Dia da Mulher: qual a importância do 8 de março?

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Este é um texto produzido pelo Eixo de Produção Textual Politize! Mulheres, um projeto feito por e para mulheres, que produz conteúdo com temáticas relevantes para o universo feminino.

Você conhece o real significado do dia da Mulher?

Neste texto do projeto Politize! Mulheres vamos falar sobre o significado do Dia da Mulher (8 de março) e as lutas, conquistas e marcos da trajetória das mulheres no Brasil e no mundo.

Veja também nosso vídeo sobre a história do feminismo no Brasil!

Breve histórico das lutas e conquistas femininas

A luta das mulheres por emancipação é antiga. As mulheres nunca aceitaram a condição de subordinação de cabeça baixa, visto que desde a época do feudalismo já existiam registros de organizações femininas reivindicando igualdade.

No entanto, o movimento feminista só ganha força no século XIX, após as ideias iluministas de igualdade e liberdade, a partir do sucesso da Revolução Francesa.

Em diversos momentos e diferentes contextos sociais a mulher era tida na condição de subordinada. O que se alterava eram os interesses dos grupos majoritários, que associavam a vida, o corpo e o destino das mulheres à posição de inferioridade, por isso era mais fácil ser subjugado.

No processo de acumulação capitalista, existia outra forma de domesticação da mulher e dos seus corpos. Elas foram as produtoras e reprodutoras da mercadoria capitalista mais essencial: a força de trabalho.

Ainda, outro momento histórico de forte opressão contra as mulheres foi no período no qual a Igreja exercia muita influência na sociedade. Práticas e interpretações diversas do doutrinado por ela era considerado como Heresia. Assim, as mulheres que sempre se mantiveram resistindo sofriam perseguições e eram queimadas em fogueiras.

“O feminismo nos leva à luta por direitos de todas, todes e todos. Todas porque quem leva essa luta adiante são as mulheres. Todes porque o feminismo liberou as pessoas de se identificarem somente como homens ou mulheres e abriu espaço para outras expressões de gênero – e de sexualidade – e isso veio a intervir no todo da vida. Todos porque luta por certa ideia de humanidade (que não é um humanismo, pois o humanismo também pode ser um operador ideológico que privilegia o homem em detrimento das mulheres, dos outros gêneros e até mesmo das outras espécies) e, por isso mesmo, considera que aquelas pessoas definidas como homens também devem ser incluídas em um processo democrático, coisa que o mundo machista – que conferiu aos homens privilégios, mas os abandonou a uma profunda miséria espiritual – nunca pretendeu realmente levar à concretização”.

– Marilena Chauí, Feminismo em Comum. 

Qual a origem do dia da mulher, o 8 de março?

No dia 25 de março de 1911 ocorreu um incêndio na empresa Triangle Shirtwaist Company e matou 146 pessoas, entre as quais 21 delas eram homens e 125 eram mulheres. É recorrente a confusão da data do ocorrido com a data do 8 de março, apesar desse acidente ter sido um estopim para as lutas feministas no mês de março.  

Todavia, é sabido que no dia 8 de março de 1917, (antigo 23 de fevereiro no calendário russo) na Rússia, as mulheres tecelãs entraram em greve com a colaboração de homens do setor de metalurgia, paralisando nesse dia mais de 90 mil pessoas, dando-se início a Revolução Russa. E essa foi a primeira de muitas greves realizadas por elas durante esse período. Sendo essa data posteriormente universalizada como o Dia Internacional das Mulheres pelo partido comunista.

Temos, então, dois eventos significativos que aconteceram em março e que retratam a luta das mulheres, mesmo que, em ambos, os homens tenham aderido às manifestações. Precisamos lembrar que os movimentos sufragistas já aconteciam não apenas por toda Europa, como por todo o mundo, tanto que o primeiro país a permitir o voto feminino foi a Nova Zelândia. Por isso, ter um Dia Internacional da Mulher não foi resultado apenas de um momento específico, mas de uma luta travada desde o final do século XVIII pelas mulheres. 

Não é à toa que Olympe de Gouge e Manon Roland escreveram a Declaração das Mulheres e das Cidadãs durante a Revolução Francesa para contrapor com a Declaração dos Homens e dos Cidadãos, motivo que as levaram à guilhotina.

