colagem de Sonia guajajara ao lado de marielle franco e erika hilton

Dia Internacional da Mulher: as mulheres na política brasileira

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A primeira eleição nacional para a escolha de deputados no Brasil aconteceu há mais de 200 anos. Na época, apenas homens livres podiam votar. Desde então, as mudanças realizadas permitiram a participação ativa de mulheres na política. Mas, mesmo com os avanços e com a maioria eleitoral, as mulheres ainda são minoria dentro de cargos políticos.

No Dia Internacional da Mulher, a Politize! preparou um material especial para você conhecer quem são as mulheres que mudaram a política brasileira! Confira:

Aprenda mais com o nosso conteúdo: “Não devemos nada ao feminismo”? | A história do feminismo no Brasil | Era uma vez no Brasil 4

Dia Internacional da Mulher: como surgiu?

O Dia Internacional da Mulher é comemorado no dia 08 de março. A data, oficializada em 1975, é a representação histórica da luta feminista no mundo. Antes de ser reconhecida pela ONU, a celebração já tinha percorrido um longo caminho. Segundo o site oficial da campanha, tudo começou entre o final do século XIX e o início do século XX:

  • Com o avanço das pautas feministas, a opressão e a discriminação começaram a ser discutidas entre mulheres operárias;
  • Em 1908, 15 mil mulheres realizaram um protesto em Nova Iorque, nos EUA, exigindo menos horas de trabalho, pagamento justo e direito ao voto.

Depois disso, as mulheres americanas passaram a comemorar o Dia Nacional das Mulheres no dia 28 de fevereiro. O dia foi escolhido em conjunto com o Partido Socialista dos Estados Unidos e foi celebrado até 1913.

Veja também: O que é socialismo?

foto de Clara Zetkin, uma mulher mais velha com cabelo grisalhos.
Clara Zetkin. Foto: Domínio Público.

Ao mesmo tempo, a jornalista, professora e ativista comunista Clara Zetkin levou a ideia de uma celebração internacional para a Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, que aconteceu em 1910, na Dinamarca.

Mas por que 8 de março?

foto de passeata com dezenas de mulheres na rússia
Mulheres russas em protesto, 1917. Foto: Wikimedia Commons

Inicialmente, a sugestão de Clara não definia uma data oficial. Mas, em 1917, as mulheres russas mudaram isso com um protesto e uma greve que pedia por “Pão e Paz”, em resposta às mortes na Primeira Guerra Mundial.

A manifestação durou quatro dias, até que o czar Nicolau II foi obrigado a abdicar de seu cargo. O governo provisório que assumiu os poderes de Nicolau II garantiu o direito do voto para as mulheres russas.

Toda a movimentação aconteceu no dia 23 de fevereiro do calendário juliano, que era utilizado na Rússia na época. No calendário gregoriano, a data corresponde ao dia 08 de março.

Desde então, essa é a data escolhida para a celebração.

Saiba mais: Revolução Russa de 1917: o que mudou?

A mulher na política brasileira: contexto histórico

No Brasil, diversas mulheres podem ser consideradas pioneiras na defesa da participação feminina na política. Nomes como Isabel de Souza Mattos, Nísia Floresta e Maria Amélia de Queirós já tocavam no assunto no século 19.

Por exemplo, em 1889, a professora Josefina Álvares de Azevedo e as escritoras Júlia Lopes de Almeida e Inês Sabino produziram um jornal sufragista, chamado “A Família”, que defendia o direito político das mulheres.

Foto antiga de celina Guimarães Viana, uma mulher adulta com cabelos curtos
Celina Guimarães Viana, 1910. Foto: Autor Desconhecido.

Mas foi só em 1927 que o Brasil contou com a sua primeira eleitora, a professora Celina Guimarães Vianna, do Rio Grande do Norte. Segundo o site do TRE do Estado, foi a Lei Estadual Lei nº 660, de 25 de outubro de 1927, que mudou tudo:

O Artigo 77 das Disposições Gerais do Capítulo XII da referida lei determinava:

“No Rio Grande do Norte poderão votar e ser votados, sem distincção de sexos, todos os cidadãos que reunirem as condições exigidas por esta lei”

Ainda segundo o site, a conquista se deu pela influência que a ativista e bióloga Bertha Lutz exercia no ex-deputado e então governador do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine. Mas não foi o fim da luta de Celina e das demais mulheres do Rio Grande do Norte. Em 1928, os votos femininos foram anulados pela comissão de verificação do Senado.

