Imagem de uma árvore e uma vegetação pegando fogo

Queimadas no Brasil: entenda os motivos e os impactos

Publicado em:
Compartilhe este conteúdo!

As queimadas no Brasil refletem uma complexa interação entre interesses econômicos, políticas públicas e a necessidade urgente de conservação ambiental, tornando-se um grande desafio para o país. Desde os tempos coloniais, o uso do fogo para “limpar” terras tornou-se uma prática comum.

Durante o século XX, houve a expansão das fronteiras agrícolas para o interior do país, processo impulsionado por políticas desenvolvimentistas. A migração intensa da agropecuária para o centro-oeste e o norte do Brasil resultou no aumento das queimadas, do desmatamento e da degradação ambiental nessas regiões.

Se você deseja compreender a situação das queimadas no Brasil e seus impactos socioambientais, continue a leitura!

Por que ocorrem queimadas no Brasil?

As secas prolongadas, as temperaturas elevadas, os ventos fortes e a descarga elétrica dos raios tornam o ambiente mais propício a incêndios. Na época de estiagem das chuvas, especialmente em regiões como a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal, a vegetação torna-se extremamente seca, facilitando a propagação do fogo.

Conheça os Biomas Brasileiros: saiba mais sobre os 6 tipos nacionais!

O aumento das temperaturas globais combinado com mudanças nos padrões de chuva têm intensificado o período de seca no Brasil. Essas condições mais favoráveis para a ocorrência de incêndios florestais, torna-os mais frequentes e intensos.

No entanto, em entrevista à Agência Brasil a doutora em geociências Renata Libonati, coordenadora do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro informa que a maioria dos incêndios é iniciada por ações humanas. Nos centros urbanos, o fogo é frequentemente utilizado para a queima inadequada de resíduos sólidos (lixo), mas também para matar a vegetação nativa de terrenos que posteriormente serão utilizados tanto para a construção civil quanto para atividades agrícolas.

As atividades agropecuárias são a principal responsável pelas queimadas na Amazônia brasileira, como apontam estudos publicados desde 2009. O uso do fogo é uma prática comum para limpar áreas de vegetação nativa, facilitando a preparação do solo para o plantio ou a criação de pastagens.

Essa técnica é barata, mas causa grande destruição ambiental. O uso descontrolado e sem planejamento ocasiona incêndios fora de controle. O fogo acaba atingindo áreas vizinhas, inclusive ecossistemas preservados e protegidos pela legislação.

Soma-se a tudo isso, a contribuição do desmatamento enquanto agravante das mudanças climáticas, retroalimentando um ciclo de desequilíbrio.

Leia também: Qual a função do Ministério do Meio Ambiente?

Qual é a situação atual das queimadas no Brasil?

Em meio às queimadas intensas, o Brasil enfrenta grandes desafios no combate aos incêndios, que atingem diversas regiões do país. Dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que, até o dia 15 de setembro de 2024, o país tinha registrado 184.363 focos de incêndio. Esse número representa um aumento de 104% em relação a 2023.

De acordo com o Inpe, as queimadas no Brasil chegaram a representar 71,9% de todas as queimadas registradas na América do Sul. Os estados que apresentam maior número de focos de queimada são Mato Grosso, Pará, Amazonas e Tocantins.

Em Goiás, as chamas consumiram 10 mil hectares do Parque Nacional Chapada dos Veadeiros. No estado de São Paulo, durante apenas 2 dias do mês de agosto, foram registrados 2.316 focos de calor. Isso equivale a sete vezes o valor registrado durante todo o mês de agosto no ano anterior.

Brigadistas

Dois brigadistas apagando incêndio proveniente das queimadas em uma floresta amazônica.
Ação do Prevfogo na Terra Indígena Tenharim/Marmelos, no Amazonas entre agosto e setembro de 2024. Imagem: Mayangdi Inzaulgarat – Ibama/Reprodução: Fotos Públicas

Os brigadistas brasileiros são capacitados para combater as chamas, lidar com animais peçonhentos e atender primeiros socorros. Esses profissionais atuam com equipamentos de proteção resistentes a altas temperaturas e veículos que facilitam o acesso a locais difíceis.

Apesar da proteção, os brigadistas estão expostos à inalação de fumaça tóxica, acidentes com galhos e árvores, queimadura, exaustão térmica e desidratação

Algumas brigadas são convocadas somente em períodos críticos de incêndios e outras, o ano inteiro. Durante o período de chuvas, quando a incidência das queimadas é menor, atuam com atividades de educação ambiental, plantio e manutenção de mudas em áreas de recuperação.

Segundo o “Boletim#10“, publicado pelo governo federal no dia 3 de setembro de 2024, o Ibama e o ICMBio contam com aproximadamente 1.400 brigadistas na Amazônia Legal. Para o Pantanal, foram deslocadas 16 aeronaves, 51 embarcações e 907 profissionais para auxiliar no combate aos incêndios — entre brigadistas do Ibama, integrantes das Forças Armadas, da Força Nacional e da Polícia Federal. No total, o país dispõe de 3.299 brigadistas federais. Embora seja o maior número já registrado, ainda parece insuficiente para conter a atual crise das queimas no Brasil.

