Imagem de uma lousa e uma mão com giz desenhando o símbolo da reciclagem e árvores

O que é educação ambiental?

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A crise ambiental que o planeta enfrenta exige ações urgentes. Nesse contexto, a Educação Ambiental (EA) promove uma nova relação entre a humanidade e o meio ambiente. Mais do que transmitir informações, a EA busca formar cidadãos conscientes, críticos e capazes de transformar suas realidades de maneira sustentável.

Quer entender mais sobre a educação ambiental? Continue com a leitura!

O que é educação ambiental?

O conceito de educação ambiental começou a ser definido a partir da Conferência de Belgrado, em 1975, quando foi criada a icônica “Carta de Belgrado“. Este documento é tido como um importante marco histórico na luta em defesa do meio ambiente.

De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei n.º 9.795/1999), a EA deve promover valores, habilidades e atitudes que favoreçam a conservação ambiental, sendo importante para uma qualidade de vida sustentável.

A Conferência de Estocolmo, em 1972, foi um marco que trouxe à tona as primeiras discussões sobre a integração de práticas educativas às políticas ambientais. Desde então, relatórios como “Nosso Futuro Comum” (1987) e as metas da Agenda 2030 da ONU reforçam o papel central da Educação Ambiental na construção de uma sociedade sustentável.

Segundo o art. 1 da Política Nacional de Educação Ambiental, regida pela Lei n.º 9795, de 27 de abril de 1999:

“Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.”

Porto-Gonçalves, em seus estudos sobre ecologia política, enfatiza a necessidade de uma abordagem crítica que relacione questões ambientais a desigualdades socioeconômicas, enquanto Loureiro defende que a EA deve ser fundamentada em princípios éticos de justiça ambiental.

Pedro Jacobi, por sua vez, reforça a importância da interdisciplinaridade e da participação cidadã na construção de políticas públicas e práticas sustentáveis.

O dia nacional da educação ambiental é celebrado em 03 junho e foi instituído em 2012 pela Lei nº 12.633. A data marca os 20 anos da Eco-92, primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

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Princípios fundamentais da Educação Ambiental

A EA transcende o ensino formal, incorporando-se a práticas comunitárias e políticas públicas. Loureiro argumenta que seus princípios devem refletir uma visão ética e interdisciplinar. Esses princípios incluem:

  • Interdisciplinaridade, integrando conhecimentos de diferentes áreas para compreender a complexidade ambiental.
  • Participação comunitária, incentivando o protagonismo local em iniciativas como reciclagem, hortas urbanas e reflorestamento.
  • Ética ambiental, promovendo valores que respeitem a biodiversidade e combatam as desigualdades ambientais.

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A EA busca alcançar diversos objetivos, entre eles: compreender a interdependência entre os seres vivos e os sistemas naturais, reconhecendo a importância da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. Estimulando a adoção de práticas e estilos de vida sustentáveis, reduzindo o impacto ambiental e contribuindo para a conservação dos recursos naturais.

Um exemplo de sucesso na aplicação de Educação Ambiental é o projeto “Educação para a Sustentabilidade” da Universidade de São Paulo, coordenado por Pedro Jacobi. Este projeto implementa práticas de gestão sustentável em campi universitários e promove ações como economia circular e uso racional de recursos.

Outro caso relevante é o trabalho do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que realiza programas educativos em unidades de conservação, alcançando comunidades vulneráveis.

As comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas do Brasil têm se destacado por práticas sustentáveis que podem inspirar outras iniciativas de educação ambiental. Esses grupos desenvolvem modelos baseados em um profundo respeito pela natureza e na transmissão oral de conhecimentos ancestrais.

Exemplos incluem o manejo sustentável de recursos florestais por comunidades amazônicas indígenas e a preservação de ecossistemas costeiros por quilombolas.

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Por que esse assunto importa?

A crescente demanda por recursos naturais e a intensificação do consumo exigem uma mudança de paradigma, e a EA é está voltada para promover essa mobilização social contra esses problemas ambientais como a poluição, a perda de biodiversidade, as mudanças climáticas.

E ajuda na construção de um modelo de desenvolvimento sustentável, que busca conciliar o crescimento econômico com a justiça social e a preservação ambiental, incentivando a conservação da fauna e flora, a proteção de áreas verdes e a preservação dos recursos naturais. além disso, promove a qualidade do ar e da água, a redução da poluição sonora, a prevenção de doenças e a promoção de hábitos saudáveis.

