Estratégias políticas para o segundo turno das Eleições 2022

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Lula e Bolsonaro disputam o segundo turno no dia 30 de outubro. Imagem: Exame (Foto Lula: Bloomberg/ Foto Bolsonaro: Evaristo Sa/Getty Images).
Lula e Bolsonaro disputam o segundo turno no dia 30 de outubro. Imagem: Exame (Foto Lula: Bloomberg/ Foto Bolsonaro: Evaristo Sa/Getty Images).

O presidente da República não foi eleito no primeiro turno das Eleições de 2022, o que significa mais tempo de campanha e disputa eleitoral. Por isso, nesse texto a Politize! te explica algumas das estratégias para o segundo turno entre Lula e Bolsonaro.

No dia 2 de outubro ocorreram as Eleições Gerais do Brasil (2022) para os cargos de presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais e distrital. Ao final do mesmo dia, teve início a apuração dos votos e, a partir disso, a confirmação de segundo turno para eleição de governadores de alguns estados brasileiros e para a eleição presidencial. 

Após a apuração de 100% das urnas, foi constatado que chegaram à frente na corrida presidencial os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 57.259.504 votos (48,43%), e Jair Messias Bolsonaro (PL), com 51.072.345 votos (43,20%).

Veja nosso vídeo sobre a disputa entre Lula e Bolsonaro!

Como o necessário para ser eleito é obter 50% dos votos válidos mais um voto, Lula e Bolsonaro não atingiram essa meta e, portanto, disputarão no segundo turno. Assim, os brasileiros terão que esperar até o dia 30 de outubro para ir às urnas novamente e para saber quem será o próximo presidente da República

Mas você sabe como são feitas as campanhas no segundo turno? Quais são as estratégias adotadas pelos candidatos para conquistar mais eleitores? Afinal, como “virar voto”? Nesse texto a Politize! responde essas e outras perguntas.

Leia mais: Como funciona o segundo turno das eleições?

O que declararam Lula e Bolsonaro sobre o segundo turno?

Após a apuração de votos do 1º turno, Lula e Bolsonaro fizeram importantes falas sobre o 2º turno que indicam suas impressões sobre os resultados obtidos e os próximos passos até o dia 30/10.

O candidato Jair Bolsonaro concedeu entrevista após a definição da disputa, na qual declarou compreender o desejo de uma parcela da população por mudanças. 

“Temos um segundo tempo pela frente, onde tudo passa a ser igual, o tempo para cada lado passa a ser igual, e nós vamos agora mostrar melhor para a população brasileira, em especial a classe mais afetada (…)”, enfatizou o atual presidente no início de sua entrevista sobre explicar para o povo brasileiro a atual situação econômica do país e o aumento de preços.

Já o candidato Luiz Inácio Lula da Silva fez seu discurso em São Paulo, antes dele discursaram também Gleisi Hoffmann (presidente do PT) e o candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB). O petista ressaltou que o partido deverá mapear os locais em que recebeu menos votos e que São Paulo será o principal palco de confronto com Bolsonaro.

“Eu nunca ganhei uma eleição no primeiro turno. Toda eleição que eu disputei foi no segundo turno. Todas. Sabe, o que é importante é que o segundo turno é a chance de você amadurecer as tuas propostas e a tua conversa com a sociedade.”, declarou o ex-presidente do país. 

Confira o histórico das eleições presidenciais no Brasil!

Novas estratégias eleitorais

Após o resultado do primeiro turno e somente quatro semanas para fazer campanha para o segundo turno, tanto Bolsonaro quanto Lula precisam reorganizar as estratégias eleitorais que têm adotado desde o início das Eleições.

Se por um lado, uma parcela dos apoiadores do ex-presidente Lula se frustrou com os resultados, pois nutriam esperanças de vitória no primeiro turno, por outro lado, muitos dos seus eleitores enxergaram a vantagem do candidato no primeiro turno com otimismo para a campanha petista

Por sua vez, o eleitorado de Bolsonaro também se frustrou com o resultado, pois muitos acreditavam que as pesquisas não conseguiam expressar de fato a força do bolsonarismo. Ou seja, a base eleitoral do candidato acreditava que, ao contrário das previsões feitas, o candidato poderia sair na frente na disputa eleitoral – o que aconteceu com todos os presidentes que tentaram a reeleição após a redemocratização do país.

Diante desse cenário, ambos os candidatos terão que adotar novas estratégias eleitorais para conquistar votos dos eleitores de outros candidatos e, até mesmo, virar votos do concorrente.

Abaixo abordamos algumas dessas estratégias! 

Virar votos… Mas quais?

