Quais os impactos da pandemia de COVID-19 na sociedade?

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A pandemia de COVID-19, um evento sem precedentes na história moderna, causou uma crise de saúde global e desencadeou uma profunda transformação na política global. O impacto da pandemia se estendeu a todos os níveis da sociedade, moldando novas lideranças e movimentos sociais, e redefinindo a governança global.

Quer saber como foi esse impacto? Continue a leitura.

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O que foi a pandemia de COVID-19?

A pandemia de COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, surgiu na China em dezembro de 2019 e se espalhou rapidamente pelo mundo, transformando-se em uma crise global de saúde. A doença se caracteriza por sintomas respiratórios, como tosse, febre e dificuldade para respirar, e pode levar a complicações graves, incluindo pneumonia, insuficiência respiratória e morte.

Em 26 de fevereiro de 2020, foi confirmado o primeiro caso de coronavírus no Brasil, era um homem de 61 anos que viajou à Itália, e deu entrada no Hospital Albert Einstein no dia anterior.

Logo em seguida, no dia 11 de março de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que se tratava de uma pandemia, decretando critérios de isolamento e quarentena. Países como Taiwan e Vietnã foram destaque por suas rápidas respostas, com medidas de contenção precoce, como testagem em massa e quarentenas rigorosas. No dia 17 de março foi decretada a primeira morte no Brasil causada pelo Covid-19.

No dia 14 de janeiro de 2021, houve colapso no sistema de saúde de Manaus, quando faltou oxigênio nos hospitais. Na época, as unidades estavam superlotadas após recordes de internações por Covid.

Em março de 2023, foram confirmados 700 mil mortes causadas pela doença no Brasil. Ao todo, o país teve 38.991.809 contágios e 714.078 mortes desde o início da pandemia, em março de 2020, dados relacionados até 44ª semana epidemiológica (26 de outubro de 2024 até 02 de novembro de 2024), com isso, o Brasil ocupa a 19ª posição do ranking mundial de mortes proporcionais pela covid-19.

Os Estados Unidos lideram em número absoluto de mortos pela doença. Ao todo, foram registradas 1.205.461 mortes por covid-19 no país desde fevereiro de 2020, segundo dados do Our World in Data, de acordo com dados atualizados até 20 de outubro de 2024.

Em 5 de maio de 2023, a OMS declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) referente à COVID-19, mas não significa dizer que a pandemia acabou, ela só deixou de ser emergência e possuindo baixo risco de transmissão.

Desde o começo da pandemia foram detectadas algumas variantes da Covid-19, como alfa, beta, gama, delta, ômicron, mu, lambda e a mais recente xec, que foi diagnosticada pela primeira vez em junho de 2024.

Saiba mais: Fim da pandemia da Covid-19: entenda a declaração da OMS

A COVID-19 é uma doença causada pelo vírus SARS-COV-2, imagem de um vírus
Representação gráfica de um vírus. Imagem: Pixabay.

A pandemia de COVID-19 impactou a política global?

A pandemia expôs as fragilidades e as desigualdades existentes nos sistemas de saúde, nas economias e nas sociedades ao redor do mundo. O impacto da pandemia na política global pode ser resumido em quatro grandes áreas.

Crise de saúde pública: a pandemia expôs a vulnerabilidade dos sistemas de saúde em muitos países, especialmente em países em desenvolvimento. A falta de recursos, a infraestrutura inadequada e as desigualdades sociais exacerbaram a crise de saúde pública, elevando drasticamente o número de casos e óbitos. Anthony Fauci, imunologista estadunidense, ressaltou que a pandemia exigiu respostas rápidas e científicas, mas muitos governos enfrentaram desafios para implementar medidas eficazes, especialmente em países em desenvolvimento.

Crise econômica: o impacto econômico da pandemia foi devastador, levando a recessões globais, perda de empregos, aumento da pobreza e desigualdade. A interrupção das cadeias de suprimentos, o fechamento de empresas e a redução do consumo tiveram um impacto significativo na economia global. Economistas como Joseph Stiglitz argumentam que a pandemia ampliou desigualdades econômicas globais, exigindo maior cooperação internacional para evitar crises financeiras persistentes.

Crise política: a pandemia gerou uma crise de confiança nas instituições políticas, especialmente nos governos. A resposta desigual à crise, a falta de transparência e a polarização política aumentaram o descontentamento e a desconfiança na classe política. Armínio Fraga, economista e ex-presidente do Banco Central do Brasil, apontou a importância de políticas fiscais robustas para apoiar economias emergentes.