Segundo o Índice de Desempenho Ambiental (EPI), de 2024, desenvolvido pela Universidade de Yale, onde é combinado 58 indicadores em 11 categorias de questões, que vão desde mitigação das mudanças climáticas e poluição do ar até gestão de resíduos, sustentabilidade da pesca e agricultura, desmatamento e proteção da biodiversidade, com pontuação vai de 0 (o pior) a 100 (o melhor) pontos, a Estônia foi o considerado o primeiro país mais sustentavel com pontuação de 75,7.

Enquanto isso, o Brasil está na 47ª posição com pontuação de 53, é a oitava nação na classificação entre países da América Latina e Caribe, estando atrás de países como Suriname, Bahamas, Costa Rica e Venezuela. Em relação as cidades brasileiras, que tem mais de 100.00 habitantes, segundo pesquisa da Bright Cities, Barueri(SP) foi eleita como a cidade mais sustentável em 2024, dentre as 319ª cidades. Em último lugar ficou Breves, localizada no Pará.

Saiba mais: Como combater as mudanças climáticas? Conheça as metas do ODS 13

Ilustração de um homem e uma mulher reciclando lixo e plantando uma árvore. Texto: O que é educação ambiental?
Atitudes sustentáveis são a base da educação ambiental. Imagem: Freepik

O que diz a Legislação?

A legislação brasileira reconhece a importância da Educação Ambiental e estabelece diretrizes para a sua implementação:

Lei nº 9.795/1999: cria a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), definindo seus princípios, objetivos, diretrizes e mecanismos de implementação.

Lei nº 10.172/2001: inclui a temática ambiental na educação básica, tornando a EA obrigatória em todos os níveis de ensino.

Lei nº 12.305/2010: dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, incluindo a Educação Ambiental como um componente fundamental para a gestão adequada dos resíduos.

Além disso, a educação ambiental é um direito humano previsto pela Constituição Federal de 1988, conforme o artigo 225:

“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

A Lei 14.926/2024, que modifica a Política Nacional de Educação Ambiental (Pnea), insere que partir de 2025, as escolas brasileiras devem incluir o estudo sobre mudanças climáticas e proteção da biodiversidade na sua programação.

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Educação Ambiental ao redor do mundo

Segundo a pesquisa publicada pela UNESCO em 2022, revelou que 55% das políticas educacionais e currículos examinados não mencionam as mudanças climáticas e apenas 19% fazem menção à biodiversidade.

Na Finlândia, a EA é integrada desde os primeiros anos de escolaridade. As escolas utilizam projetos práticos, como hortas comunitárias e estudos de campo, para ensinar às crianças a importância da conservação ambiental.

Já no Japão, a educação ambiental é amplamente praticada através de programas escolares de redução de resíduos, como a coleta seletiva e a compostagem, que envolvem não apenas alunos, mas também pais e comunidades locais.

Nos últimos anos, a Suécia foi apontada como um dos países mais sustentáveis ​​do mundo. Um dos motivos pelo qual ela entra na lista da ONU é a importância que dá às energias renováveis.

Dinamarca possui uma das menores taxas de crescimento na emissão do gás CO2. Para chegar a esse ponto, o país investiu em fontes de energia limpas, principalmente na eólica, que atualmente representa cerca de 60% da matriz, e a solar, aproximadamente 10,5%.

Já em Costa Rica, reconhecida por suas políticas ambientais, a EA é fundamental na conscientização sobre biodiversidade e na promoção do ecoturismo, envolvendo comunidades locais diretamente na proteção de recursos naturais.

A Estônia se destaca em sustentabilidade, com iniciativas que combinam tecnologia e ecologia, foi pioneira em governança digital e inovação, e tem como objetivo se tornar o governo digital mais verde do mundo.

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Como implementar a educação ambiental nas escolas?

A EA deve ser integrada às diferentes disciplinas, abordando os problemas socioambientais de forma contextualizada e interdisciplinar, sendo necessário investir na formação continuada de professores para que eles se tornem agentes transformadores da EA, desenvolvendo habilidades para a integração da temática ambiental em suas aulas.