Após a apuração do resultado e com a certeza de mais um mês de campanha, uma grande questão que surge é quanto ao destino dos votos de eleitores que não votaram em nenhum dos dois candidatos no primeiro turno das Eleições, especialmente os eleitores de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), terceiro e quarto lugar, respectivamente.

Nesse momento, as campanhas do ex-presidente e atual presidente da República devem se concentrar em converter para si os votos dos eleitores que votaram em candidatos da chamada “terceira via”. 

Veja também nosso vídeo sobre terceira via!

A título de exemplificação, a candidata Simone Tebet conquistou 4,22% dos votos e Ciro Gomes 3,06%, somados os dois eles expressam 7,28% dos votos da população brasileira. Essa é uma porcentagem significativa e a conquista desses votos é crucial na corrida presidencial entre Lula e Bolsonaro.

Além do eleitorado de Simone Tebet, Ciro Gomes e demais candidatos à presidência no primeiro turno, outra estratégia dos presidenciáveis é tentar converter os votos brancos e nulos.

Apoio de políticos e partidos 

Um aspecto importante na estratégia de “virar voto” é angariar o apoio de políticos e siglas partidárias na corrida do segundo turno.

No exemplo anterior foram mencionados Simone Tebet e Ciro Gomes não à toa! Acontece que parte dos eleitores muitas vezes esperam a sinalização de apoio dos seus candidatos, ou seja, a validação de candidato x ou y. 

Por exemplo, quando Simone Tebet declara apoio à Lula, ela demonstra para seu eleitorado que, apesar de suas ressalvas anteriores, confia e acredita que o projeto de governo desse candidato, para ela, é melhor que o do oponente. 

Leia mais: Conheça as propostas dos presidenciáveis nas eleições 2022

O mesmo acontece em relação aos governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais ou distrital. Contar com o apoio dos políticos eleitos a esses cargos também ajuda na mobilização da campanha eleitoral.

No que diz respeito ao Senado, por exemplo, muitos candidatos alinhados a Bolsonaro foram eleitos, a nomear: Rogério Marinho (PL-RN), Damares Alves (Republicanos-DF) e o vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos-RS). Assim, além de demonstrar um crescimento do bolsonarismo, essa expressividade na votação também ajuda o presidente em termos de apoio. 

Como votou cada região do país?

Distribuição dos votos entre Lula e Bolsonaro. Imagem: Politize!

O resultado do primeiro turno também fornece dados importantes para a corrida presidencial entre Lula e Bolsonaro, como: estados que conquistaram mais votos e regiões em que possuem maior força eleitoral. Enquanto Lula venceu em 14 estados do país, Bolsonaro venceu em 12, além do Distrito Federal

O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) conquistou a maioria dos votos em todos os estados do Nordeste, já o candidato do Partido Liberal (PL) obteve melhores resultados nos estados do Sul e Centro-Oeste.

As únicas regiões em que houve consideráveis diferenças foram Norte e Sudeste. No Sudeste, Lula venceu em Minas Gerais, enquanto Bolsonaro venceu em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. 

No que diz respeito ao Norte, o ex-presidente venceu em quatro estados (Amapá, Amazonas, Pará, Tocantins), o atual presidente venceu em três (Acre, Rondônia, Roraima). 

Mas o que esses dados revelam? Como eles podem ser úteis para a campanha de Lula e Bolsonaro?

Regiões brasileiras como estratégia de campanha

A análise dos votos por estado e região são importantes porque permite que os candidatos reorganizem suas estratégias para o segundo turno, tendo dimensão de quais locais precisam intensificar a campanha eleitoral, dialogar com o povo sobre o projeto de governo e entender as necessidades específicas por região.

Os resultados acima, por exemplo, demonstram que a campanha de Lula deve se intensificar ainda mais nas regiões Sul e Centro-Oeste do país, onde teve menos força no primeiro turno. Em contrapartida, a campanha de Bolsonaro precisará ser intensificada na região Nordeste, onde se demonstrou fraca.

Em suma, os dois candidatos, em conjunto com o partido político ao qual pertencem, deverão pensar estratégias para virar votos nos estados dessas regiões – entre as estratégias estão: visitas aos estados, caminhadas com bandeira, motociatas, reuniões com organizações da sociedade civil e comícios.

E aí, você conseguiu compreender o cenário que se desenhou após o primeiro turno das Eleições de 2022? O que você acha das estratégias adotadas pelos candidatos para o segundo turno? Deixe sua opinião nos comentários!

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Conteúdo escrito por:
Graduanda em Relações Internacionais na Universidade de Brasília (UnB). Entre os interesses de pesquisa estão: movimentos negros, direitos humanos, migração e estudos de gênero, raça e classe. Acredita na educação popular como um meio de emancipação coletiva.

Estratégias políticas para o segundo turno das Eleições 2022

30 abr. 2024

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