Essa luta já havia começado ao final do século XVIII, tanto que as mulheres são, em parte, responsáveis pela Revolução francesa ao protestarem juntas no dia 5 de outubro de 1789, na antiga praça de Grève (hoje conhecida como praça de l’Hotel Ville- Esplanade de La Libération) e depois caminharem juntas até Versailles para pedirem por pão.   

Imagem ilustrativa feminismo. imagem: pexels.com
Imagem: Pexels.com

Clara Zetkin (Partido Comunista Alemão), durante o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, propôs que as mulheres escolhessem um dia para parar de trabalhar e protestar não apenas pelo direito ao voto, mas também pelos seus direitos de trabalhadoras no geral.

O dia 8 de março, por dois eventos importantes que ocorreram no mesmo mês, apesar de serem, em partes, totalmente diferentes do globo, acabou ficando marcado como o dia da mulher, especialmente depois da segunda guerra mundial, período em que as mulheres foram particularmente ativas em trabalhos que normalmente eram exclusivos aos homens graças à guerra. 

Em 1960, a data já era considerada como um tradicional dia de luta pelas mulheres, mas sua oficialização pela ONU ocorreu apenas em 1975, e este também foi considerado pela organização como o Ano Internacional das Mulheres.

Trajetória política feminina: direito ao voto

A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações Filipinas, na qual, dentre outras leis, havia um código, aplicado em Portugal, que assegurava ao marido o direito de matar a mulher caso a apanhasse em adultério, bastava até um boato para tal permissão legal.

Como as normas de uma sociedade definem o que é certo e o que é errado, tais práticas sociais passam por gerações e determinam as relações sociais, portanto, atos de violência e de subjugação se tornam atos comuns e normalizados.

A Nova Zelândia (que atualmente tem uma primeira-ministra) foi o primeiro país a permitir o voto das mulheres em 1893. No entanto, foi apenas em 1919 que puderam se candidatar ao parlamento.

As pioneiras do voto feminino no Brasil

Já no Brasil, nesta mesma época, tivemos a Lei Saraiva (1881), que permitia que as pessoas com “título científico” (ou seja, uma graduação) pudessem votar. Sendo uma pessoa com graduação, a dentista Isabel de Souza Matos fez o requerimento de alistamento eleitoral em 1885, tendo conseguido o título em 1887.

Infelizmente, em 1890, durante o período da República Velha, ela teve seu direito ao voto negado. Uma mulher, mesmo tendo o título científico e exercendo uma profissão, ainda não era considerada uma cidadã no Brasil.

No entanto, ela não foi a única a tentar exercer sua cidadania: a baiana Isabel Dillon foi bastante ousada e, com a proclamação da República, tentou se candidatar para a Primeira Assembleia Constituinte da República, pois a lei eleitoral dizia que pessoas maiores de 21 anos que soubessem escrever poderiam votar, não fazendo alusão ao gênero. Ela não contava com o fato de que não seria considerada pessoa: não conseguiu nem ao menos tirar seu título de eleitora. 

No Brasil, no século XIX, o jornal A Família, fundado por Josefina Álvares de Azevedo, irmã do poeta Manoel Álvares Azevedo, serviu para que Isabel Dillon publicasse sua indignação ao ser interditada de exercer um direito fundamental à cidadania, ou seja, de votar e ser votada.  

Mais do que isso, esse primeiro jornal brasileiro a publicar a luta das mulheres pelo direito ao voto, à educação, representou um ato político por parte de todas as que dele participaram durante os 10 anos de funcionamento do jornal.

Por mais que as mulheres da época tenham tentado se colocar como cidadãs esse direito não foi aceito na Constituição de 1891, que ainda proibia o voto por parte das mulheres. A luta pelo direito ao voto ainda levaria um século para que essa esperança fosse uma realidade, do século XIX à metade do século XX, quando, em 1932, o Brasil foi o segundo país da América Latina a legalizar o voto feminino

Avanços nos direitos das mulheres

Representatividade na política

Obviamente, esse foi apenas o primeiro passo em direção a uma igualdade que até hoje não é realidade, mas que a cada dia se aproxima mais de sê-la. Com a Lei das Eleições (9.504/1997), os partidos são obrigados a ter, no mínimo, 30% de candidaturas femininas, o que não significa que essas mulheres são, de fato, eleitas, ou que os partidos realmente invistam em suas candidaturas.