Foto antiga de mulheres e homens em volta de uma mesa com uma urna ao centro, votando.
Celine votando, em 1928. Foto do arquivo da Prefeitura de Mossoró, autor desconhecido.

Entre 1929 e 1934, o Brasil contou com duas novas pioneiras em seus cargos: Luíza Alzira Soriano, a primeira prefeita da América Latina e Carlota Pereira de Queirós, a primeira deputada Federal do Brasil.

Quadro com foto da posse de Luiza Alzira, com ela no meio da foto cercada de homens.
Luíza Alzira Soriano em sua posse. Foto: Acervo Arquivo Nacional

E apenas em 1932 as mulheres conquistaram o direito ao voto de forma nacional e facultativa – o que mudou apenas em 1965, quando o voto feminino passou a ser obrigatório.

Entenda mais: Voto feminino: a história do voto das mulheres

Como acontece a participação feminina atualmente?

Segundo o portal TSE Mulheres, nas últimas três eleições (2022, 2020 e 2018), o eleitorado brasileiro foi composto em sua maioria por mulheres (53%). Em contrapartida, as candidaturas femininas foram minoria (34%). As estastísticas de mulheres eleitas e reeleitas também não são positivas, com 18% e 14%, respectivamente.

Os números permanecem quase iguais, mesmo analisando por região, cargo, esfera de poder e tipo de eleição.

Veja também: Representatividade política: o que diz a legislação brasileira?

Mulheres na política: quem são elas?

Entre nomes antigos e atuais, não é possível falar de mulheres na política brasileira sem falar dos nomes que a Politize! escolheu para contar um pouco da história do sufrágio feminino no Brasil. Entre elas estão:

Leolinda de Figueiredo Daltro

Foto de Leolinda, mulher idosa com cabelos curtos e grisalhos.
Leolinda de Figueiredo Daltro. Foto: Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira

Leolinda Daltro foi uma professora e sufragista brasileira que exerceu um trabalho essencial para a participação de mulheres da política.

Depois de ser impedida de participar de reuniões importantes sobre o a educação de povos indígenas, a professora percebeu que as mulheres brasileiras só poderiam conquistar os seus direitos se fossem devidamente educadas.

O episódio serviu para que Leolinda reunisse um grupo de mulheres e registrasse em cartório uma agremiação, chamada Partido Republicano Feminino, que lutava pelos direitos políticos femininos. A professora também criou a escola Orsina da Fonseca, que tinha como objetivo a capacitação de mulheres.

Além disso, suas manifestações iam além de abaixo-assinados e pedidos ao governo. No carnaval de 1917, Leolinda organizou um carro alegórico chamado “O voto feminino”.

Veja também: Educação política: o que é e qual seu propósito

Erika Hilton

Foto da deputada Erika Hilton usando uma roupa formal de braços cruzados, sua pele é negra e ela tem cabelos longos ondulados castanhos.
Erika Hilton, primeira mulher trans eleita deputada Federal. Foto: Mandato Erika Hilton.

A parlamentar Erika Hilton é a primeira mulher trans e negra a ser eleita como deputada federal. Além de ter uma das candidaturas mais votadas de São Paulo, em 2023 foi escolhida como a segunda melhor deputada do Brasil, pelo prêmio Congresso em Foco.

Erika atua na defesa dos direitos humanos, principalmente nas causas antirracistas e nos direitos de pessoas LGBTQIA +. Para uma entrevista à revista GQ, a deputada ressaltou:

“Nós, corpos negros, trans, periféricos, podemos existir e atuar para além dos espaços que nos foram sentenciados, como as esquinas, o cárcere, os manicômios, lugares de desumanização,”

Leia mais em: Direitos LGBT+: o que são?

