Conheça o PSTU: Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado

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Um partido que se considera revolucionário! Com forte influência trotskista, o PSTU é um partido de extrema-esquerda estreitamente ligado às lutas da classe trabalhadora. Oficialmente nascido em 1994, surgiu a partir da ruptura entre a Convergência Socialista e o Partido dos Trabalhadores.

Talvez você não conheça tantos políticos do PSTU… Assim como o PCO e o PCB, o partido afirma não priorizar as disputas eleitorais. Sua atuação forte acontece nas bases: sindicatos, coletivos de jovens e demais organizações civis. Conforme o próprio partido, em 2019 o PSTU possuía representação nas diretorias de pelo menos 150 sindicatos.

Para conhecer a história do PSTU e dos seus principais líderes continue a leitura! Além de aprender sobre a Quarta Internacional, você vai entender o que significa ser um partido de influência trotskista e as pautas que o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados defende.

Como surgiu o PSTU?

Essa história não começa no Brasil. Depois do golpe de Pinochet em 1973, um grupo de jovens brasileiros trotskistas exilados no país relacionou-se com a Liga Internacional dos Trabalhadores. No ano seguinte, mudaram-se para Buenos Aires, e iniciaram a publicar o jornal “Independência Operária”.

A difusão do jornal, a princípio, ocorreu clandestinamente no Brasil. Em 1978, após retornarem ao Brasil, lançaram em São Paulo o Movimento Convergência Socialista (CS) como tática para a construção de um Partido Socialista. Uma das instituições fundadoras da Convergência Socialista foi a Liga Operária, com importante papel nas lutas estudantis.

Saiba mais: O que é o movimento estudantil?

Dois anos depois, durante a greve dos metalúrgicos do ABC, inúmeras pessoas foram presas. Dentre elas, Lula, o atual presidente do Brasil, e “Zé” Maria, atual presidente do PSTU. Além das greves, foi realizada a 1º Conferência de Mulheres da CS e fundado o Partido dos Trabalhadores (PT). A Convergência Socialista (CS) foi responsável por um quinto das 100 mil filiações da campanha de legalização do PT.

Homem branco com cabelos curtos segurando bandeira do pstu
Zé Maria, presidente do PSTU desde 1998. Fonte: Wikipédia.

Leia também: História do PT: conheça o maior partido da esquerda no país

A CS se desenvolveu durante 12 anos fazendo entrismo no PT sem se dissolver à direção burocrática. Entrismo foi a tática política dos trotskistas franceses entre 1934 e 1936, e consiste em se “infiltrar” em outro partido ou organização para influenciá-la de dentro. Entretanto, em 1992 o jornal Convergência Socialista chamou o “Fora Collor!” em divergência ao posicionamento do PT naquele momento.

Em razão da tática de mobilização das ações de oposição, a Executiva do PT expulsou a CS do partido. Junto a dezenas de organizações e coletivos, a Frente Revolucionária faz um chamado aos ativistas: mais de 730 militantes revolucionários reuniram-se em São Paulo e criaram o Movimento Pró Partido Socialista dos Trabalhadores –Unificado. Somente em 1995 foi lançado o registro definitivo do partido.

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Quarta Internacional (QI ou IV Internacional)

Em setembro de 1938 foi fundada em Paris a Quarta Internacional, responsável por manter a continuidade do marxismo revolucionário. Apesar de ser minoritária e alvo de brutal perseguição, a IV Internacional possui imensa importância política. Leon Trotsky, que dirigiu ao lado de Lênin a Revolução Russa em 1917, considerava sua participação na construção da IV Internacional sua mais importante obra.

Apesar disso, os trotskistas – que objetivam ajudar a classe trabalhadora a alcançar o socialismo – e o impacto dessa organização comunista internacional são pouco conhecidos no Brasil pela batalha na construção de uma direção revolucionária.

A organização sofreu várias cisões ao longo de sua história: a mais importante se deu no plano internacional e ocorreu em 1953. Apesar de posterior reunificação, vários agrupamentos internacionais reivindicam a Quarta Internacional atualmente. Dentre elas, a Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT-QI), organização constituída por diversos partidos, inclusive o PSTU.

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O que o PSTU defende?

“Um partido de homens e mulheres da classe trabalhadora da cidade e do campo” é como o PSTU se define. De acordo com o próprio site do partido, o PSTU defende o fim do capitalismo não como uma utopia, mas como uma necessidade.

