Setembro de 2018 em 5 pontos: retrospectiva Politize!

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Setembro de 2018 já trouxe, desde seus primeiros dias, notícias a serem destacadas. Está na hora de relembrar os fatos que marcaram o mês que passou nessa retrospectiva do Politize!

Se preferir, você também pode conferir este conteúdo em formato de vídeo:

1. INCÊNDIO NO MUSEU NACIONAL: ACIDENTE OU DESCASO?

Incêndio atinge Museu Nacional do Rio de Janeiro em setembro de 2018 (Foto: Tânia Rego | Agência Brasil).

No dia dois de setembro de 2018, a instituição científica mais antiga do Brasil e um dos maiores museus de história natural do mundo pegou fogo. Tendo recentemente completado 200 anos, o Museu Nacional teve seu interior praticamente destruído em um incêndio. Os bombeiros não conseguiram combater o fogo propriamente devido à falta de água nos hidrantes próximos. A causa do incêndio não foi identificada, mas duas hipóteses foram levantadas: (i) um balão teria caído no teto do edifício; (ii) um curto-circuito teria ocorrido no laboratório audiovisual da instituição.

Sofrendo com os cortes de verbas há anos, o Museu não tinha um sistema de prevenção de incêndio – que seria instalado com uma verba de 21 milhões obtida, em junho, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Museu é subordinado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das instituições que mais vem sofrendo com a falta de investimento do governo. Desde 2014 o Museu não recebe toda a verba anual que deveria ser destinada à sua manutenção (R$ 520 mil). Em 2015, o local chegou a ficar 11 dias fechado por falta de pagamento aos funcionários.

Em entrevista ao Nexo, Moacir dos Anjos – curador da 29ª Bienal de Arte de São Paulo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco –, declarou que os museus são equipamentos educativos. Ele ainda afirmou que o estado de um museu reflete, “como poucas coisas, o estado da sociedade a que ele pertence”. Para Anjos, as condições em que tais instituições se encontram servem como um “termômetro” para medir a importância dada à cultura e aos conhecimentos históricos no Brasil.

Como o incêndio afetou as propostas dos candidatos?

A tragédia no edifício do Museu – que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – também afetou a corrida eleitoral. Antes do acontecimento, apenas dois dos treze presidenciáveis abordaram em seus planos de governo questões sobre a preservação de ambientes como o Museu Nacional – Marina Silva (Rede) e (PT). O descaso para com a cultura no Brasil pode ser observado no fato de que o último presidente a visitar o Museu Nacional foi Juscelino Kubitschek, que governou entre 1956 e 1961.

Após o incêndio, o presidente Temer lançou nota lamentando a perda do acervo e outros nove candidatos à presidência se pronunciaram sobre o ocorrido. O incêndio chamou atenção sobre o pouco – ou, às vezes, nenhum – espaço destinado à cultura nas propostas de governo dos presidenciáveis. Tal questão foi investigada pelo Nexo na matéria Candidatos e museus: antes e depois do incêndio no Rio”.

Quer saber mais sobre essa questão? Aqui vão algumas sugestões de conteúdo:

2. ATAQUE A BOLSONARO: AFETOU A DISPUTA PRESIDENCIAL?

O deputado Jair Bolsonaro durante o adiamento da votação de processo contra Jean Wyllys (Foto: Wilson Dias | Agência Brasil).

No dia seis de setembro de 2018, o candidato à presidência Jair Bolsonaro sofreu um atentado a faca. O autor do ataque, Adélio Bispo de Oliveira, foi preso e confessou o crime à Polícia Federal. Segundo o delegado Rodrigo Morais Fernandes, que comanda a investigação, acredita-se que o agressor tenha agido sozinho e que o crime tenha sido motivado por discordância política. Adélio Bispo de Oliveira também confessou ter pensado em comprar uma arma, porém desistiu da ideia pela dificuldade imposta pela legislação atual e pelo custo de adquirir um armamento.

Apesar de a Polícia Federal afirmar que tal compra teria sido pensada antes do planejamento do ataque a Bolsonaro, a questão ganhou destaque ao considerar que tal candidato é um defensor da legalização do porte de armas.

O ataque afetou a campanha presidencial de Bolsonaro?

Com Jair Bolsonaro internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, sua campanha presidencial sofreu alterações. Os filhos do candidato – Flávio e Eduardo, que concorrem ao Senado pelo Rio de Janeiro e a deputado federal por São Paulo, respectivamente – tomaram a frente das manifestações a favor do pai. Também foi considerada a opção de seu vice, o general Hamilton Mourão, substituir Bolsonaro nos debates. Contudo, o presidenciável pelo PSL vetou a possibilidade e Mourão acatou.

Além das mudanças nas estratégias de campanha, verificou-se também um crescimento de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto. O levantamento do Ibope de 24 de setembro de 2018 apontou que o candidato passou de uma média de 20% das intenções de voto – nos cenários sem – para 28%. Além do atentado sofrido, outro fato marcou o mês que passou: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou o registro de candidatura do ex-presidente Lula, que foi substituído por na corrida presidencial.