No entanto, é preciso entender que essa foi uma grande vitória política para as mulheres, tanto que em 2022 tivemos um aumento de 77 para 91 mulheres eleitas deputadas federais.6. Porém em relação às deputadas federais negras houve uma queda de 5 cadeiras na Câmara.. 

Na última eleição, em 2022, foi eleita a primeira deputada trans negra, Erika Hilton pelo PSOL. Atualmente, ela lidera a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados e defende pautas ligadas ao feminismo, pelos direitos da população LGBTQIA+ e contra o conservadorismo. A lei mais importante para a participação política das mulheres nos últimos anos, no entanto, foi votada e aprovada em 2021: é o PL 1.951/2021, que de acordo com a Agência Senado:

“determina uma porcentagem mínima de cadeiras na Câmara dos Deputados, nas assembleias legislativas dos estados, na Câmara Legislativa do Distrito Federal e nas câmaras de vereadores a ser preenchida por mulheres, convocando-se as suplentes caso não sejam eleitas em número suficiente para cumprir esse percentual. A proposta também garante recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do Fundo Partidário para as candidaturas proporcionais femininas.” 

Deputada Federal Erika Hilton- Foto: Câmara dos deputados

Violência contra a mulher

Anteriormente, em 2006, tivemos a Lei Maria da Penha, que assegura a segurança das mulheres contra a violência doméstica, pois não é possível exercer o direito político se antes não tivermos assegurado o direito à vida. Para que a lei Maria da Penha seja exercida em toda sua amplitude, foi necessário criar políticas públicas para assegurá-la, como a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher.

Os movimentos feministas continuam na luta  pelo fim da violência contra a mulher por afirmarem que o Estado ainda não consegue cumprir seu papel de eliminar essa violência. Em 2023, o Movimento de Mulheres Olga Benário realizou uma ocupação em um prédio abandonado em São Bernardo do Campo no ABC, transformando o local em uma casa de acolhimento às mulheres vítimas de violência doméstica e denunciando a falta de ações do Estado.

Ocupação Cleone Santos na região do ABC- SP . Foto: Luiz Monclar (JAV/SP)

Machismo Estrutural: conceito e características

E você, sabe o que é o Machismo? O que caracteriza uma pessoa Machista? Como esse fenômeno afeta mulheres e homens?

Machismo é um preconceito contra a mulher que atravessou gerações, expresso por atitudes e opiniões. É uma situação onde se subjuga a capacidade da mulher nos seus mais diversos contextos, os quais se opõem a igualdade de direitos entre homem e mulher, cujo favorecido sempre é o homem.

Na visão machista, segundo o Portal Catarinas:

“A história não deixa dúvidas que os homens nos limitaram às suas propriedades enquanto foi possível. Nos impediram de votar e de sermos votadas, de estudar, de praticar determinados esportes, de trabalhar, de ter um salário decente, de dirigir e até hoje tentam nos impedir de ter autonomia sobre nossos corpos”.

Nessa perspectiva, entende-se que o homem é uma figura idolatrada, como o grande dominador, enquanto a mulher é vista como a incapacitada para grandes feitos de ordem intelectual, a qual deve ser devota somente às coisas voltadas ao lar, família e filhos.

Dessa forma, desde que o mundo é mundo, vem sendo trabalhado, no inconsciente da sociedade, a imagem da mulher submissa. Se enganam os que subestimam a capacidade da mulher. As mulheres têm comprovado competência para o exercício dos mais diversos tipos de atividades, profissões e cargos exigentes, antes ocupados somente por homens, atividades essas associadas aos afazeres amorosos para com a família.

Portanto, essa ideia, inconsciente, aos poucos vai se transformando graças às ações dos movimentos sociais, feministas e da união das mulheres e de alguns homens que abraçam a causa da mulher. Assim, vê-se a oportunidade de fala para aquelas que, por si só, estavam em papel de desigualdade e inferioridade.

Assista também ao nosso vídeo sobre o machismo estrutural

Papéis de gênero atribuídos a homens e mulheres

Você se lembra que até alguns séculos atrás mulheres não podiam usar calça comprida? Nem votar? Nem trabalhar sem o consentimento do marido? Que  homem não podia chorar? Que homem não cuidava de bebês e tinha que ser o chefe da família?

