5 ações práticas da ONU no Brasil

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5 ações práticas da ONU no Brasil - Politize!
Símbolo da Organização das Nações Unidas. Foto: WikiCommons

Quando pensamos em ONU, conseguimos relacioná-la ao Brasil? A Organização das Nações Unidas, ao contrário do que muitos podem pensar, está bastante presente na realidade brasileira, realizando projetos e campanhas no país. Vamos conhecer 5 campanhas da ONU no Brasil?

1) CRIANÇA ESPERANÇA

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Mais de um terço dos adolescentes no país vivem em situação de pobreza – são 38%, número superior aos 29% da população em geral. A 1ª Pesquisa Censitária Nacional sobre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua revelou que havia quase 24 mil crianças e adolescentes vivendo nas ruas: 71,8% do sexo masculino e um quarto deles com menos de 11 anos de idade (dados de março de 2011).

Fora isso, 2,1 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 15 anos estavam em situação de trabalho infantil, de acordo com a última pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Em 2008, dos 12,5 mil casos de violência sexual, mais da metade envolvia crianças e adolescentes de 7 a 14 anos – sendo mais exatos, foram 8.674 casos. Como se pode perceber, o Estatuto da Criança e do Adolescentecriado em 1990 – apresentou uma fase de implementação com numerosos desafios e uma situação bastante complexa no país.

Entenda: ajuda humanitária é solidariedade ou indústria da pobreza?

O que é o Criança Esperança?

O Criança Esperança é um projeto que visa atender crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. É realizado há 30 anos pela ONU, por meio da Unicef, em parceria com a TV Globo. A campanha tem projetos que ela mesma realiza em suas sedes no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Pernambuco. Fora isso, presta assistência e apoia diversos projetos sociais: em 30 anos de existência, 5 mil projetos foram atingidos. Hoje, são 62 projetos apoiados pelo Criança Esperança, em todas as regiões brasileiras.

Por que o Criança Esperança foi criado?

No contexto de redemocratização do país, em meados de 1980, não havia muitas garantias de direito para crianças e adolescentes – na época, o Estatuto da Criança e do Adolescente era uma utopia distante. Os adolescentes em situação de rua eram retratados com tarjas nos olhos em reportagens e a mortalidade infantil era de 50 crianças para cada mil nascidas vivas – o dobro da taxa atual.

O próprio Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) – órgão da ONU que se dedica a mapear, apoiar, custear e encabeçar projetos, instituições e trabalhos com crianças no mundo –, que fizeram diversas análises sobre a própria situação da infância no país, quiseram criar alguma campanha abrangente e que mobilizasse o país em torno do assunto.

Em 1986, com a parceria da TV Globo, realizaram o primeiro show do Criança Esperança, sem o intuito de arrecadar dinheiro, mas sim de conscientizar e debater os problemas relativos à infância e adolescência no país.

No ano seguinte, empreenderam o projeto. O Criança Esperança impactou a vida de 4 milhões de crianças em 30 anos. O projeto tem duas frentes: os do próprio Criança Esperança, sediados em quatro grandes cidades brasileiras; e o de apoio, em que prestam assistência com verbas e organização de algum projeto socialmente relevante na área de educação, meio-ambiente, desenvolvimento social.

Como participar ou acompanhar?

Além dos shows anuais realizados pela TV Globo e transmitidos em rede aberta de televisão todos os anos, o próprio site do Criança Esperança possui relatórios e levantamentos de dados e histórias dos serviços que prestam. As publicações dos 25 e dos 30 anos da campanha têm informações bastante relevantes, por exemplo. No livro-reportagem “Mobilizando Pessoas, Transformando Vidas”, são retratadas com detalhes as experiências de participantes, ex-participantes e dos coordenadores dos projetos do Criança Esperança.

2) MAIS DIREITOS, MENOS ZIKA

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Foto: Pixabay.

Realidade do Zika vírus no Brasil

Em novembro de 2015, o Ministério da Saúde declarou a epidemia do vírus Zika como situação de emergência em saúde pública de abrangência e importância nacional – o vírus é transmitido pelo Aedes aegypt, o mesmo que transmite a dengue. Antes de ter chegado a essa situação, os noticiários publicizavam dezenas de casos desde 2014. Em 2016, foram registrados 215.319 casos prováveis de febre pelo vírus Zika no país e 8 óbitos por conta do vírus.

