O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) é um dos 29 partidos políticos ativos no Brasil, sua criação foi idealizada por dissidentes do PT. Autodefinido como de esquerda, o partido disputou sua primeira eleição em 2006. Quer saber mais? Acompanhe a Politize! e descubra tudo sobre a jornada do PSOL, desde a sua fundação até os dias atuais.
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Qual a origem do PSOL?
Em 2003, o PT expulsou quatro membros do partido: a senadora Heloísa Helena e os deputados João Fontes, Luciana Genro e João Batista de Araújo, o Babá. Isso ocorreu quando, os quatro votaram contra o projeto do governo para a reforma da previdência, revelando divergências na cúpula do partido. Cerca de 67% dos membros do Diretório Nacional votaram pela expulsão em uma reunião conturbada, onde outros membros vaiavam o grupo e os chamavam de “stalinistas”.
Após 15 meses recolhendo assinaturas, os quatro dissidentes fundaram o PSOL, registrado no TSE em 15 de setembro de 2005. Seu surgimento foi, de certa forma, uma fissura na esquerda brasileira, introduzindo uma nova alternativa para os eleitores mais progressistas.
Confira: Para que servem os partidos políticos?
O que é defendido pelo PSOL?
O programa político do PSOL evidencia os princípios e as propostas defendidas pelo partido no âmbito da política nacional. Destacam-se entre eles:
- O socialismo com democracia para a superação do capitalismo;
- O rompimento com a dominação imperialista;
- Apoio aos trabalhadores;
- A defesa do internacionalismo;
- Redução imediata da jornada de trabalho para 40 horas, sem redução dos salários;
- Reforma agrária;
- Reforma urbana;
- Rompimento com o FMI;
- Democratização dos meios de comunicação;
- Preservação do meio ambiente;
- Direito das mulheres;
- Combate ao racismo;
- Liberdade sexual e direitos LGBT+.
Além de muitos outros pontos que estão disponíveis na íntegra do documento.
Leia mais: Diversidade sexual no mundo: os direitos LGBT+
PSOL e a luta por relevância
Desde sua fundação, o PSOL tem trabalhado para se estabelecer como uma força política relevante. Sua primeira participação eleitoral foi na eleição que aconteceu no ano seguinte a sua formação, em 2006.
Na época, a agremiação lançou Heloísa Helena como candidata à presidência, conquistando mais de 6 milhões de votos, ficando atrás apenas dos candidatos Geraldo Alckmin e Lula, que foram para o segundo turno.
Embora tenha conquistado representação em algumas esferas do governo, o partido ainda busca expandir sua influência e alcançar um apoio mais amplo entre os eleitores brasileiros.

As eleições de 2022 consagraram a agremiação como segundo maior partido de esquerda do Brasil. Exemplo disso é que, um dos principais nomes do partido, Guilherme Boulos, foi o deputado federal mais votado de São Paulo, com mais de 1 milhão de votos.
As disputas internas do PSOL
Assim como todos partidos, o PSOL também enfrenta desafios internos. Com a última eleição, as diferenças se mostraram mais presentes.
Em 2023, na eleição para a presidêncial naciona do PSOL, a chapa liderada por Paula Coradi, denominada “Todas as Lutas”, obteve 300 votos, enquanto o grupo conhecido como “Bloco Democrático de Esquerda” recebeu 147 votos.
Ambas as chapas são representantes de algumas tendências dentro do PSOL. A criação dessas vertentes é garantida pelo estatuto do partido:
§ 1º As tendências poderão constituir-se a qualquer tempo em âmbito municipal, estadual ou nacional, devendo ser comunicado ao respectivo organismo dirigente e ao Diretório Nacional.
As diferenças entre as chapas são claras. A chapa “Todas as lutas” representa, a vertentes “Primavera Socialista” e “Revolução Solidária”. Ambas são correntes menos radicais e defendem uma relação estreita com o Partido dos Trabalhadores (PT). Além disso, propõem o apoio do PT a candidaturas municipais do PSOL nas eleições de 2024, incluindo a de Guilherme Boulos na cidade de São Paulo.
Já a chapa “Bloco Democrático de Esquerda” integra a vertente MES (Movimento Esquerda Socialista) e, entre outros, pontos defende a independência do partido em relação ao governo Lula.

A vitória de Coradi é atribuída ao apoio das militâncias Primavera Socialista e Revolução Solidária, que são consideradas mais moderadas em suas abordagens.
Essas correntes defendem uma relação próxima com o Partido dos Trabalhadores (PT) e buscam o respaldo do PT para as candidaturas municipais do PSOL para 2024.
Tais questões internas têm, por vezes, impactado a capacidade do PSOL de formular uma estratégia política coesa e amplamente aceita.
As personalidades do PSOL
Nomes relevantes para a história da política brasileira estão trilhando sua história junto ao PSOL. Confira:
Erika Hilton

Em 2022, Erika Hilton foi eleita como a primeira deputada federal negra e trans do Brasil. Em sua atuação política, tem como principal pauta a defesa dos direitos humanos, principalmente de pessoas negras e LGBTs.
Antes de seu mandato como deputada, já havia sido eleita a vereadora mais votada do país, em 2020, em São Paulo, cidade em que nasceu, com 256.903 votos.
Além disso, ocupou a posição de presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo por dois anos seguidos.
Em fevereiro de 2024, se tornou a primeira líder parlamentar trans na história do Congresso.
Veja também: Representatividade política: o que diz a legislação brasileira?
Luiza Erundina