Todos esses papéis eram fixos e definidos conforme o sexo com o qual a pessoa nascia, era como um carimbo do que se podia ou não fazer na sociedade. Toda a linha de segregação entre os gêneros deve ser contornada, embora haja movimentos e grupos dedicados a isso, é necessário que o assunto seja implementado de maneira mais profunda na sociedade.

Ainda na pré-adolescência, não há encorajamento para o público feminino seguir profissões de cunho científico ou financeiro. Esse cenário poderia ser modificado com a atuação de alguns movimentos das secretarias de educação, com o intuito de motivar as meninas de 10 a 13 anos de idade, por exemplo, a seguirem profissões, além de enfermagem ou pedagogia, que são supostamente profissões “femininas”.

É necessário acabar com essa segregação ainda na infância, incentivando, desconstruindo e guiando esses jovens para um mundo onde não haja distinção entre os gêneros. A consciência do debate sobre os mais variados temas e a promoção de reflexões e diálogos respeitosos, oportunizando voz aos oprimidos pelos abusos e preconceitos nas suas mais diversas formas de violências, talvez seja o caminho mais eficaz de combater a estrutura patriarcal ainda existente.

Seria o machismo uma barreira na política atual?

imagem ilustrativa machismo. Imagem: Pixabay.com
Imagem: Pixabay.com

É comum a existência da prática do machismo no universo político, esse cenário não seria diferente, já que os espaços políticos são ocupados quase que exclusivamente pelo gênero masculino, fato recorrente no Brasil.

As mulheres, mesmo sendo 51% da população (IBGE, 2022), ainda ocupam de forma tímida os espaços políticos, mas são esses os espaços de poder?

Infelizmente, o que se vê é que as mulheres sempre estão sub-representadas. Tal fato pode ser entendido pelo que relata a secretária Cristiane Britto, titular da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres (SNPM):

“O projeto Mais Mulheres na Política é uma resposta ao cenário de pouca representação das mulheres na política. Por meio desta iniciativa, desejamos fomentar candidaturas femininas e oferecer ferramentas para que as candidatas possam ter mais êxito”.

A cultura masculina é dominante dentro dos partidos políticos, que priorizam a representação feita por homens que, muitas vezes, não respeitam o valor do programa de cotas mínimas. Isso dificulta a candidatura feminina, mesmo havendo esse programa que visa a inclusão de mulheres na política por meio de uma cota.

Foi pensando nisso que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) lançou, nas últimas eleições, a campanha: “Mais Mulheres na Política” que teve como objetivo garantir que fossem eleitas ao menos uma vereadora em cada um dos 5,7 mil municípios brasileiros nas Eleições 2020.

Essa campanha é uma das vertentes do projeto “Mais Mulheres no Poder”, instituído por meio de portaria do MMFDH. Trata-se de uma estratégia de conscientização sobre a participação política das mulheres em cargos eletivos, de poder e de decisão, com o pleno exercício da democracia representativa e participativa.

A iniciativa da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SNPM) abrangeu ações que envolvem a disseminação de informações sobre o processo eleitoral e também auxiliou nas denúncias de casos de violência política.

Além de promover e fortalecer o conceito de cidadania participativa, por meio do debate sobre o papel da mulher nos espaços políticos e de liderança, tem o objetivo de incentivar a promoção de políticas públicas de combate a todas as formas de violência política e social contra a mulher.

Entende-se que a presença de mulheres na política proporcionará um maior diálogo e um pensar mais abrangente em torno de questões que estejam relacionadas às pautas femininas.

O fato é que: “Nada causa mais horror à ordem que mulheres que sonham e lutam” (José Martí). Não se trata de mulheres desejarem ocupar os lugares dos homens, mas sim das mulheres ocuparem os espaços de poder que, por muito tempo, foram ocupados somente por homens.

A conquista de direitos pelas mulheres

Os direitos das mulheres surgem como uma tentativa de reparação de crenças e práticas, visto que, ao longo do tempo, busca-se uma transformação social de forma efetiva.

Esse é um dos principais desafios para a implementação dos direitos das mulheres. Apesar das conquistas, as mulheres no Brasil ainda vivem uma realidade de desigualdade e discriminação. Por isso, as legislações precisam ser adequadas para que todo o contexto de submissão da mulher ao poderio masculino seja aniquilado.

