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Na história recente, nenhuma palavra esteve tão em alta como “polarização“. Ao pensar nela na atualidade, é praticamente impossível desassociá-la da política e sociedade, afinal, há sempre uma pressão pela escolha de lados.

Embora não necessariamente a palavra tenha uma conotação negativa, hoje em dia ela é empregada no contexto de disputa entre grupos fiéis às suas convicções e pouco – ou nada – dispostos ao diálogo. Em tempos em que tudo parece ser urgente, estranho é aquele que não tem uma opinião formada sobre tudo.

Veja também: origens da polarização e como ela afeta as relações sociais

A polarização não é novidade

A coexistência de opiniões opostas não é uma novidade. A História nos mostra que, tanto no cenário mundial, como no nacional, a polarização foi protagonista de grandes dispustas e mudanças no seio social. Um exemplo de polarização no Brasil é o bipartidarismo instituído durante a ditadura militar. Naquela época, as disputas políticas permitidas ocorriam apenas entre os partidos Arena e MDB.

Cartazes do MDB e da Arena mostram a vigência do bipartidarismo no Brasil (Cidade Leopoldina, RJ, 04/11/1976). Imagem: Centro de Memória Sindical (CMS).

Leia também: Ditadura Militar no Brasil

No entanto, é um consenso entre cientistas políticos contemporâneos que o aumento da intolerância tem impedido pessoas de conviverem harmonicamente com o diferente.

É possível, porém, a reconstrução de um canal de comunicação menos inflamado e autoritário.

Pensando nisso, a Politize! separou cinco dicas para fugir da polarização (e situações sociais desagradáveis!):

1. Entenda suas limitações

Para o ser humano, a compreensão de mundo é, naturalmente, limitada.

Tudo o que as pessoas conhecem, gostam, sentem e pensam são frutos de experiências pessoais de vida.

Genética, formação da personalidade, valores do grupo em que se está inserido, habilidades pessoais e o ambiente em que vivem: todos estes elementos têm papel fundamental e constante na formação de indivíduos.

Por isso, as convicções são sempre parciais, mesmo que inconscientemente (e está tudo bem!).

Compreender essa limitação permite o desenvolvimento da tolerância e compreensão, uma vez que, felizmente, sempre haverá algo a aprender com o outro.

Sócrates, aliás, há bons séculos, aconselha o exercício reflexivo: “Conhece-te a ti mesmo”. Ou seja, é mais sábio aquele que reconhece sua própria ignorância.

2. Aceite as divergências

A internet tem se revelado como um grande obstáculo à tolerância com o diferente, né?

Este ambiente, por estratégia de marketing e mercado de consumo, só apresenta perfis e informações alinhadas aos gostos e ideologias pessoais de cada um. Isso porque, normalmente, só se interage virtualmente com aquilo que desperta interesse.

Porém, é fundamental a lembrança de que há muitas pessoas diferentes na sociedade, com experiências de vida distintas e formas diversas de enxergar o mundo.

Aceitar a pluralidade permite que, por meio de uma comunicação respeitosa, novas ideias surjam. Se todos fossem iguais, muitas das grandes invenções da humanidade não existiriam.

A diferença estimula o crescimento e o amadurecimento dos indivíduos e da sociedade democrática.

Veja também: O que é uma democracia liberal?

3. Busque interesses em comum

Buscar interesses em comum pode ser uma ótima ferramenta de aproximação no debate. Normalmente, as pessoas tendem a ser mais respeitosas e empáticas quando se sentem confortáveis e pertencentes ao grupo.

Dentro do espectro político-ideológico, por exemplo, há dezenas de nuances entre os polos da extrema direita e da extrema esquerda. Isso significa que é possível concordar parcialmente com algumas pautas ideológicas da direita e, em outros casos, preferir a ideologia da esquerda (ou vice-versa).

Espectro político esquerda-direita. Imagem: Elaboração própria.

A boa notícia é que a grande maioria das pessoas se encontra justamente entre os extremos – e não dentro deles. A maioria, portanto, prefere o caminho do equilíbrio ao dos radicalismos.

Assim, é provável que, com empenho mútuo, se descubra pontos de concordância no diálogo.

4. Estimule o diálogo de pessoas com ideias diferentes

Estar em contato com pessoas que pensam diferente de nós pode parecer desafiador num primeiro momento, mas é somente a partir deste encontro de ideias que novas possibilidades podem surgir.

