A história do Partido Renovação Democrática (PRD)

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O Partido Renovação Democrática (PRD) foi formado em 2023 a partir de outras duas siglas: o PTB e o PATRIOTA. Nessa história, já passaram políticos como os ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart, assim como o ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola.

Figuras políticas conhecidas compuseram a sigla do PTB. Entretanto, nas eleições de 2022, o partido precisou se combinar com outra sigla para acesso a recursos financeiros. Venha entender como se deu esse processo ao longo dos anos!

Origem do partido PRD

Desde outubro de 2022, a fusão dos partidos políticos PTB e PATRIOTA já estava acertada para criar um partido, o “Mais Brasil”.

A partir de conversas internas, foi decidido alterar o nome do partido para PRD: Partido Renovação Democrática, com o número 25 na urna. No dia 09 de novembro de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral aceitou a solicitação e o registro foi publicado no Diário Oficial da União.

Identificação visual partido PRD. Fonte: Congresso em Foco

A fusão do PTB e do PATRIOTA se estabeleceu pelo fato de que nenhum dos dois partidos atingiu o quociente eleitoral (preenchimento de vagas no poder legislativo mediante cálculo proporcional da quantidade de votos recebido pelos partidos) suficiente nas eleições anteriores.

Em 2022, o PTB elegeu um deputado federal pelo Rio de Janeiro, enquanto o PATRIOTA elegeu um pelo Maranhão e três por Minas Gerais.

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Quando o quociente eleitoral é insuficiente, a cláusula de desempenho (ou barreira) não é atingida, de modo que, além do partido político não ter acesso ao fundo partidário, também não dispõe de tempo gratuito de rádio e TV, comprometendo sua expressão nacional e acesso a recursos para financiar suas estruturas internas.

Desta forma, os partidos têm a opção de se fundirem, de serem incorporados ou de formarem uma federação. A federação é uma associação partidária que permite aos partidos atuarem de forma unificada durante e após as eleições, sem precisar se fundirem. Os partidos devem permanecer com essa união por no mínimo quatro anos.

PTB e PATRIOTA decidiram pela fusão dos partidos e, por consequência, o Partido Renovação Democrática entrou no rateio do fundo e obteve acesso a R$ 22 milhões. Esta união envolveu também a negociação para que Roberto Jefferson (presidente de honra do PTB até então), não compusesse cargo na executiva nacional do PRD. Cristiane Brasil – filha de Roberto Jefferson – também não integrou o partido.

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Um lado nessa fusão: Partido Trabalhista Brasileiro

Antes de se unir ao PATRIOTA, o PTB contava com políticos conhecidos na mídia, como: Roberto Jefferson (presidente de honra), Cristiane Brasil (filha de Roberto Jefferson), Eduardo Cunha, Daniel Silveira e o ex-presidente Fernando Collor, nomes alinhados à direita no espectro político brasileiro.

Mas a despeito de sua criação, o PTB foi um partido associado à esquerda, em prol da consolidação das leis trabalhistas.

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Em maio de 1945, o partido político foi fundado vinculado à figura de Getúlio Vargas e à articulação no Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, justamente por carregar esta bandeira trabalhista nacionalmente.

A ligação entre Vargas, o ministério e o partido se apresenta nos esforços do Estado-novo em organizar os trabalhadores sindicais, sendo o PTB a organização destes trabalhadores e sindicalistas. O carisma de Vargas nesse processo foi fundamental para a consolidação do partido e, enquanto vivo, esta sigla foi a que mais representou a pauta trabalhista.

Ilustração Carteira de Trabalho. Fonte Pixabay

Vale destacar que, nesta época, a sigla não era formada apenas por operários, mas também segmentos conservadores ligados à classe média urbana em busca de benefícios aos empresários juntos a essa classe.

Após a morte de Getúlio Vargas em 1954, João Goulart em 1961, prossegue com as linhas trabalhistas originalmente propostas no PTB. Contudo, o Ato Institucional nº 2, durante a ditadura militar, encerrou o partido.

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Entre as décadas de 1970 e 1980, houve disputa judicial entre Ivete Vargas (sobrinha-neta de Getúlio Vargas) e Leonel Brizola (ex-governador do RS). Ivete transitava nos setores mais conservadores do partido, já a bandeira do trabalhismo, se vinculava ao nome de Brizola. A Justiça Eleitoral (com influência de setores mais conservadores e militares) decidiu que Ivete Vargas ficaria com o PTB. Enquanto isto, Brizola fundou o PDT.