Além disso, deve utilizar metodologias ativas e participativas, como jogos, atividades práticas, projetos de pesquisa, visitas a campo e debates, para promover a aprendizagem significativa e a participação dos alunos e articulado com a comunidade por meio de espaços educativos para a prática da EA, como horta escolar, compostagem, coleta seletiva, jardins verticais e áreas verdes.

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O que ensinar em Educação Ambiental?

Alguns assuntos a serem abordados são as causas, consequências e soluções para as mudanças climáticas, incluindo a mitigação e a adaptação; desmatamento e perda de biodiversidade, tipos de poluição, descarte de resíduos sólidos e soluções, incluindo a coleta seletiva, a reciclagem, a compostagem e a redução do consumo.

Além disso incentivar as práticas de agricultura sustentável, como a agroecologia, a agricultura orgânica, a agricultura familiar e a agricultura de baixo carbono e também a utilização das fontes de energia renovável, como a energia solar, a energia eólica, a energia hidráulica, a energia geotérmica e a bioenergia.

Saiba mais: como fazer uma compostagem

Ilustração de descarte de resíduos de acordo com sua reciclagem. Texto: O que é educação ambiental?
Descarte de resíduos. Imagem: Freepik

Desafios na implementação da EA

Baixo investimento em formação de professores e a resistência a mudanças culturais ainda são obstáculos significativos. A educação ambiental precisa ser ajustada para atender às diferentes realidades socioeconômicas do Brasil.

Em áreas urbanas, onde a população enfrenta problemas como poluição e saneamento precário, a EA pode abordar a gestão de resíduos sólidos e incentivar ações comunitárias de reciclagem. Já em zonas rurais, o foco pode incluir práticas de agricultura sustentável e proteção de recursos hídricos.

Carlos Frederico Loureiro alerta para a necessidade de uma articulação entre educação, políticas públicas e práticas sociais. Ele argumenta que a EA não pode ser encarada como uma solução isolada, mas como parte de uma transição paradigmática que envolve múltiplos setores da sociedade como a indústria, o comércio, o governo e a mídia, para que se torne uma questão central nas políticas públicas e nas ações do dia a dia.

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Exemplos de atividades integradas na sociedade

Promover palestras e debates sobre temas relevantes para a compreensão dos problemas socioambientais, com oficinas práticas sobre temas como compostagem, horta escolar, reciclagem, produção de sabão ecológico e construção de sistemas de captação de água da chuva.

Organizar visitas a áreas verdes, unidades de conservação, estações de tratamento de água e esgoto, cooperativas de reciclagem, fazendas agroecológicas e outros locais que demonstrem a importância da sustentabilidade.

Exibir filmes e documentários sobre temas ambientais, como “Uma Verdade Inconveniente, 2006”, “O Homem que Plantava Árvores” e “A História das Coisas“.

Além de incentivar projetos de pesquisa sobre temas ambientais, como o impacto da poluição do ar na saúde, a biodiversidade da região, a gestão de resíduos sólidos na escola e a eficiência energética.

Entenda mais sobre justiça ambiental

A Educação Ambiental é fundamental para a construção de um futuro sustentável. Ela promove a conscientização, a mudança de comportamentos, a participação cidadã e a busca por soluções para os problemas socioambientais.

É preciso investir na EA, promover a sua integração em todos os níveis de ensino e em todos os setores da sociedade, para que se torne uma ferramenta eficaz para a construção de um mundo mais justo, equitativo e sustentável.

Que tal começar a mudança hoje? Plante uma árvore, economize água, ou envolva-se em projetos ambientais da sua comunidade.

Referências:

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Conteúdo escrito por:

Maicon Araújo Nunes de Jesus

Jequieense, nordestino até no frio, filho de dona Maria Lúcia, pai da Amora, técnico de Informática em constante aprendizado, instalador de sistemas fotovoltaicos, apaixonado por esportes, vegano, antifascista, anticapitalista e defensor dos direitos humanos. Formação humana moldada pelo Heavy Metal e Hardcore. Gosto de ler e escrever quando dá tempo.
Jesus, Maicon. O que é educação ambiental?. Politize!, 24 de dezembro, 2024
Disponível em: https://www.politize.com.br/educacao-ambiental/.
Acesso em: 17 de jan, 2025.

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