Olga Benário Prestes

Foto da decada de 30 de olga benario, mulher branca com olhos claros,
Olga Benário. Foto: Arquivo Nacional do Brasil

Maria Bergner, ou Olga Benário Prestes, como era conhecida no Brasil, foi uma revolucionária alemã de origem judia que mudou a participação das mulheres na política. Apesar de não ter nascido no Brasil, sua história faz parte de um importante capítulo do país.

Membro do Partido Comunista Alemão desde 1926 e presa em 1929, Olga trabalhou na Internacional Comunista. Lá, conheceu Luís Carlos Prestes, um dos principais adversário de Getúlio Vargas.

Depois de anos vivendo de forma clandestina, foi presa pela ditadura varguista e entregue grávida a Gestapo Alemã, em plena Segunda Guerra Mundial. Olga morreu em um campo de concentração nazista. Por toda a sua luta política, se tornou um nome emblemático na história brasileira.

Sugestão: Propaganda nazista: como a manipulação midiática controlou uma nação

Dilma Roussef

Dilma sentadana frente da bandeira do Brasil.
Dilma Roussef. Foto: Ichiro Guerra/PR

Dilma Vana Rousseff, filha de pai imigrante búlgaro e mãe brasileira, foi a primeira mulher a assumir a presidência do Brasil, eleita em 2010 e reeleita em 2014, sofrendo um impeachment antes do fim do seu mandato, em 2016.

Além dos cargos já conhecidos, Dilma também desempenhou o papel de ativista na luta armada contra a Ditadura Militar, chegando a ser presa por dois anos e torturada. Em 2023, assumiu a presidência do Banco do Brics.

Veja mais sobre o assunto em: Impeachment de Dilma: uma retrospectiva

Sonia Guajajara

Foto de Sonia Guajajara na Câmara dos deputados discurcusando utilizando um cocár de penas azuis.
Sonia Guajajara. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Sonia Bone de Sousa Silva Santos, conhecida por Sonia Guajajara, é deputada federal e ministra dos Povos Indígenas. Sonia é indígena do povo Guajajara e desempenha um papel importante na defesa dos direitos dos Povos Originários.

Além disso, foi a primeira mulher indígena a concorrer ao cargo de vice-presidente do Brasil pelo PSOL e coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).

Veja: Movimento Indígena: história e principais objetivos!

Marielle Franco

Foto de Marielle Franco, mulher negra de cabelos crespos curto, usando um vestido e sorrindo na frente de uma favela.
Marielle Franco. Foto: Bernardo Guerreiro

Marielle Francisco da Silva, conhecida como Marielle Franco, foi uma socióloga e política brasileira. Como vereadora, defendia o feminismo, os direitos humanos e a era contra atuação violenta da Polícia Militar no estado do Rio de Janeiro.

Em 2018, foi assassinada após sair de um evento. O caso ainda não foi solucionado.

Aprenda mais: Milícias no Brasil: como funcionam?

Para onde podemos avançar?

Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos. Mulheres ainda são minoria nos cargos políticos no Brasil. Para mudar o cenário e criar um debate democrático pluralizado, é preciso investir em incentivos e políticas públicas.

O assunto deve ser debatido cada vez mais no cenário mundial e brasileiro.

Qual a sua opinião? Você conhece outras mulheres que mudaram a política brasileira de alguma forma? Conta pra gente nos comentários!

Referências:

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1 comentário em “Dia Internacional da Mulher: as mulheres na política brasileira”

  1. A vereadora de Ananindeua, Francy Pereira, está no quinto mandato em 2024, nas eleições de 2020 foi a vereadora mulher mais votada, a mais votada do partido e 4º mais votada no geral, é atuante e se preocupa com o social, atuante nas causas da mulher, crianças, idosos e dos que mais necessitam de auxilio.
    Já foi presidente da Câmara por dois mandatos, e já concorreu ao pleito de deputada federal em 2018 e deputada estadual em 2022.

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Por ser apaixonada por leitura desde pequena, escrever se tornou minha profissão e parte da minha identidade. Sou caiçara, jornalista e curiosa sobre como as relações sociais e políticas funcionam.

Dia Internacional da Mulher: as mulheres na política brasileira

23 abr. 2024

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