Criado a partir de um grupo que foi expulso do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1995 surgiu o Partido da Causa Operária (PCO), organização de viés socialista alinhado à visão trotskista.
Apresentando-se como uma alternativa aos partidos de esquerda do país, o PCO disputa não só as eleições presidenciais, como também está presente nos sindicatos, e no movimento estudantil, tendo uma juventude chamada Aliança da Juventude Revolucionária (AJR).
Criticos ao sistema capitalista brasileiro, o PCO posiciona-se contrário à política de direita do país, além do desacordo com as posições do PT e outros partidos sociais-democratas.
Quer conhecer mais sobre a história da expulsão do PT? O que é uma organização socialista com viés trotskista? Como o PCO atua nos dias atuais? Nesse texto, a Politize! traz um pouco da história do PCO.
Origem do PCO
A origem desse partido, possui algumas etapas antes que a organização se tornasse o Partido da Causa Operária.
A Causa Operária (CO) : onde tudo começou
Antes da criação do partido, existia a organização da Causa Operária (CO) com surgimento em 1979, após o rompimento com a Organização Socialista Internacionalista e a criação da Tendência Trotskista do Brasil (TTB). Essa organização estava dentro do PT como uma das vertentes do partido em suas origens.
Nesse período, o mundo passava por um momento de grande tensão entre a disputa de dois blocos: o bloco capitalista, comandado pelos Estados Unidos, e o bloco socialista, liderado pela União Soviética durante a Guerra Fria. Na América Latina, diversos países viveram décadas de ditadura militar, pelo preceito do combate à uma possível revolução socialista que poderia acontecer.
No final da década de 1970, que é quando a CO foi criada, o Brasil vivenciava esse cenário da intensificação de mobilização pelo fim da ditadura militar no país, e os movimentos da população exigiam eleições diretas.
Essa organização surgiu para pautar que os trabalhadores e operários deveriam se unir e realizar uma revolução socialista no país, mudando o modo de produção capitalista vigente no Brasil.
Veja também nosso vídeo sobre o que é socialismo!
Expulsão do Partido dos Trabalhadores (PT)
As divergências políticas dentro do PT aumentaram as tensões entre essa vertente e o restante do partido. Do lado da CO, a organização criticou a postura que o PT adotava de defender apenas reformas, ou seja, ser reformista, e de não utilizar o partido para pautar a necessidade da revolução socialista brasileira.
Por outro lado, a direção do PT defendeu a expulsão dessa organização, assim como outras que defendiam posturas que provocavam “rachas” no partido e não compactuavam com as decisões que eram tomadas. Sendo assim, em 1992, foram expulsos diversos membros do PT que pertenciam a essa ala ligada mais à extrema esquerda.
Junto a essas vertentes expulsas do PT, formou-se a Frente Revolucionária que fundou o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) , porém a CO foi vetada de integrar esse partido.
Foi aí, então, que o Partido da Causa Operária foi fundado, em 1995. O PCO adota o número eleitoral 29.
O que é uma organização trotskista?
Uma das principais bandeiras do partido é ser uma organização socialista de viés trotskista. Mas o que isso significa?
Os partidos socialistas possuem várias discordâncias acerca do método para a revolução socialista, possuindo várias interpretações e vertentes que se originam desde o princípio das organizações comunistas, antes mesmo da Revolução Russa.
Uma das principais ideologias dentro das organizações socialistas é a trotskista, baseada nas ideias e interpretações do líder revolucionário Leon Trotsky. Trotsky defendia a ideia da revolução permanente que deveria acontecer a nível mundial.
O PCO se entende enquanto uma organização trotskista por defender esses princípios levantados por Trotsky e acreditar que uma revolução no Brasil só seria possível com o apoio e a expansão dessa revolução para outros países.
Disputas eleitorais
O PCO disputou todas as eleições municipais, estaduais e federais desde sua criação. Em 2002, lançou sua primeira candidatura à presidência da República, com o político Rui Costa Pimenta, um dos fundadores do partido, que obteve um saldo de 38.619 votos, o que representou 0,05% dos votos válidos.