Falando em eleições, confira mais conteúdos do Politize!

3. HADDAD: O NOVO CANDIDATO DO PT

Coletiva de imprensa de e sua vice Manuela D`Avila, em São Paulo (Fonte: assessoria de Manuela D’Avila | Wikimedia).

Em 1º de setembro de 2018, o TSE barrou a candidatura do ex-presidente Lula com base na Lei da Ficha Limpa. Assim, foi substituído por Haddad na disputa pela Presidência da República e o PT viu-se com um desafio pela frente: transferir os votos do ex-presidente para o novo candidato, faltando menos de um mês para as eleições. Para atingir tal objetivo, o partido adotou uma estratégia que busca ligar Haddad a figura popular de Lula – fato que fica claro no lema da campanha: “Haddad será Lula”.

Filiado ao PT desde 1983, Haddad já atuou como Ministro da Educação – tendo assumido o Ministério após o afastamento do então ministro Tarso Genro, que deixou o cargo para assumir a presidência do PT em meio ao escândalo do mensalão. Posteriormente, Haddad foi escolhido para concorrer à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2012, das quais saiu vitorioso.

Apesar de precisar lidar com problemas como o pouco tempo de campanha de Haddad e seu enfraquecimento no cenário político brasileiro, o PT ainda conta com um longo tempo de propaganda eleitoral em rádio e TV e apoio recebido nas redes sociais. Entretanto, o principal recurso do novo presidenciável continua sendo o apoio direto de , que redigiu uma mensagem intitulada “Carta ao Povo Brasileiro”, lida no momento de oficialização da candidatura de Haddad e que pede votos ao novo representante do PT.

Essa mudança de candidatos afetou a corrida presidencial?

Estima-se que sim. Muitos eleitores brasileiros votam em pelo que sua figura representa e nem todos esses cidadãos veem o PT da mesma forma que veem o ex-presidente. Isso significa que o partido pode perder força na corrida presidencial, como indica uma pesquisa realizada pelo Datafolha. Divulgado em reportagem do Nexo, o levantamento aponta que, sem , Bolsonaro tende a se fortalecer na disputa pela presidência.

Infográfico retirado de reportagem do Nexo (Fonte: Nexo Jornal).

Quer entender mais sobre o cenário político atual? O Politize! pode ajudar:

4. ASSEMBLEIA GERAL DA ONU: DESPEDIDA E RISADAS

discursa na abertura da 73ª Assembleia Geral da ONU (Foto: Cesar Itiberê | Agência Brasil).

Em setembro de 2018 também aconteceu a 73ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque. O evento, que ocorre anualmente desde 1946, reflete o estado das relações entre os 193 países-membros da Organização. Apesar de não serem realizadas votações no âmbito da Assembleia Geral, ela constitui um momento para cada um dos chefes de governo e de Estado das nações que compõem a ONU se pronunciarem. Seus discursos são tidos como um “termômetro” sobre como cada um desses líderes se posiciona em relação a temas importantes do cenário internacional.

Tendo isso em mente, dois momentos se destacam:

A despedida de

Como é tradição, o Brasil foi o primeiro país a discursar, assim abrindo a Assembleia Geral. A fala realizada em setembro de 2018 foi a terceira e a última a ser feita pelo presidente Michel Temer. Em seu pronunciamento, elogiou o próprio governo, mencionando o fim da crise econômica no Brasil e afirmando que ao final de seu mandato ele entregará a seu sucessor um país melhor do que o que recebeu. O presidente brasileiro também defendeu o papel de organizações como a ONU na possibilitação de negociações e cooperações entre vários países. Além disso, reafirmou a crença nas instituições democráticas brasileiras, aspecto especialmente importante da política nacional em época de eleições.

O discurso de Trump

A fala de Trump reforçou sua política America First, que coloca os interesses nacionais estadunidenses no topo de suas prioridades. Sempre polêmico, o presidente norte-americano questionou a legitimidade de instituições internacionais como o Tribunal Penal Internacional e ainda decretou a “ditadura corrupta do Irã” e os “terroristas islâmicos radicais” como inimigos dos EUA. Posteriormente, elogiou Kim Jong-Un pelo compromisso com a desnuclearização da Coreia do Norte.

Trump também teceu elogios ao próprio governo ao afirmar que “em menos de dois anos, meu governo fez mais do que quase qualquer administração na história do nosso país”. Tal declaração foi seguida por risos e cochichos da plateia, composta pelos representantes dos demais países-membro da ONU. Sobre a resposta recebida, o presidente acrescentou: “É verdade! Não esperava essa reação, mas está tudo bem”.

As risadas recebidas representam um descontentamento internacional para com as políticas dos EUA. Desde que assumiu a presidência, Trump já pressionou a ONU a reduzir em cerca de meio bilhão de dólares o orçamento destinado às Missões de Paz. Essa pressão mostra-se eficaz pelo fato de os Estados Unidos serem o principal financiador da Organização.