A urgência do problema aflorou quando pesquisadores brasileiros descobriram que o vírus Zika causava outros problemas que o de uma aparente gripe: haveria uma relação direta entre a contração do vírus por mulheres grávidas e casos de microcefalia – o crescimento abaixo do normal do cérebro do bebê. De outubro de 2015 a outubro de 2016, foram notificados 9.953 casos de microcefalia no país, dos quais 2.079 foram confirmados realmente como microcefalia e assim registrado. Dos 2.079 casos de microcefalia, 392 tiveram resultado positivo para o vírus Zika.

Em 2017, os números de infecções despencaram quando comparado aos dos anos anteriores: até abril foram registrados 7.911 casos suspeitos de Zika. Em 2016, também até abril, foram registrados 170.535 casos de Zika no país. Apesar de hoje os números terem caído por uma série de fatores, a ONU criou uma campanha de combate ao Zika no período de urgência do problema.

Zika vírus: entenda a doença.

O que é a +direitos –Zika?

A ONU pretende, por meio da campanha Mais direitos, menos Zika, possibilitar o acesso à informação acerca do vírus e acesso também a contraceptivos, a fim de evitar a proliferação ainda mais extensiva dessa epidemia. O órgão da ONU que executa a campanha é o Fundo de População das Nações Unidas, a UNFPA. A visão da ONU é: o Zika vírus é uma emergência de saúde pública, mas principalmente uma emergência social – já que os locais de maior concentração do mosquito são ambientes de maior vulnerabilidade econômico-social.

Por que a +direitos –Zika foi criada?

Em um primeiro momento, a campanha visava atender e conscientizar as pessoas nos dois estados brasileiros mais vulneráveis ao vírus: a Bahia e Pernambuco. A Bahia foi o primeiro estado brasileiro a registrar a ocorrência do Zika vírus e, em Pernambuco, a situação era bastante grave.

O objetivo principal da campanha é empoderar a população que estava sofrendo por conta da epidemia, “engajando jovens, adolescentes e mulheres em ações de mobilização comunitária e vigilância em saúde”. As ações envolvem a melhoria na comunicação a respeito do que é o Zika, a microcefalia e, principalmente, para incentivar o uso de preservativos femininos e masculinos como maneira de evitar transmitir o vírus sexualmente.

Buscam também fortalecer a implementação e o sucesso de políticas públicas de saúde que sejam acessíveis à população, além de promover maior atenção sobre saúde sexual e reprodutiva. Para esses resultados, contam com a participação de voluntários, ONGs e órgãos da área que serão parceiros na campanha, como a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), entre outras, e recursos dos governos do Japão e do Reino Unido.

Como acompanhar a campanha Mais Direitos, Menos Zika?

Você pode acompanhar o que está acontecendo na campanha Mais Direitos, Menos Zika por meio de seu site, que tem notícias e um calendário – ou mesmo pelas suas redes sociais.

3) CRISE DOS REFUGIADOS: PETIÇÃO

Como organização que tem como objetivo a paz mundial, a ONU precisa estar envolvida e suscitar a discussão sobre guerras, conflitos e crises humanitárias, tal qual a dos refugiados. Em 2015, foram totalizadas 65,3 milhões de pessoas que se deslocaram de seus países para fugir de perseguições políticas e guerras – tais pessoas não estavam em trânsito no momento, mas que passaram pela situação desde que os números são compilados. O número de refugiados cresceu 9,7% de 2014 para 2015, apesar de ter tido estabilidade entre 1996 e 2011.

Leia também: o Brasil e a crise dos refugiados.

A Guerra na Síria vitimou 400 mil pessoas até 2017, de acordo com dados da própria ONU. A guerra civil fez com que 5 milhões de pessoas se deslocassem para outros países – como refugiados – e que outras 6,3 milhões se deslocassem dentro do território sírio. Devido à gravidade da guerra civil na Síria e outros conflitos humanitários, a ONU tem uma agência para tratar do assunto de refugiados chamada ACNUR. A agência promove uma série de campanhas ao redor do mundo para mobilizar e solidarizar o mundo com a situação dos refugiados. Veja aqui algumas dessas campanhas.