Luiza Erundina é deputada federal, eleita por São Paulo, com quase 114 mil votos para o mandato de 2023-2026. Começou sua trajetória como professora e sindicalista, antes de ingressar na política, onde se destacou como vereadora, na década de 1970.
Em 1988, tornou-se a primeira mulher a ser eleita prefeita da cidade de São Paulo.
Erundina já foi deputada federal por diversos mandatos, sempre defendendo pautas sociais, direitos humanos e igualdade de gênero.
Veja também: Voto feminino: a história do voto das mulheres
Sônia Guajajara

Sonia Bone de Sousa Silva Santos, indígena do povo Guajajara, é uma líder indígena e ativista brasileira, nascida em 1974, no Maranhão. Como coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), atuou na denúncia das violações dos direitos indígenas e na promoção da cultura e identidade dos povos originários.
Em 2018, foi candidata a vice-presidente da República pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), sendo a primeira indígena a concorrer a esse cargo na história do Brasil. Em 2022, foi eleita deputada federal e hoje ocupa o cargo de ministra dos Povos Indígenas.
Saiba mais: O que você sabe sobre o Ministério dos Povos Indígenas?
Guilherme Boulos

Nascido em São Paulo, em 1982, Guilherme Boulos tem sua história política marcada pelo ativismo em defesa dos direitos humanos, justiça social e moradia digna, atuando de forma constante com o MST e o MTST.
Em 2018, foi candidato à presidência da República pelo PSOL, junto com Sônia Guajajara. Em 2022, foi eleito, sendo o deputado federal mais votado de São Paulo.
Já em 2024, anunciou sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo, juntamente com Marta Suplicy.
Entenda: Você sabe por que o seu voto é secreto?
A próxima eleição pode ser decisiva para a consolidação do PSOL como grande força da esquerda brasileira. Qual a sua opinião? Deixe nos comentários!
Referências:
- Brasil de Fato: Três táticas dividem a esquerda socialista;
- Câmara dos Deputados: Erika Hilton;
- Câmara dos Deputados: Guilherme Boulos;
- Campanha de Mulher: Sonia Guajajara;
- Estadão: História do PSOL: como surgiu o partido, a dissidência do PT e o que ele defende;
- Estado de Minas: Guilherme Boulos é eleito deputado federal mais votado por São Paulo;
- Folha de São Paulo: Eleições 2018 – Ficha de Candidatos – Guilherme Boulos;
- Folha de São Paulo: PSOL comemora crescimento e diz ser segundo maior partido da esquerda do país;
- Folha de São Paulo: PT ignora apelos e expulsa quarteto radical do partido;
- Gazeta do Povo: Eleições em São Paulo: quem são os pré-candidatos e quem ainda pode aparecer na disputa;
- Governo Federal: Sonia Guajajara (Mini currículo);
- Jacobina: Socialista, feminista e nordestina: a primeira prefeita da maior capital do Brasil;
- O Globo: Congresso do PSOL termina com briga, batalha de gritos de guerra e vitória do grupo de Boulos;
- Politize!: O que você sabe sobre o Ministério dos Povos Indígenas?;
- Politize!: Para que servem os partidos políticos?;
- Politize!: Representatividade política: o que diz a legislação brasileira?;
- PSOL: Estatuto do partido;
- PSOL: PSOL é o partido que mais cresceu em 2023 sem precisar de fusão com outras legendas;
- TRE GO: Eleições 2006 – Divulgação de resultados.
4 comentários em “História do PSOL: a promessa do combate à extrema direita”
Nada de extrema é bom, extrema direita não é bom mas vamos cuidar para não defender a extrema esquerda também.
Defender o Estado democrático de Direito é lutar sim contra a Extrema direita, a desinformação em massa, Fakenews, contra um conservadorismo idiota e preconceituoso, lutar contra o neoliberalismo é fundamental porque a radicalização da Direita é sempre empobrecer e explorar cada vez mais os trabalhadores flexibilizando dos Direitos Sociais. Mas ser PSOL é acima de tudo acreditar que possível lutar contra o capitalismo que devora os homens, polui os rios e os mares, queima e mata as florestas sua flora e fauna. S
Os membros mais importantes do PSol odeiam o capitalismo, mas vivem de forma luxuosas , pregam sobre pautas sociais para cativar os menos favorecidos , mas não votam ou agem em favor de projetos que melhoram a vida de um Cidadão comum em geral e infelizmente seus militantes se tornaram papagaios e violentos quando o assunto é debater ideias .
Já tem uma semana que eu busco informações sobre os membros de cada tendência e cada chapa, assim como a base ideológica delas, mas não encontro. Acho que essas informações deveriam estar disponíveis no site do PSOL como forma de transparência e respeito aos eleitores. Ao votar em um político do PSOL, eu me vejo no direito de saber se ele é do MES, do Bloco Democrático de Esquerda, ou Todas as lutas, Primavera Socialista, Revolução Solidária… assim como, me vejo no direito de saber se são de base socialista, morenista, trotskista, entre outros. Já que o partido tem tantos grupos diferentes, de base ideológica diferente, essa informações se tornam muito importes para o eleitor, porém não as encontramos no site oficial nem nas breves biografias dos candidatos. Pq escondem essas informações?