Vamos falar sobre a participação cidadã nas juventudes?

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A participação cidadã é  fundamental para sociedades democráticas, pois implica no protagonismo dos cidadãos na tomada de decisões importantes e no desenvolvimento de políticas públicas. Se tratando de juventudes, esse protagonismo é ainda mais vital, por se tratar de uma geração que está construindo o futuro da nação.

Aliás, você sabe dizer porque se refere a juventudes dessa forma, no plural? É porque a juventude no Brasil é plural e diversa. Neste texto, a Politize! e a co.liga trazem um panorama sobre isso. O texto também explica o conceito de cidadania e contextualiza como o Estatuto da Juventude foi criado para incentivar a participação cidadã deste grupo. Siga com a gente para isso e muito mais.

Veja também nosso vídeo sobre jovens que escreveram a história brasileira!

Como são as juventudes do Brasil?

Quando falamos em juventude, estamos nos referindo a uma geração de indivíduos que compartilham o mesmo momento histórico. De acordo com o Atlas da Juventude, em 2021, o Brasil registrava o maior número de jovens no país já visto na história: cerca de 50 milhões de pessoas entre 15 a 29 anos espalhados pelo país, o que representava um quarto da população brasileira.

Entretanto, apesar de ser um grupo nascido em uma mesma época da história, este ainda é um grupo plural e diverso. Por isso, falamos em juventudes.

Nesse sentido, falamos de juventudes no plural porque as juventudes brasileiras não vivem a mesma realidade social. Este é um grupo diverso em gênero, raça, classe, território, regionalidade, culturas, afinidades políticas, dentre uma série de elementos que irão distinguir os indivíduos com idade entre 15 e 29 anos.

Saiba mais: Diversidade na política: você acha que há pluralidade na representação?

Para entender isso melhor, vejamos alguns dados do IBGE sobre o perfil das juventudes brasileiras:

Segundo dados de 2020, a maioria dos jovens brasileiros são negros e negras (soma de pretos e pardos, de acordo com a classificação do IBGE), sendo:

  • Pardos: 61%;
  • Pretos: 10%;
  • Brancos: 38%;
  • Amarelos: 0,5%;
  • Indígenas: 0,4%;

A maior parte das juventudes brasileiras residem em áreas urbanas, sobretudo nas capitais e nas periferias metropolitanas (IBGE, 2015):

  • 41,2 milhões de jovens residiam em áreas urbanas, sendo 85,3% dessa população;
  • Cerca de 7,1 milhões de jovens residiam em áreas rurais.

Veja quais são as regiões com maior percentual de jovens (IBGE, 2020):

  • Norte: 28%;
  • Nordeste:26%;
  • Centro-Oeste: 24%;
  • Sudeste: 21%;
  • Sul: 21%.

Veja também: Censo 2022 e o envelhecimento da população brasileira

Além disso, cerca de 6,6 milhões de jovens, aproximadamente 15% da população jovem, vivem com alguma deficiência, sendo a deficiência visual a mais comum (IBGE, 2012).

O Atlas da Juventude reuniu estudos de grupos ligados ao movimento LGBTQIA+ e mapeou que da população jovem (2018):

  • 20 milhões consideram-se gays;
  • 12 milhões são lésbicas;
  • 1 milhão são pessoas transexuais e travestis.

Os dados ainda são poucos, pois não existe um levantamento oficial que traga dados consistentes sobre o quantitativo de pessoas que se consideram LGBTQIA+ no país, porém esses números já nos mostram uma estimativa relevante.

Dito isso, como esses jovens podem participar? Para responder essa pergunta, precisamos compreender bem o conceito de cidadania.

O que é cidadania?

Segundo a definição atribuída pelo historiador e cientista político brasileiro, José Murilo de Carvalho, a cidadania é a condição na qual o indivíduo possui três tipos de direito:

  • Direitos civis;
  • Direitos políticos;
  • Direitos sociais.

Leia mais: Direitos humanos: conheça as três gerações!

O sociólogo britânico Thomas Humphrey Marshall, o qual Murilo de Carvalho se baseia, ordena esses direitos em uma ordem lógica, afirmando que: os direitos civis, os mais básicos, possibilitam a conquista dos direitos políticos e, por meio da participação política, há a conquista dos direitos sociais.