Em 1985, o PTB conquistou a prefeitura de São Paulo com Jânio Quadros que, no entanto, tinha pouco compromisso com o programa partidário. Jânio demonstrou esse desinteresse ao, tão logo tomar posse em 1 de janeiro de 1986, se desfiliar do PTB, meses após.

Em julho de 2018, o PTB anunciou apoio ao candidato a presidente da República Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno. No segundo turno, apoiou o candidato vitorioso Jair Bolsonaro (então filiado ao PSL).

Após a extinção do Ministério do Trabalho, absorvido pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, o presidente de honra do partido e ex-deputado federal, Roberto Jefferson, defendeu o fim da Justiça do Trabalho, em contraposição às origens do partido. O espectro político do PTB ao final era definido como de direita.

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O outro lado nessa fusão: PATRIOTA

O PATRIOTA surgiu a partir do Partido Ecológico Nacional (PEN), registrado no Tribunal Superior Eleitoral em junho de 2012.

Adilson Barroso, presidente do partido na época, afirmou que o partido “defendia várias causas, mas sempre com foco na sustentabilidade”, sem alinhamento com oposição ou governo. O PEN chegou a afirmar que convidaria Marina Silva a fazer parte da sigla.

A alteração do nome para PATRIOTA foi realizada no TSE em abril de 2018. Se caracterizou também no espectro político a direita, com bandeiras nacionalistas, conservadoras socialmente e liberais economicamente. Em 2019 incorporou o Partido Republicano Progressista.

Em 2021, Flávio Bolsonaro – filho do ex-presidente Jair Bolsonaro – filiou-se ao partido, levantando a possibilidade de seu pai também se unir à sigla. Contudo, houve diferenças internas no partido em relação à filiação de Bolsonaro e, por fim, nas eleições de 2022, Jair Bolsonaro não aderiu ao PATRIOTA e foi para o PL.

Diferente de 2018, quando o partido tinha o candidato Cabo Daciolo à presidência, nas eleições de 2022, o PATRIOTAS não apresentou candidatura. Contudo, elegeu 4 nomes para no legislativo, com isto, no ano seguinte resolveu se fundir ao PTB para poder ter acesso a recursos do fundo partidário e maior projeção nacional.

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E o PRD atualmente?

O Partido Renovação Democrática permaneceu com quatro deputados federais. Não possui a presidência ou vice-presidência de nenhuma Comissão Permanente na Câmara dos Deputados, mas possui integrantes nas Comissão de Desenvolvimento Urbano, Comissão do Trabalho e Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Congresso Nacional. Fonte: Pixabay

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Seu espectro político, assim como seus partidos de origem, é alocado ao campo da direita. Com bandeiras: conservadorismo social, religião cristã, liberalismo econômico e anticomunismo.

No ano de 2022, o candidato à presidência do PTB foi o Padre Kelmon, e agora, há declaração a pré-candidatura à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024, que está sendo tratado pela Executiva nacional do PRD.

Apesar de recente, o Partido Renovação Democrática (PRD), após a fusão, se qualificou como o terceiro maior partido do Brasil em número de filiados, 1,3 milhão de pessoas, passando à frente do PSDB como o terceiro maior partido do país na contagem de filiados.

Ovasco Roma Altimari Resende é o presidente nacional do PRD é desde a criação do partido, que anteriormente ocupava a cúpula diretória do PATRIOTA.

E aí, ficou alguma dúvida em relação ao Partido Renovação Democrática? Fique à vontade para compartilhar com a gente! Deixe suas dúvidas e opiniões nos comentários!

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Conteúdo escrito por:

Gustavo Henrique Heluane de Souza

Olá, prazer! Sou Gustavo, mestrando pela USP, onde pesquiso políticas públicas participativas e o Plano Clima de São Paulo. Minha trajetória acadêmica une Relações Internacionais, Ciência Política e Gestão Ambiental. Desde a graduação, me interessei pelos debates teóricos que revelam a complexidade da política e me aproximei da agenda ambiental internacional. Gosto de escrever sobre política, economia, história, meio ambiente e relações internacionais, campos que se conectam e ajudam a compreender o cenário global e os dilemas do nosso tempo. Na Politize!, procuro trazer conhecimento acessível para fortalecer a educação política.
Souza, Gustavo. A história do Partido Renovação Democrática (PRD). Politize!, 12 de março, 2024
Disponível em: https://www.politize.com.br/prd/.
Acesso em: 1 de set, 2025.

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