A discordância é natural e inerente a uma democracia. É preciso, porém, enxergar o adversário com legitimidade, compreendendo que há regras comuns e limites ao debate.

Dessa forma, a disputa sempre será igualitária: perdas e ganhos serão aceitos por ambos os lados, fugindo-se da ideia de “luta do bem contra o mal”.

Não podemos nos esquecer, a propósito, que a Constituição Federal garante em seu artigo 5º, incisos IV e IX, a livre manifestação do pensamento e da expressão intelectual.

Logo, todas as ideias são válidas e bem-vindas, desde que não firam direitos humanos e liberdades individuais do outro, especialmente a dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos da ordem constitucional (artigo 1º, III, da Carta Política).

Leia também: O que é liberdade de pensamento?

5. Desmistifique o debate

Por fim, mas não menos importante, desmistifique o debate!

O filósofo Paul Valéry (1871-1945) há tempos propôs uma ferramenta que continua atual: a limpeza da situação verbal.

Em linhas gerais, Valéry defendia que, antes de se adentrar ao conteúdo do debate, deve-se procurar compreender o significado de cada palavra ou frase dentro de um contexto.

Uma má compreensão pode gerar graves consequências de comunicação e impactar diretamente as relações sociais. Já pensou sobre isso?

Hoje em dia, muito se fala sobre direita, esquerda, liberalismo, socialismo, comunismo, capitalismo, fascismo e quase nada se sabe sobre seus verdadeiros significados.

Os termos são propagados como verdadeiras lendas de terror em prol do jogo político, afastando-se, assim, de suas origens e significados teóricos.

A consequência disso é clara: medo generalizado, urgência na escolha de lados e adoção de narrativas fantasiosas de luta do bem contra o mal.

Buscar o verdadeiro significado das palavras e suas aplicabilidades no cenário brasileiro pode ser um excelente mecanismo para tornar o diálogo claro e possível – afinal, invocar argumentos de terror e autoridade engessam o debate por completo.

A vida em sociedade é plural e democrática, o que exige que escolhas sejam feitas. Conviver com o diferente pode ser natural e muito produtivo, basta saber conduzir o diálogo.

E aí, entendeu como você pode despolarizar o debate? Conta o que achou nos comentários! E aproveita para compartilhar com aquelas pessoas que você acha que precisam ler!

Referências
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Mariana Silvério Almeida e Tasca

Uma menina do interior de São Paulo que aos seis anos de idade decidiu transformar a sociedade em um lugar melhor. Desde então, formou-se em Direito pela PUC-SP, foi Assistente Jurídica no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e atualmente é advogada, estudando para, um dia, tornar-se juíza. Ah, ela também é amante de livros, fotografias e yoga.
Tasca, Mariana. 5 dicas para fugir da polarização no debate.
Disponível em: https://www.politize.com.br/polarizacao-no-debate/.
Acesso em: 06 Dec. 2023.

2 respostas

  1. Olá Mariana, tudo bem?
    Parabéns pela matéria.
    Gostaria de deixar uma sugestão. O espectro plítica entre Esquerda – Direita, elaborado por você, passa a impressão que os extremos são parecidos ( a tal teoria da ferradura) e sabemos que isso não é verdade. No polo mais distante do centro para esquerda, teríamos o Comunismo (busca da emancipação dos povos – Domenico Losurdo). Já no polo mais distante do centro para a direita, temos o fascismo (aniquilação das raças).

    Talvez seja válido dar uma editada em busca de uma analogia que fuja da ideia de proximidade entre os polos citados.

    Agradecido.

  2. O comunismo prega a emancipação dos povos? Talvez só na teoria do castelo de nuvens dos livros empoeirados de Karl Marx. Na prática, os regimes socialistas (que almejavam, em teoria, ser comunistas) empreenderam expurgos e medidas higienistas em relação aos “indesejáveis” e aqueles que não queriam a revolução. Isso não é muito diferente do que um regime fascista, que busca o extermínio de uma etnia para se buscar a revolução também. Ou seja, os dois extremos têm suas diferenças, é claro, mas também tem suas semelhanças. Até porque, afinal, são extremos.

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Bandeira da COP 28
Capa do texto contendo ingressos em uma mão
a imagem mostra o símbolo da OTAN em um triangulo verde sobre um quadrado azul

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