Os brigadistas voluntários são cidadãos que se dispõem a combater incêndios sem remuneração. Eles recebem treinamento básico de combate a incêndios e primeiros socorros e atuam em suas comunidades ou em regiões específicas que necessitam de suporte durante emergências.

Leia também: Corredores Ecológicos

Quais são os impactos das queimadas?

Os prejuízos ambientais e sociais provocados pelos incêndios florestais são inúmeros. O impacto mais evidente afeta a saúde pública. Já está comprovada a relação entre as queimadas e o aumento de doenças respiratórias decorrentes, especialmente, da fuligem e fumaça. Além disso, o fogo provoca outros danos sociais, ao diminuir a visibilidade atmosférica, provocando aumento de acidentes em estradas e diversos prejuízos materiais à população.

Tamanduá ferido, deitado em uma maca e com as patas enfaixadas por causa das queimadas.
Tamanduá ferido por causa das queimadas. Imagem: Fotos Públicas

Em termos ambientais, o fogo também provoca grandes ameaças. As queimadas ocasionam grande perda de biodiversidade, erosões, diminuição da fertilidade dos solos, aumento de emissão de gases de efeito estufa e alterações no ciclo hidrológico. É importante lembrar que todos os impactos ambientais também provocam, inevitavelmente, prejuízos à qualidade de vida dos seres humanos.

Leia mais sobre: O impacto das queimadas no Brasil e os desafios para o futuro

O que fazer?

Diante do aumento de queimadas provocadas intencionalmente pela ação humana, faz-se fundamental o fortalecimento da gestão ambiental dos governos estaduais, pois são os principais responsáveis pela fiscalização e pelo combate ao fogo em áreas privadas. Além disso, o desenvolvimento políticas de valorização e fomento à educação ambiental é imprescindível enquanto ação preventiva e conscientizadora.

Sabia que é possível evitar incêndios em épocas de seca a partir de atitudes simples? Seguindo algumas orientações, todos os cidadãos podem contribuir para a prevenção e o combate às queimadas:

  • não jogar lixo ou entulho às margens da rodovia;
  • não lançar bitucas de cigarro pela janela;
  • evitar usar o fogo para limpar terrenos ou queimar o lixo;
  • evitar fogueiras em época de seca;
  • sempre que avistar um foco de incêndio, avisar imediatamente os bombeiros por meio do número 193.

Sistema ALARMES

A plataforma foi desenvolvida pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA/UFRJ), em parceria com o IDL/ULisboa, para servir de alerta rápido e ágil sobre o avanço da área afetada pelo fogo, de forma a apoiar órgãos ambientais nas ações de combate aos incêndios florestais. O sistema combina imagens de satélite, focos de calor e inteligência artificial para identificar diariamente a localização e extensão das áreas queimadas.

MapBiomas

MapBiomas é uma iniciativa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG/OC) e é produzido por uma rede colaborativa colaborativa que envolve diversas instituições de pesquisa, ONGs e empresas de tecnologia para mapear e monitorar as transformações no uso e cobertura da terra no Brasil.

Ele utiliza imagens de satélite e ferramentas de análise geoespacial para criar mapas e séries temporais que mostram como o território brasileiro tem mudado ao longo do tempo, inclusive as “cicatrizes de fogo” com dados desde 1985.

A Coleção 3 do MapBiomas Fogo apresenta uma análise abrangente sobre a área queimada no Brasil, somando um total de 199 milhões hectares queimados entre 1985 e 2023. Segundo a Rádio Agência, o Brasil está prestes a ultrapassar 160 mil focos de incêndio em 2024, número 104% maior em comparação ao mesmo período de 2023.

Você já conhecia alguma dessas ferramentas que auxiliam o monitoramento dos focos de calor ou conhece outras plataformas que monitoram o meio ambiente? Compartilhe nos comentários!

Referências:

WhatsApp Icon

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe este conteúdo!

ASSINE NOSSO BOLETIM SEMANAL

Seus dados estão protegidos de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)

FORTALEÇA A DEMOCRACIA E FIQUE POR DENTRO DE TODOS OS ASSUNTOS SOBRE POLÍTICA!

Conteúdo escrito por:
Feminista, ambientalista, poeta, ativista pelo veganismo popular, graduanda em ciências socioambientais pela UFMG, cozinheira amadora e advogada com especialização em políticas públicas para a redução da desigualdade. Gosto de conversar sobre economia política, comida, saúde e bem viver.
Rath, Carolina. Queimadas no Brasil: entenda os motivos e os impactos. Politize!, 11 de novembro, 2024
Disponível em: https://www.politize.com.br/queimadas-no-brasil-2/.
Acesso em: 1 de dez, 2024.

A Politize! precisa de você. Sua doação será convertida em ações de impacto social positivo para fortalecer a nossa democracia. Seja parte da solução!

Pular para o conteúdo