Contudo, ainda não houve ações efetivas para lidar com as desvantagens e injustiças que as mulheres experienciam apenas por serem mulheres.

Além disso, atualmente, a maioria dos ministérios são ocupados por homens.

A obra Reivindicação dos direitos da mulher de Mary Wollstonecraft pode ser considerada o documento fundador do feminismo. Um grande ponto é o fato de ter sido escrito por uma mulher em uma época em que a vida pública era circunscrita aos homens.

No Brasil, Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, foi a primeira na educação feminista, com protagonismo nas letras, no jornalismo e nos movimentos sociais.

A ONU define em doze os direitos das mulheres:

  1. Direito à vida;
  2. Direito à liberdade e a segurança pessoal;
  3. Direito à igualdade e a estar livre de todas as formas de discriminação;
  4. Direito à liberdade de pensamento;
  5. Direito à informação e a educação;
  6. Direito à privacidade;
  7. Direito à saúde e a proteção;
  8. Direito a construir relacionamento conjugal e a planejar sua família;
  9. Direito a decidir ter ou não ter filhos e quando tê-los;
  10. Direito aos benefícios do progresso científico;
  11. Direito à liberdade de reunião e participação política;
  12. Direito a não ser submetida a torturas e maltrato.

Breve histórico de direitos conquistados

A seguir, confira alguns direitos conquistados a partir do século XX:

  • Em 1919, foi aprovado a Resolução de salários iguais para homens e mulheres;
  • Em 1928, tivemos a primeira prefeita eleita, além disso, a primeira prefeita da América Latina;
  • Em 27 de agosto de 1962, foi criado o Estatuto da Mulher Casada;
  • Em 1977, foi aprovada a lei do divórcio;
  • Em 1979, surgiu a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a mulher, a CEDAW (sigla em inglês) ou Convenção da Mulher. O Brasil se tornou parte da convenção em 1984;
  • Em 1983, foi implantado o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM);
  • Em 1985, foi criada a 1ª Delegacia especializada para a mulher em São Paulo;
  • Em 1994, surgiu a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, ou Convenção de Belém do Pará. No Brasil, a Convenção passou a vigorar a partir do Decreto nº 1973 em 1996;
  • Em 2003, criou-se a Lei nº 10.778 que estabelece a notificação compulsória do caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde, públicos ou privados, em todo o território nacional;
  • Em 2006, foi criada a Lei Maria da Penha;
  • Em 2009, foi criada a Lei nº 12.015 que dispõe sobre os crimes contra a dignidade sexual e altera o Código Penal de 1940;
  • Em 2010, foi eleita a primeira mulher presidente;
  • Em 2013, criou-se a Lei nº 12.845 que estabelece o atendimento obrigatório a pessoas em situação de violência sexual;
  • Em 2015, entrou em vigor a Lei nº 13.104 que incluía no Código Penal o crime de feminicídio;
  • Em 2018, foi permitido que pessoas trans alterem seus nomes apenas indo ao cartório;
  • Em 2021, surgiu a Lei nº 14.192 que previne, reprime e combate à violência política contra a mulher.

Veja também o nosso infográfico que destaca alguns dos principais direitos conquistados pelas mulheres:

Temas relevantes devem ser trazidos dentro das normas jurídicas, conhecê-las é um primeiro passo para salvaguardar os direitos. Algumas inovações jurídicas são:

  • A Lei nº 14.164 sancionada em 2021, cria a Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher em instituições públicas e particulares de ensino básico. O objetivo é incentivar a reflexão de alunos e profissionais da educação sobre a prevenção e o combate à violência contra a mulher. Portanto, esse importante debate passa a compor o currículo escolar. Transforma a formação social do indivíduo desde a infância;
  • Om Projeto de Lei, a PL 37/2022 que fala sobre a prioridade de mulheres responsáveis pela unidade familiar, ou vítimas de violência doméstica, e de baixa renda, nos programas de habitação de interesse social;
  • Também a Lei Complementar nº 1.380 / 2022, dispõe sobre a obrigatoriedade dos condomínios edilícios disponibilizarem, por apartamento, um sistema eletrônico, via interfone ou aparelho similar, um botão de alarme para acionar a portaria do prédio, em casos de ocorrência de violência doméstica contra mulheres, crianças, adolescentes, idosos ou pessoas com deficiência.