No Brasil, entretanto, a história foi um pouco diferente. Apesar de Marshall afirmar que primeiro vem os direitos civis, seguido pelos políticos e, por fim, os sociais, no Brasil ocorreu o contrário. 

O cientista político brasileiro afirma que aqui originou-se uma cultura política de pouca organização civil e de busca por privilégios. Primeiro vieram os direitos sociais, sobretudo na Era Vargas, seguido pelos direitos políticos e, somente por último, os direitos civis, após um longo período de regime militar e início do processo de redemocratização do país. Nesse sentido, se faz necessária a participação ativa da população para garantir a conquista da cidadania plena.

Aqui na Politize! nós já trouxemos 28 formas de exercer cidadania além do voto. Mas, para além delas, como a juventude pode ser cada vez mais cidadã?

Como as juventudes podem participar? 

O engajamento das juventudes é fundamental para a garantia de sua cidadania e seu protagonismo na formulação, execução e avaliação de políticas públicas voltada para este grupo no Brasil.

Neste sentido, o Estatuto da Juventude (2013) define que a participação é garantida dessa forma:

  • Inclusão do jovem nos espaços públicos e comunitários a partir da sua concepção como pessoa ativa, livre, responsável e digna de ocupar uma posição central nos processos políticos e sociais; 
  • Envolvimento ativo dos jovens em ações de políticas públicas que tenham por objetivo o próprio benefício, o de suas comunidades, cidades e regiões e o do país;
  • Participação individual e coletiva do jovem em ações que contemplem a defesa dos direitos da juventude ou de temas afetos aos jovens;
  • Efetiva inclusão dos jovens no processo decisório.

Veja algumas iniciativas que atuam para incentivar a participação cidadã. Uma delas é o Programa de Embaixadores da Politize! que, por meio de formações teóricas e atividades práticas, busca formar lideranças  para se conectarem com a realidade local e construir propostas de soluções para os principais problemas públicos do país, além de realizar projetos de impacto local voltados à educação política.

Além disso, a co.liga é uma escola digital que promove a inclusão produtiva de jovens no mercado da economia criativa através da educação. Mas além de uma escola, a instituição mobiliza e articula juventudes nos mais diversos territórios. Nesse sentido, diferentes organizações sociais, empresas, lideranças comunitárias e coletivos criativos juntam-se à rede co.ligada para transformar realidades de jovens pelo Brasil.

Realidade da juventude brasileira

A juventude brasileira enfrenta inúmeros desafios em seu cotidiano. Alguns exemplos são: ansiedade, inseguranças e incertezas sobre o futuro profissional, subempregos, baixa qualificação, desocupação, dentre outros.

Saiba mais: Juventude durante e pós pandemia: impactos, inseguranças e oportunidades

A pandemia do Covid-19 agravou ainda mais o quadro das juventudes brasileiras. Em um levantamento realizado pela Unesco no qual mais de 16 mil jovens foram entrevistados, 63% dos jovens relataram ter ansiedade e 47% pedem por acompanhamento psicológico na saúde pública. Isso é reflexo da pandemia na saúde mental de jovens, pois 6 em cada 10 entrevistados relataram ter passado por ansiedade no intervalo de 6 meses em 2022, além disso 50% sentem sintomas como cansaço e exaustão como efeitos da pandemia.

Outros efeitos da pandemia foram vistos na educação, pois 55% dos jovens sentem que ficaram para trás quanto à aprendizagem e 11% já pensaram em deixar de estudar. Veja que em 2020, cerca de 28% jovens alegaram interromper os estudos; em 2021, foram 16%; e em 2022, 3%. Porém, o quadro não é tão negativo: 82% dos entrevistados pretendiam continuar seus estudos após a conclusão da etapa que estavam estudando no momento da entrevista.

Além disso, de acordo com o apontamento feito pela co.liga, a taxa de desocupação é maior entre jovens do que entre as demais faixas etárias. Além disso, pelo menos 27% dos jovens estão sem emprego e sem estudo. Aqueles que estão somente sem emprego, somam 55%.

Participação cidadã na juventude

A contribuição de jovens na política implica na construção de um projeto de futuro para o país.