Somente em 2004, o partido conseguiu eleger seu primeiro e único vereador, na cidade de Benjamin Constant, no Amazonas, chamado João Vieira da Silva.
Porém, ao tentar se candidatar em 2006 a, o TSE negou o pedido alegando haver erro na prestação de contas do partido.
O PCO começou a utilizar o seu tempo de propaganda eleitoral para divulgar que o TSE estava realizando uma perseguição ao partido. Esse protesto foi retirado do ar, pois o TSE configurou como ofensas ao tribunal e utilização indevida da campanha eleitoral.
Nas eleições seguintes, o partido continuou tendo candidatos aos cargos do Legislativo e Executivo, ainda sem sucesso de ser eleito. Em uma entrevista para a Rede Globo, Rui Costa afirmou concorrer às eleições sem se iludir e que o objetivo por traz dessas candidaturas era divulgar o programa do partido, ou seja, as ideias do partido.
Em 2018 e 2022, o PCO optou por apoiar a candidatura do PT, apesar do histórico com esse partido, por acreditar que, nesses momentos, a eleição dos candidatos do PT poderia significar um avanço nas condições para a luta de classes. Na visão do partido, era preciso vencer os candidatos presidenciáveis da direita.
O que o PCO defende?
Listamos abaixo as principais pautas defendidas pelo partido:
- Legalização do aborto: defende que a legalização do aborto seja necessária por uma questão de saúde pública e da concepção de que é uma escolha da mulher;
- Legalização das drogas: o partido argumenta que a criminalização existe no país por preceitos morais, e que a escolha individual sobre o uso de drogas deveria ser permitida;
- Armamento civil: o PCO defende que a política de desarmamento só funciona para a população pobre não ter acesso a armas, e sem armas “o povo não teria condições de se defender” nas palavras de Rui Costa;
- Reforma Agrária: esse é um ponto comum em programas de partidos socialistas, por se tratar de uma compreensão da necessidade de redistribuição de terras no país, que atualmente é concentrada nos latifundiários;
- Eleições para o judiciário: o partido critica a falta de democracia na escolha dos juízes do país, por isso defende o fim do STF, propondo que o papel exercido por esse tribunal seja feito pelo Congresso Nacional e por representantes eleitos.
Problemas com o STF
Durante 2022, o ministro do STF Alexandre de Moraes incluiu o PCO no Inquérito das Fake News, investigação sobre notícias falsas que circulam na internet, bloqueando as mídias sociais do partido.
Isso ocorreu após o PCO publicar notícias relacionando o ministro a tentativas de golpe e chamando-o de “skinhead de toga”. Por causa dessas ofensas e circulação dessas notícias, o STF bloqueou os perfis do partido no Facebook, Twitter, Instagram, Telegram e Tik Tok.
Assim como consta no programa do partido, o presidente do PCO reafirmou após esse episódio que o STF deveria ser extinto. Esse tipo de afirmação tensiona a relação do partido com o supremo que julga essas declarações como um atentado às instituições democráticas do país.
Após alguns meses, o uso das redes foi liberado ao partido, mas as plataformas já haviam recorrido à alternativa de manutenção dessas redes, visando suspender apenas as publicações ligadas ao STF.
Uso de mídias
O partido conta, além de suas mídias sociais, com um jornal online chamado Diário Causa Operária, o jornal físico semanal Causa Operária, e o canal do YouTube chamado Causa Operária TV.
Através desse uso de mídias, e das disputas eleitorais, o partido continua existindo após todos esses anos defendendo seu programa para a revolução socialista no Brasil, mesmo com esse histórico turbulento em relação ao TSE e ao STF.
Conseguiu conhecer um pouco mais sobre a história do PCO? Conte nos comentários o que achou e fique ligado nos conteúdos sobre eleições que a Politize! produziu.