Se tais projetos de lei forem aprovados, haverá mais garantias. É preciso, entretanto, muita vigilância, compartilhamento de tais direitos, para que mais mulheres tenham acesso, como também mais instituições e órgãos apliquem essas medidas, a fim de que haja atuação social, debates e diálogos.

Educação e poder da mulher na atualidade

Trazendo o contexto da trajetória da mulher na educação para a atualidade, 80% dos docentes que integram a educação básica brasileira são mulheres, segundo o Censo Escolar divulgado em 2018. Elas também são maioria nas universidades, de acordo com o relatório education at Glance (2019).

Apesar da enorme reviravolta no setor educacional, afinal, faz apenas 59 anos que as mulheres foram legalmente autorizadas a ingressar no ensino superior, os dados mostram que as pessoas do sexo feminino ainda encontram maiores dificuldades para ingressar no mercado de trabalho e sofrem com a diferença salarial, onde os homens são mais valorizados que as mulheres.

Assimilando tudo isso, desde o início de toda a trajetória feminina, as mulheres possuem os direitos que conquistaram hoje devido à luta de outras mulheres que no passado reivindicaram tudo isso, a fim de modificar a realidade futura. E, assim, em pouco tempo, a força feminina conquistou um espaço que anteriormente era negado às mulheres. Isso tudo contribuiu para grandes avanços no contexto social, educacional e político feminino.

A mulher da atualidade possui uma ampliação da sua liberdade de escolha, visto que ela pode optar por exercer a grande multiplicidade de papéis que lhe é atribuída historicamente com atividades domésticas ou escolher priorizar a sua vida profissional.

Assim, essa mulher moderna tem o poder de escolha, em que pode exercer os melhores papéis na sociedade e acumular vitórias, com a sua inserção no mercado de trabalho, ampliação de sua liberdade sexual e reprodutiva, conquista da independência financeira e dos direitos políticos.

Apesar de muitos obstáculos antigos terem sido transpostos, ainda se tem muito pelo que lutar, visto que há quem tente calar a voz feminina, mesmo diante de tantos avanços. Com isso, as mulheres, ainda, continuam na luta, mesmo diante de grandes desafios atuais e avanços históricos, para que jamais calem a sua voz, a voz de todas.

A saúde da mulher nas últimas décadas no Brasil

Falando em saúde, a atenção à mulher na história das políticas de saúde no Brasil foi reduzida, até a década de 70, aos parâmetros da atenção materno-infantil, traduzindo uma visão restrita sobre a mulher na época, baseada somente em sua especificidade biológica e no seu papel social de mãe e doméstica.

Apenas a partir dos anos 80, no auge do movimento feminista brasileiro, as políticas públicas começam a melhorar, com formulações de propostas de atenção integral à saúde da mulher.

Em 1983, o Ministério da Saúde criou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), sendo pioneiro por incluir ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, e não mais a utilização de ações isoladas em planejamento familiar.

Já no início do século XXI houve mais alguns progressos, junto a identificação da necessidade de articular com outras áreas técnicas e de propor novas ações para a atenção das mulheres rurais, com deficiência, negras, indígenas, presidiárias, lésbicas, e a participação nas discussões e atividades sobre saúde da mulher e meio ambiente, além de diretrizes para a humanização e a qualidade do atendimento.

Com o passar dos anos, o avanço das políticas relacionadas à saúde da mulher se desdobrou em outros programas específicos, tanto é que hoje são inúmeros. Apesar disso, o cenário atual ainda está longe do ideal, falta muito para uma efetiva implementação das propostas que visam garantir os direitos civis, políticos e sociais das mulheres, assim como a redução da morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis.

E aí, o que achou destas reflexões sobre o significado do dia da mulher e as lutas femininas? Deixe sua opinião ou dúvida nos comentários!

Referências:

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Conteúdo escrito por:
Coordenadora do Eixo de Produção Textual do Projeto Politize! Mulheres. Embaixadora politize! Ouro Preto, em Ouro Preto/MG. Membra do projeto Politize! Mulheres. Graduada em Engenharia Civil, pela Universidade Federal de Ouro Preto. Participou de projetos de cunho social como: Rotaract, DCE e WeLab by Heineken.

Dia da Mulher: qual a importância do 8 de março?

18 abr. 2024

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