Que tal entender mais sobre isso? Confira:

5. O MEGAEXERCÍCIO MILITAR NA RÚSSIA

O presidente russo Vladimir Putin observa o megaexercício militar realizado em setembro de 2018 (Foto: Governo da Rússia).

Continuando a falar sobre o cenário internacional, em setembro de 2018 a Rússia realizou um megaexercício militar. Um exercício militar é uma simulação que busca treinar as Forças Armadas para atuar em alguma operação, fazendo uso de equipamentos e estratégias de guerra. Apesar de esses exercícios acontecerem anualmente, o realizado pela Rússia foi classificado como “mega” por sua escala. Além dos 300 mil militares russos e 36 mil tanques de guerra que participaram da ação, tropas da China e da Mongólia também foram convidadas. Assim formou-se o maior exercício militar russo desde o fim da Guerra Fria.

A participação chinesa foi outro fator que fez a Comunidade Internacional voltar os olhos para o exercício militar. Mesmo com o presidente russo, Vladimir Putin, afirmando que a Rússia é um país “amante da paz”, a OTAN – maior aliança militar do mundo – não viu a ação com bons olhos. Liderada pelos EUA, a OTAN declarou que o exercício “demonstra o foco da Rússia em se preparar para um conflito de larga escala” e aponta o país como a principal ameaça à estabilidade global. Essa desconfiança foi acentuada pela participação da China no treinamento, já que o Estado asiático é o principal concorrente econômico do país liderado por Trump.

Para Eurico de Lima Figueiredo, professor e diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), as manobras realizadas pela Rússia são uma demonstração de força. Ao provar sua capacidade bélica, os russos também expõem o desejo de serem uma liderança na sua região e que têm condições de defender seus interesses nacionais. Entretanto, isso não quer dizer expandir-se em direção ao Leste Europeu – como na época da Guerra Fria. O professor Figueiredo ainda vê o exercício militar como consequência da crise na Crimeia de 2014, quando a Rússia interveio militarmente na região depois que uma crise interna da Ucrânia (país a qual pertencia o local) levou os moradores da Crimeia a realizarem um referendo sobre uma possível separação em relação à Ucrânia e anexação à Rússia.

Como o resultado esmagador decidiu pela anexação, Putin  reconheceu que a região “sempre foi e sempre será da Rússia”. Depois que tropas russas adentraram a Crimeia, a Ucrânia – que considerou o referendo ilegal – apelou à ONU e seus Estados-membro por apoio. Países europeus e os Estados Unidos se opuseram à ação russa e enviaram ajuda econômica à Ucrânia, além de imporem sanções econômicas ao país liderado por Putin. Tais ações foram vistas pelo presidente russo como uma “intromissão” dos países ocidentais em assuntos nacionais da Rússia, o que teria pesado para a realização do megaexercício militar em setembro de 2018.

Ficou meio perdido/a? Confira alguns conteúdos que te ajudam a compreender a questão:

E então? Entendeu o mês que passou? Com certeza setembro de 2018 teve diversos outros acontecimentos relevantes, mas o Politize! selecionou 5 que não podiam passar despercebidos. Você concorda com nossas escolhas? Deixe um comentário!

Aviso: mande um e-mail para contato@politize.com.br se os anúncios do portal estão te atrapalhando na experiência de educação política. 🙂

Referências do texto: confira aqui onde encontramos dados e informações!

BBC – Trump at UN General Assembly: Three key points

G1 – Entenda a crise na Crimeia GGN – Trump na ONU: America First e a rejeição do globalismo, por Tatiana Teixeira

Nexo – A crescente mobilização civil contra Bolsonaro

Nexo – A destruição do Museu Nacional. E a história perdida no Rio

Nexo – A trajetória de Haddad, novo nome do PT à Presidência

Nexo – Assembleia Geral da ONU: 4 pontos para prestar atenção

Nexo – Candidatos e museus: antes e depois do incêndio no Rio

Nexo – Como foi a despedida de na Assembleia Geral da ONU

Nexo – por Haddad: a troca do nome petista a 26 dias da votação

Nexo – Megaexercício militar da Rússia: o que há de prático e simbólico

Nexo – Pós-atentado: o que mudou na campanha de Bolsonaro

R7 – Só 2 de 13 candidatos a presidente citam preservação de museus em planos de governo

UOL – Agressor de Bolsonaro desistiu de arma de fogo por entraves legais, diz PF

UOL – PF conclui que agressor de Bolsonaro agiu sozinho no ataque em Juiz de Fora

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Conteúdo escrito por:
Assessora de conteúdo no Politize! e graduanda de Relações Internacionais pela Universidade Federal de Santa Catarina. Quer ajudar a tornar um tema tido como polêmico e muito complicado em algo do dia a dia, como a política deve ser!

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