Petição #ComOsRefugiados: a campanha encoraja pessoas de todo o mundo a assinar uma petição com uma mensagem única aos governantes, que visa à paz e solidariedade. São quatro requisições na carta: que as crianças refugiadas tenham acesso à educação; que todas as famílias refugiadas tenham um lugar seguro para viver; e que todos os refugiados tenham condições de trabalhar e adquirir conhecimento de forma a contribuir positivamente na comunidade em que vivem então. Tal petição será entregue na sessão deliberativa mais importante da Organização das Nações Unidas, a Assembleia Geral, no dia 19 de setembro, na sede da ONU em Nova Iorque.

Entenda: as diferenças entre imigrante, refugiado e asilado.

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ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) e o ACNUDH (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos) lançam cartilha Informativa sobre os Direitos das Pessoas Refugiadas e Solicitantes de Refúgio LGBTI. Foto Paulo Pinto / FotosPublicas

4) COMPARTILHE A REFEIÇÃO (SHARE THE MEAL)

É a possibilidade de qualquer pessoa no mundo utilizar um aplicativo no seu celular em que compartilhará refeições de um dia inteiro com uma criança síria pelo preço de 50 centavos do dólar (2 reais). O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas tem 20 mil crianças sírias que participam do programa de refeições escolares do PMA no norte da Jordânia. Lançado em novembro de 2015, possibilitou o compartilhamento de mais de 3,6 milhões de refeições até o fim de dezembro do mesmo ano – isto é, em dois meses os resultados foram impressionantes. Baixe aqui o aplicativo!

5) AJUDE SOFIA

De acordo com as Nações Unidas, 1 em cada 9 crianças vive numa zona de conflito atualmente no mundo: 250 milhões de meninas e meninos que estão mais suscetíveis a entrar em contato com doenças ou tem privada a sua possibilidade de estudar. Numa realidade conturbada e difícil para crescer, a UNICEF criou a campanha Ajude Sofia, lançada no Brasil em maio de 2016. Sofia é a representação das crianças refugiadas, por vezes meninas e meninos órfãos, cuja alimentação é problemática (ou nula) e cujos direitos à educação, qualidade de vida e lazer são inexistentes. Seu objetivo é, além da conscientização da população mundial acerca desse problema, incentivar as doações voluntárias para viabilizar uma melhora na vida dessas crianças.

Gostou de conhecer mais de perto algumas ações da ONU no Brasil? Compartilhe suas impressões!

Fontes:

Infância no Brasil; Biblioteca UNICEF; Situação mundial da infância 2016ECA 25 anos; Situação da adolescência brasileira 2011UNICEF mães refugiadas; Campanha Mães Refugiadas; eBook Atualidades Politize!; Famílias refugiadas; Campanha Apoie os Refugiados; Campanha Share the meal; Campanha Eu sou Sofia; UNICEF Eu sou Sofia; Petição Dia do Refugiado; Campanha você está com os refugiados; Descoberta da Zika; Casos de Zika despencam no Brasil; Um ano de Zika; Agência Brasil Desafios da epidemia; Casos de dengue caem; Campanha Mais Direitos Menos Zika; Calendário Mais Direitos Menos Zika; ONU Campanha contra Zika.

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Conteúdo escrito por:
Sou uma jornalista brasileira procurando ouvir ideias e histórias originais, peculiares e corajosas. Trabalhando como estrategista de marcas, desenvolvo narrativas que buscam emanar o que há de mais autêntico e verdadeiro nas pessoas, marcas e negócios, criando conexão através da emoção e identificação. Hoje, minha principal atuação é como estrategista de marcas na Molde, construindo marcas que redefinam realidades e gerem impacto. Como profissional autônoma atuo com a gestão de marca do estúdio de design de produto HOSTINS—BORGES, colaboro regularmente com a FutureTravel, uma publicação digital baseada em Barcelona, e preparo palestrantes no TEDxBlumenau como voluntária desde 2016.

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26 abr. 2024

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