Crise social: a pandemia exacerbou as desigualdades sociais existentes, levando a um aumento da pobreza, da fome e da violência. A interrupção dos serviços sociais, o fechamento de escolas e a perda de empregos tiveram um impacto desproporcional sobre os mais vulneráveis, exacerbando as tensões sociais. A ativista Greta Thunberg relacionou a recuperação econômica à sustentabilidade, defendendo um modelo de desenvolvimento mais inclusivo e ambientalmente responsável.

Veja também: Combate à pandemia no Brasil em 2 anos de Covid-19

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Disseminação de fake news durante a pandemia de Covid-19. Imagem: Santiago, Reprodução Internet.

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O processo de vacinação contra a COVID-19

A vacinação no combate à pandemia de COVID-19 contribuiu para reduzir os casos graves e os óbitos, o desenvolvimento de vacinas contra a COVID-19 foi o mais rápido da história

Em menos de um ano após o início da pandemia, diversas vacinas foram aprovadas para uso emergencial, graças ao esforço conjunto de cientistas, governos e organizações internacionais.

Entre as principais vacinas desenvolvidas estão a Pfizer-BioNTech (tecnologia de RNA mensageiro), a Moderna, a AstraZeneca, a CoronaVac (desenvolvida pela Sinovac), a Johnson & Johnson e a Sputnik V.

Cuba, por exemplo, desenvolveu rapidamente suas próprias vacinas contra a COVID-19, como Abdala, Soberana 02 e Soberana Plus, tornando-se o menor país do mundo a criar e distribuir imunizantes em larga escala.

A distribuição global das vacinas enfrentou desafios logísticos sem precedentes, incluindo transporte em temperaturas extremamente baixas, infraestrutura limitada em países em desenvolvimento e a necessidade de campanhas de conscientização.

O Brasil foi um dos países mais afetados pela pandemia, mas também se destacou por sua capacidade de vacinar em larga escala graças ao Sistema Único de Saúde (SUS). A parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sinovac permitiu a produção local da CoronaVac. O mesmo ocorreu com a AstraZeneca, produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Iniciada em janeiro de 2021, a campanha de vacinação no Brasil enfrentou desafios como a compra tardia de vacinas e hesitação vacinal, mas alcançou resultados expressivos com milhões de doses aplicadas.

O governo brasileiro negociou contratos com diversos fornecedores, incluindo Pfizer, Janssen, e o consórcio Covax Facility. Apesar de atrasos iniciais, o país conseguiu expandir rapidamente a imunização.

Até o final de 2023, mais de 80% da população brasileira havia recebido pelo menos uma dose da vacina. A continuidade da vacinação, incluindo doses de reforço e vacinas adaptadas para novas variantes, será essencial para manter o controle da doença.

A maioria dos países africanos sofreu com a escassez de vacinas e infraestrutura para armazenamento, como a necessidade de ultracongeladores para algumas vacinas​.

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Imagem: Pixabay

O surgimento de novas lideranças políticas e movimentos sociais

A pandemia impulsionou o surgimento de novos movimentos sociais, que se mobilizaram para defender os direitos dos trabalhadores, dos mais vulneráveis e dos grupos marginalizados. A crise gerada pela pandemia intensificou as lutas por justiça social, igualdade e direitos humanos.

O movimento Black Lives Matter, que surgiu originalmente em 2013, ganhou maior força durante a pandemia, especialmente após a morte de George Floyd em maio de 2020. Este evento gerou protestos massivos em várias cidades dos EUA e em outros países, chamando atenção para questões de brutalidade policial, racismo sistêmico e desigualdade racial.

Os movimentos antivacina, embora já existissem antes da pandemia, também ganharam destaque durante esse período. Fortemente influenciados por desinformações circuladas nas redes sociais e desconfiança nas instituições, esses grupos questionaram a eficácia e a segurança das vacinas contra a COVID-19. Essa situação desafiou os esforços globais de vacinação.

Perspectivas de grupos marginalizados

A pandemia intensificou desigualdades de gênero. Com o fechamento de escolas e creches, muitas mulheres assumiram uma maior carga de trabalho doméstico e cuidados, o que impactou negativamente sua participação no mercado de trabalho.

De acordo com o levantamento do Datafolha, encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, de 2021, 4,3 milhões de mulheres brasileiras de 16 anos ou mais (6,3%) foram agredidas fisicamente com tapas, socos ou chutes. Isso significa dizer que a cada minuto, 8 mulheres sofreram violência doméstica no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus.

Segundo o IBGE, pretos e pardos representam 57% dos mortos pela doença enquanto brancos são 41% dos mortos. Nos Estados Unidos, dados do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) mostram que as pessoas negras tinham maior probabilidade de contrair COVID-19 e sofrer complicações graves devido ao acesso desigual à saúde.