Esse engajamento é fundamental para que haja protagonismo deste grupo em todo o processo que envolve políticas públicas voltadas para jovens. Porém, mais do que apenas um protagonismo, este é um direito reconhecido pelo Estatuto da Juventude, instituído pela Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013.

A construção de jovens na política pode se dar de diversas formas, sendo algumas delas: trabalho voluntário, gestão pública, conselhos de juventude, instâncias de representação estudantil como UNE, UBES, dentre outros. Essas organizações são espaços importantes para o desenvolvimento de habilidades necessárias para a participação cidadã dos jovens na sociedade.

Algo preocupante quando se fala em juventude é o desinteresse desse público por política. De acordo com o Atlas da Juventude, 57% dos jovens dizem não gostar de política ou não se envolverem com este tema, ao passo que 34% não costumam participar, mas se interessam por política e 9% se consideram ativos politicamente.

Esses dados são alarmantes porque a falta de interesse e participação na política afasta esses jovens da cidadania e da tomada de decisões públicas. Nesse sentido, o que pode ser feito para incentivar cada vez mais a participação cidadã das juventudes? Veja algumas formas de garantir isso:

  1. Impulsionar a participação comunitária, como iniciativas de revitalização urbana ou programas de desenvolvimento comunitário;
  2. Promover ações educativas para promoção da participação política;
  3. Estimular o planejamento participativo, garantindo a participação de toda a comunidade e se aproximando mais das necessidades e demandas da população;
  4. Incluir jovens em situação de vulnerabilidade na construção de políticas sociais.

Conheça a iniciativa de inclusão de jovens: co.liga

Como você pôde observar ao ler este artigo, a ansiedade, insegurança e incertezas sobre o futuro profissional são alguns dos grandes desafios de jovens de todo o país. Nesse sentido, com o objetivo de impulsionar a inclusão produtiva de jovens na área da economia criativa, a co.liga foi criada como uma estratégia de mobilização e articulação de jovens de diferentes espaços do Brasil.

A co.liga é uma escola digital gratuita de economia criativa, que oferece cursos de curta duração nas áreas: 

  • Patrimônio;
  • Música;
  • Multimídia;
  • Design;
  • Artes Visuais. 

Além desses temas, também são abordadas temáticas transversais como empreendedorismo, línguas, cidadania e elaboração de projetos culturais. A plataforma também reúne oportunidades de trabalho, editais e concursos com objetivo de conectar os estudantes ao mercado de trabalho.

A iniciativa é fruto da parceria entre a Fundação Roberto Marinho e a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI). A escola possui 38 mil estudantes em todo o país, já certificou 10 mil estudantes e possui 41 laboratórios distribuídos em diversas cidades do Brasil.

Conheça o Estatuto da Juventude

Em agosto de 2023, a Lei 12.852, o Estatuto da Juventude, completou 10 anos, no mesmo mês em que é celebrado o Dia Nacional do Estudante (11/08) e o Dia Internacional da Juventude (12/08). 

Saiba mais: 28 formas de exercer a cidadania além do voto

Um dos objetivos dessa lei foi instituir direitos específicos aos jovens e possibilitar o protagonismo juvenil na formulação de políticas públicas, ou seja, foi a possibilidade de jovens terem a oportunidade de escrever sua própria história e construir seu próprio futuro.

O Estatuto determinou alguns direitos, tais como:

  1. Direito à cidadania, participação social e política e a representação juvenil;
  2. Direito à educação;
  3. Direito à profissionalização, ao trabalho e à renda;
  4. Direito à diversidade e à igualdade;
  5. Direito à saúde;
  6. Direito à cultura;
  7. Direito à comunicação e liberdade de expressão;
  8. Direito ao desporto e lazer;
  9. Direito ao território e mobilidade;
  10. Direito à sustentabilidade e meio ambiente;
  11. Direito à segurança pública e acesso à justiça.

Em agosto de 2023, a co.liga construiu uma campanha para relembrar a importância do Estatuto e comemorar seus 10 anos de criação.

E aí, conhece outras formas das juventudes brasileiras exercerem sua participação cidadã? Conte para gente nos comentários!

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Conteúdo escrito por:
Faço parte da equipe de conteúdo da Politize!. Cientista social pela UFRRJ, pesquisadora na área de Pensamento Social Brasileiro, carioca e apaixonada pelo carnaval.

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28 abr. 2024

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