O partido trotskista entende que esse sistema “vem destruindo o mundo e as condições de vida da classe trabalhadora”, vez que organiza as nações entre imperialistas e explorados. A respeito do capitalismo, compreendem que as riquezas não são produzidas visando o bem-estar da população, mas sim a garantia de lucro da burguesia.

O combate ao capitalismo envolve, certamente, o confronto com os partidos inclinados à direita. Entretanto, o PSTU também se posiciona como oposição à esquerda considerada “reformista”. Essa expressão se refere a agentes públicos que não mobilizam mudanças radicais e estruturais, preferindo as mudanças graduais. O reformismo é visto pelo PSTU como ineficiente para acabar com o capitalismo e a exploração decorrente dele.

Outro posicionamento marcante do partido é o descrédito ao sistema eleitoral. Os marxistas revolucionários não acreditam que a transformação da sociedade ocorrerá dentro do capitalismo ou através de eleições.

O que defendem como efetivo para a melhoria das condições de vida do proletariado é o trabalho de base da conscientização. da educação e da revolução por meio de greves, mobilizações e ocupações de terra, por exemplo.

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Representatividade nas eleições

Nas eleições de 2022, o partido lançou 163 candidatos para disputarem os cargos de deputados, senadores e governadores. Entretanto, nenhum desses candidatos foi eleito.

Em 2020, nas eleições municipais, o PSTU lançou ao total 50 candidatos a prefeito e 108 a vereador, recebendo o apoio do PSOL na disputa pelas prefeituras de Mariana (MG) e de Piripiri (PI). Dentre os candidatos, cerca de 40% eram mulheres e mais da metade (54,7%) se declarou negro ou indígena.

Apesar de ser um partido com considerável diversidade étnica e de gênero além do acesso a cerca de R$1,2 milhão do fundo eleitoral, o PSTU – assim como PCO, PCB e UP – não elegeu nenhum prefeito ou vereador em todo o país. A última eleição municipal em que o partido conseguiu eleger 2 vereadores foi em 2012.

Zé Maria: principal representante do partido nas eleições presidenciais

José Maria de Almeida, conhecido como Zé Maria, é um ex-metalúrgico paulista e o presidente nacional do PSTU. Desde 1998 até 2014, Zé Maria foi candidato à presidência pelo partido em todas as eleições presidenciais, exceto em 2006, quando a legenda integrou a coligação de Heloísa Helena do PSOL.

Em 2018, o partido lançou Vera Lúcia como candidata, que também disputou a prefeitura de São Paulo em 2020. Esses candidatos, contudo, nunca chegaram ao segundo turno.

Mulher adulta negra discursando com um microfone na mão.
Vera Lúcia, candidata a presidência pelo PSTU em 2018. Fonte: Wikipédia.

Posicionamento do PSTU diante dos cenários de polarização política

Apesar de ter saído do PT por divergências em 1992, o PSTU apoiou a candidatura de Lula (PT) à presidência em 1994. Em eleições subsequentes, o partido lançou candidaturas próprias com pouco sucesso. Mesmo sem representantes eleitos, o partido se coloca como oposição à esquerda do PT.

Em 2016, o impedimento da presidente Dilma Rousseff causou discordâncias internas que levaram à evasão de aproximadamente 700 de seus 17 mil filiados.

Veja também: Filiação partidária: como se filiar a um partido?

Na ocasião, além da perda de filiados, o partido foi fortemente criticado por outros grupo da esquerda e acusado de apoiar qualquer derrubada de governo sob a bandeira de uma suposta revolução.

Em 2018, contudo, em oposição à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência, o PSTU apoiou Fernando Haddad (PT) no segundo turno, mas com a ressalva que não apoiaria seu governo, caso fosse eleito.

O posicionamento radical dificulta a filiação de alguns ativistas e tende a afastar muitos eleitores. Por outro lado, o partido tende a manter posicionamentos muito fieis a seus valores fundamentais.

E você, o que você acha da estratégia política do PSTU? Você concorda com alguma pauta ou posicionamento do partido? Compartilhe nos comentários!

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Feminista, ambientalista, poeta, ativista pelo veganismo popular, graduanda em ciências socioambientais pela UFMG, cozinheira amadora e advogada com especialização em políticas públicas para a redução da desigualdade. Gosto de conversar sobre economia política, comida, saúde e bem viver.

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22 abr. 2024

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