Os povos indígenas enfrentaram desafios únicos durante a pandemia, incluindo o acesso limitado a serviços de saúde e o risco de perda cultural. Segundo dados da SESAI, mais de 76 mil indígenas tiveram covid entre 2020 e 2024; nesse período, os óbitos somam 965. Estima-se que esses números sejam ainda maiores, por causa da subnotificação dos casos e mortes.

55% da população LGBTQIA+ teve piora na saúde mental na pandemia, diz estudo Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além disso 6 a cada 10 entrevistados tiveram diminuição ou ficaram sem renda por causa da pandemia e 41,5% teve insegurança alimentar.

Veja também: O que são movimentos sociais e 3 movimentos que marcaram a história do Brasil

Desafios e oportunidades para a governança global

A ausência de um sistema de saúde global eficaz e a falta de mecanismos de coordenação entre os países dificultaram a contenção da pandemia. Segundo Maria Van Kerkhove, da OMS, a falta de coordenação inicial agravou o impacto global, especialmente em países com infraestrutura de saúde insuficiente. Especialistas como Dra. Margareth Dalcolmo destacaram que a crise no Brasil evidenciou desigualdades históricas no acesso à saúde.

A pandemia teve um impacto significativo na segurança alimentar global, especialmente em países em desenvolvimento. A interrupção das cadeias de suprimentos, o fechamento de fronteiras e a redução da produção agrícola levaram a um aumento da fome e da insegurança alimentar. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 70 milhões de pessoas no Brasil não tinham alimentos suficientes entre 2020 e 2022.

Contudo, a pandemia incentivou a criação de plataformas colaborativas, como o COVAX, para a distribuição mais equitativa de vacinas entre países. Mostrou a necessidade de fortalecer a Organização Mundial da Saúde (OMS) para uma resposta mais eficiente a futuras pandemias, incluindo financiamento e autoridade regulatória.

Reforçou a urgência de agendas ambientais e de saúde pública dentro das Nações Unidas, impulsionando o compromisso global com o desenvolvimento sustentável. Além disso, soluções como telemedicina, educação online e trabalho remoto foram aceleradas, promovendo a inovação.

Veja também: como funcionam os sistemas de saúde nos Estados Unidos, na Itália e no Brasil

Charge representando duas crianças, e fica a dúvida se estão com fome ou com covid-19
Charge de Gilmar Machado, publicada no livro Brasil em Charges 2021, retratando a fome no contexto da pandemia de COVID-19.

Impactos no mundo pós-COVID 

A edição das Estatísticas de Saúde Mundial, divulgada em 24 de maio de 2024 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revela que a pandemia da COVID-19 reverteu a tendência de aumento constante na expectativa de vida ao nascer e na expectativa de vida saudável ao nascer (HALE, na sigla em inglês), sendo América e o Sudeste Asiático mais atingidos, com a expectativa de vida caindo em aproximadamente 3 anos.

Com um déficit de aprendizagem que pode chegar a uma década no país, um dos primeiros sintomas do pós-pandemia é a evasão escolar, que aumentou em 171% segundo estudo do Todos pela Educação. Como resultado, em setembro de 2022, 2 milhões de crianças e adolescentes estavam fora da escola.

Dois de cada três estudantes do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio da rede estadual relatam sintomas de depressão e ansiedade, de acordo com a Avaliação do Futuro, mapeamento realizado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e o Instituto Ayrton Senna

A tecnologia terá um papel cada vez mais importante na política global, moldando as relações entre os governos, as empresas e os cidadãos.

Confira: Como os hábitos humanos influenciam o surgimento de pandemias?

E aí, você conseguiu entender mais sobre o impacto da pandemia de Covid-19 na política global? Deixe aqui nos comentários suas dúvidas ou sugestões!

Referências

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Conteúdo escrito por:

Maicon Araújo Nunes de Jesus

Jequieense, filho de Maria Lúcia e apaixonado por esportes. Tutor da cadelinha Amora, sigo um estilo de vida vegano e mantenho uma postura anticapitalista. Como estudante de direito, trago a perspectiva de quem vive na periferia e carrega uma identidade étnico-racial forte, almejando uma justiça processual que se cumpra. Influenciado pelo Hardcore, que molda minha escrita e reflexão em prol de um mundo mais digno.
Jesus, Maicon. Quais os impactos da pandemia de COVID-19 na sociedade?. Politize!, 10 de julho, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/pandemia-de-covid-19/.
Acesso em: 11 de jul, 2025.

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