolsa Família foi o que apresentou o maior efeito multiplicador, sendo de 1,78, seguido do BPC (1,19), seguro-desemprego (1,06) e abono salarial (1,06).

Críticas ao programa

Apesar dos resultados expressivos, o Bolsa Família é um dos programas mais criticados do governo federal. As maiores críticas vêm de pessoas que não concordam com políticas assistenciais mantidas pelo governo. 

Os beneficiários de programas como o Bolsa Família, segundo os críticos, como o vereador Tarcísio Jardim, se tornam dependentes da ajuda governamental e não abrem mão do recurso mesmo quando surgem oportunidades reais de melhoria de vida. 

Essa dependência, para eles, é ruim e o ideal seria que as pessoas fossem absorvidas quanto antes pelo mercado de trabalho formal.

Outra crítica, feita sobretudo pela oposição aos governos do PT, é que o programa tem sido usado com propósitos eleitorais. Ao atrelar o benefício à imagem do governante em exercício, seria mais fácil para tal governante garantir para si ou para seu sucessor os votos dos beneficiários. 

Isso seria comprovado pelo fato de que o PT teve grande vantagem de votos nas regiões com mais participantes do programa. Hoje em dia é difícil encontrar partidos que se oponham totalmente à existência do programa, mas muitos sugerem torná-lo um direito constitucional e, portanto, uma política permanente de Estado, a fim de superar as controvérsias eleitorais.

Além dessas controvérsias, muitos ainda contestam a eficiência do programa. O benefício estaria sendo concedido a muitas famílias que não precisam  de auxílio financeiro, o que seria um desperdício. 

Um dos maiores estudiosos de pobreza e desigualdade no país, o diretor do FGV Social, Marcelo Neri, afirma que a fixação do valor mínimo, a criação de um problema estrutural, que estimula os beneficiários do programa a distorcerem os dados cadastrais.

Ademais, o programa não estaria fazendo grande diferença na qualidade da educação das crianças. O fato de elas frequentarem mais a escola não significa, segundo estes críticos, que elas estejam aprendendo mais, ou melhor.

Governos que tentaram alterar o Bolsa Família

Como dissemos, em 2021, Jair Bolsonaro alterou o nome do programa para Auxílio Brasil, alterou os valores inicialmente para R$ 400, depois sendo R$ 600. Além disso, em 2022, o então presidente sancionou uma medida provisória que autorizava a concessão de empréstimo consignado aos beneficiários do programa.

No entanto, a concessão dos empréstimos foi suspensa pela Caixa Econômica Federal em janeiro de 2023, após a posse do novo presidente do banco.

Outro presidente que mexeu nas regras do benefício foi Michel Temer. Quando assumiu a presidência, em maio de 2016, havia receio de que programas sociais como o Bolsa Família sofressem cortes. 

Por existir esse temor, o presidente veio a público afirmar que os programas sociais não seriam cortados em seu governo. Por outro lado, o governo sempre partilhou da visão de que o Bolsa Família precisaria passar por melhorias.

O então ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, prometeu um “pente fino” para analisar todas as informações do Cadastro Único do Bolsa Família. 

O Cadastro Único é a maneira como o governo tem acesso às informações dos beneficiários, que contém cerca de 100 questões. A principal alegação para a realização do “pente fino” é que as informações desse cadastro não são usadas integralmente hoje em dia.

Essa fiscalização dos beneficiários resultou, até novembro de 2016, em 469 mil cancelamentos e outras 667 mil suspensões de benefícios.

A informação mais relevante na hora de definir se a pessoa pode receber o benefício é a renda autodeclarada. Ou seja, o governo se baseia na renda que uma pessoa declara receber.

Com uma revisão detalhada dos dados do Cadastro Único seria possível remover pessoas que não se enquadram nos critérios do programa e gerar uma economia substancial, que seria reinvestida para as camadas da população que realmente precisam do benefício.

E aí, conseguiu entender como funciona o Bolsa Família? Compartilha com a gente nos comentários!

Publicado oficialmente em 30/05/2016, atualizado em 12/02/2025.

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Conteúdo escrito por:

Matheus Saioron

Estudante de Relações Internacionais no Ibmec-RJ.
Saioron, Matheus. Bolsa Família: o que é, como funciona e calendário de pagamento. Politize!, 12 de fevereiro, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/bolsa-familia-como-funciona/.
Acesso em: 17 de fev, 2025.

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